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Por que o mercado valoriza as novas movimentações profissionais?

Engenheiros que vão para vendas, médicos que viram gestores, administradores no setor de educação - entenda por que isso acontece

Por Marcia Kedouk
Atualizado em 5 dez 2020, 20h58 - Publicado em 28 nov 2017, 16h00
Danielle Brants, da Guten: formada em administração, fez carreira no mercado financeiro e hoje tem uma startup na área de educação  (Omar Paixão/VOCÊ S/A)
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A paulistana Danielle Brants, de 32 anos, é formada em administração, mas fez carreira no mercado financeiro. Começou como analista de investimento no banco Morgan Stanley e chegou ao cargo de diretora associada de fusões e aquisições para a América Latina da General Electric (GE).

Hoje, é CEO da própria empresa, na área de educação e tecnologia, a Guten, uma plataforma de notícias que estimula a leitura e a compreensão de textos entre alunos do 4° ao 9° ano do Ensino Fundamental. Para Danielle, vocação é mais importante do que diploma de graduação. “Mas não basta seguir os instintos. É preciso estudar muito, mesmo que por conta própria, para entender as novas funções”, afirma.

Movimentações profissionais como a dela têm sido mais comuns. Engenheiros migram para vendas, economistas vão para recursos humanos, médicos assumem a administração do hospital. “É uma tendência haver um descolamento entre a formação acadêmica e as atividades em que a pessoa se desenvolve depois de graduada”, diz Rafael Souto, sócio fundador e presidente da consultoria Produtive.

O motivo mais evidente é que a escolha da profissão acontece muito cedo, por volta de 17 anos, e pode mudar tempos depois. “Atualmente, as companhias absorvem essa transição com facilidade, salvo em áreas muito técnicas, que exigem conhecimento específico e habilitação no conselho que regulamenta a atividade”, afirma Souto. “Há cada vez menos planos de carreira estáticos. O que existe são estruturas e cargos em que os funcionários navegam conforme as oportunidades aparecem.”

O que tem impulsionado essas novas experiências não é apenas uma vontade interna. Existe, agora, uma necessidade de mercado. “Vivemos um momento em que os profissionais começam a ter de se diferenciar pelo repertório que trazem”, diz José Augusto Figueiredo, engenheiro que há 18 anos decidiu se graduar em psicologia e atualmente é presidente para o Brasil e vice-presidente executivo para a América Latina da consultoria de recolocação profissional Lee Hecht Harrison (LHH). “Você será melhor se absorver o conhecimento de outra área que pode influenciar no seu jeito de ver a vida e lidar com as pessoas”, afirma José Augusto.

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Segundo ele, as competências mais importantes não estão ligadas ao conhecimento técnico, mas, sim, a habilidades comportamentais, como a capacidade de construir relações, trabalhar em equipe e lidar com conflitos e pressão. “O mercado financeiro me ensinou a ser resiliente e a ter disciplina e capacidade analítica, que fazem uma diferença enorme na minha atuação hoje”, diz Danielle, da Guten.

O perfil T

Não significa que o domínio da atividade não seja valorizado. “As companhias exigem profissionais hiperespecializados, com foco bem determinado e solidez nas atividades que fazem, mas capazes de desenvolver uma visão global”, diz Rafael Souto, da Produtive, definindo o que ele chama de profissional T. “Imagine a letra T. A linha vertical é a área de atuação em que você é bom. A horizontal é o seu desenvolvimento holístico, seu entendimento do todo, que funciona como um complemento.”

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TRÊS PASSOS PARA A MUDANÇA

As oportunidades estão aí. Saiba como aproveitá-las.

1. Autoconhecimento. Antes de buscar ou aceitar uma transição, dentro ou fora da sua área de atuação, é importante saber se a sua vontade de mudar tem a ver com seus objetivos de vida ou é apenas frustração com o atual emprego.

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Às vezes, as pessoas estão apenas em busca de se livrar de um culpado – o chefe, a empresa – e encontram os mesmos problemas na nova atuação. “A fuga de uma situação incômoda e não muito bem compreendida pode levar a uma armadilha”, diz José Augusto Figueiredo, da LHH. “Se você não se conhece o suficiente, vai correr um risco enorme em qualquer posição para onde vá.”

2. Disposição para aprender. É preciso estar à vontade com a ideia de voltar várias casas no jogo. “São no mínimo dois anos para consolidar uma carreira em uma nova posição para então começar a ter crescimento e ser reconhecido”, afirma Rafael Souto, da Produtive.

3. Momento de vida. Antes dos 30 anos, é bem-vindo testar várias possibilidades. Depois, vale estudar a movimentação com mais critério, porque múltiplas experiências têm impactos maiores na vida profissional e pessoal.

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O economista Pedro Ivo Rodrigues de Campos, de 28 anos, consultor de novos negócios da operadora de planos de saúde Notre Dame- Intermédica, trabalhou no departamento de marketing do Corinthians logo depois de se formar.

Ele tinha 22 anos na época e achava que se desenvolveria no ramo de esportes. “Aquele era o meu momento de experimentar”, diz. Três anos e meio depois, voltou para o mercado financeiro e acabou desenvolvendo outro olhar para suas tarefas diárias. “Percebi que existem dezenas de possibilidades dentro de uma mesma área que demandam habilidades diferentes. E a que estou hoje me traz muita satisfação”, afirma. “Agora, eu dificilmente assumiria o risco de migrar para outro setor, porque tenho mais responsabilidades, como o casamento, a quitação do apartamento. Chega um momento em que, para fazer uma movimentação de carreira, você precisa levar em conta bem mais do que o simples desejo de mudar.”

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