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Para este CEO, despreparo para novas tecnologias pode afetar sua carreira

Amin Toufani, CEO da T-Labs, diz que a inteligência artificial e a renda básica universal tornariam a economia mais criativa, colaborativa e humana

Por Alexa Meirelles
Atualizado em 15 dez 2020, 10h34 - Publicado em 27 Maio 2019, 06h00

O canadense Amin Toufani parece ter saído de uma máquina do tempo para quem o escuta falar de tecnologia, economia e mercado de trabalho.

CEO da T-Labs, empresa de inteligência artificial e blockchain com sede na Califórnia, e professor de finanças na Singularity University, uma das mais respeitadas do Vale do Silício, ele é enfático sobre o futuro: até 2030, as mudanças no mundo profissional serão rápidas e não estamos preparados para enfrentá-las.

Em visita ao Brasil para participar do Experience Club, em São Paulo, o executivo, que é formado em inteligência artificial pela University of British Columbia, no Canadá, com especialização em política econômica pela Universidade Harvard, conversou com VOCÊ  RH sobre os desafios da liderança frente à disrupção.

Para ele, quem não souber se adaptar será engolido pelo tsunami tecnológico.

Quais são os maiores desafios de ser um CEO no mundo de hoje?

O que costumava funcionar não funciona mais. Isso requer constante reinvenção e aprendizado. E não somos educados a desaprender. Outro desafio é encontrar membros da equipe que sejam adaptáveis.

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Não temos ideia do que vamos fazer daqui a dois anos, quanto mais daqui a cinco ou dez. A única coisa que sabemos é que os profissionais precisarão se adaptar. Hoje, três coisas predizem a felicidade no trabalho: autonomia, domínio e propósito.

A questão é que 73% das pessoas afirmam que autonomia significa trabalhar sozinho. Todo mundo comenta sobre colaboração, certo? Só que os indivíduos estão dizendo que querem trabalhar sozinhos. Esse é um problema e ninguém está falando dele.

De que maneira essas questões mudarão o  jeito como os chefes terão de lidar com os funcionários?

O papel do líder como aquele que diz para onde todos devem ir está quase desaparecendo. Um desafio muito difícil é desistir do controle — exatamente o que os CEOs não querem fazer.

Mas, se você não abrir mão disso, nunca conseguirá o melhor nível de adaptabilidade de sua equipe. A liderança deve criar um ambiente seguro para as pessoas desaprenderem e se comportarem de forma adaptável.

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E como você se relaciona com seus funcionários?

Eu vejo membros da minha equipe como colegas, não como subordinados. E isso significa que tenho um voto, não um veto. Eu posso ser demitido. Não de minha empresa, mas de um projeto dentro da companhia. E esse é o nível de empoderamento que acho necessário para trazer o melhor das pessoas.

Queremos capacitá-las, queremos que tenham autonomia e domínio, e isso significa ajudá-las constantemente no autodesenvolvimento e na busca de um propósito. Penso que, se você fortalecer sua equipe, poderá capturar mais oportunidades. O maior risco hoje é não pensar grande o suficiente.

Eu quero que os profissionais estejam atentos às mudanças. Mas também quero que percebam que vivemos no período mais incrível da história humana e que eles podem criar e exceder as próprias expectativas.

Quais setores mais sofrerão para se adaptar a essas mudanças tecnológicas?

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Ninguém vai ficar imune. A próxima década será lembrada por supremacias da biotecnologia, da energia, da blockchain e da inteligência artificial. Quando você pensa em todas essas tecnologias e em suas convergências, não há uma única indústria que não será afetada de maneira direta, radical e imediata. É por isso que a hora de planejar é agora.

Quer dizer que todos os profissionais serão substituídos?

Nenhum trabalho está a salvo. Por isso, precisamos pensar em duas questões. Uma delas é: existe vida depois do trabalho? Sabe como os romanos antigos responderiam a essa pergunta muito confortavelmente? “Sim, existe.”

Afinal, eles quase não trabalhavam porque tinham escravos. Talvez a inteligência artificial seja o equivalente aos nossos escravos e ela fará o trabalho. A outra pergunta é: precisamos de trabalho para definir o significado em nossa vida? Eu acredito que não.

Uma nova economia vai emergir, na qual trabalharemos para o propósito, não para a compensação. Talvez seja um mundo em que as pessoas se ajudem muito mais e promovam o senso de comunidade, família e humanidade.

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Para chegar lá, precisamos de sistemas de apoio social. E é por isso que minha equipe e eu acreditamos que até 2030 todos os países do planeta terão um debate público sobre renda básica universal.

O que isso significa?

É o conceito de dar dinheiro a todos na sociedade para cobrir suas despesas básicas. Há mais de 30 estudos que analisam o impacto que isso teria em uma comunidade. O equívoco é pensar que a sociedade se tornaria mais preguiçosa. Na verdade, em quase todos os estudos, o empreendedorismo dispararia.

Uma vez que as pessoas não estariam preocupadas com suas necessidades básicas, poderiam ir além e usar o tempo para fazer coisas criativas e surpreendentes.

Como os profissionais mais velhos ficam em meio a tantas transformações?

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Não acredito que empresas e governos estejam preparados para o tsunami que se aproxima. Eu e minha mulher chamamos a próxima década em nosso livro [Exonomics, que será lançado em julho nos Estados Unidos] de “a grande bifurcação”.

A mudança tecnológica vai dividir sociedades humanas, empresas e grupos de indivíduos em duas comunidades: a dos que estão se beneficiando de tecnologias exponenciais e a dos que não estão. É injusto que esse movimento aconteça baseado em idade ou habilidades.

E a verdade é que precisaremos de melhores sistemas de apoio social. Nos Estados Unidos, promovemos bem o empreendedorismo. Já na Europa a rede de segurança social é muito forte.

Mas ainda não encontramos um governo que faça as duas coisas ao mesmo tempo. Defendemos que isso poderia evitar essa “grande bifurcação”.

Nesse contexto, a graduação será dispensável?

A educação vai mudar drasticamente. Nosso sistema de ensino ainda está à imagem da Revolução Industrial. Despeja muita informação nas pessoas e não promove adaptabilidade. O conceito de graduação é engraçado. “Eu me formei e pronto.”

Acho que, em vez disso, teremos uma educação contínua, em que você nunca para. Vamos ver o começo disso com as massas que voltarão ao sistema educacional pedindo para ser retreinadas porque foram tecnologicamente deslocadas e expostas a um desemprego tecnológico.

O que funciona hoje não é necessariamente o que vai ajudá-lo daqui a dez anos. O sucesso passado não pode atrapalhar o sucesso futuro.

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