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O que muda na sua vida se as empresas investirem em igualdade

Se as empresas adotassem estratégias para estimular a igualdade de gênero, todos os funcionários ganhariam mais e teriam mais chance de promoção

Por Camila Pati
Atualizado em 21 out 2024, 19h51 - Publicado em 8 mar 2018, 08h20
Igualdade de gênero no trabalho: pesquisa mostra o que funciona de verdade (Rawpixel.com/Você S/A)
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São Paulo – A desigualdade de gênero no trabalho prejudica não só mulheres. Os homens também saem perdendo na carreira quando trabalham para empresas que não têm cultura de promoção da igualdade de gênero.

O estudo global “Getting to Equal 2018” feito pela Accenture, obtido com exclusividade pelo site EXAME neste Dia Internacional da Mulher, identificou 40 aspectos de cultura de empresas que ajudam o desenvolvimento feminino e mostrou que as vantagens são sentidas por todos os funcionários e não só pelas mulheres, como muita gente poderia supor.

Os funcionários homens das empresas brasileiras que praticam aos menos 14 valores mais críticos – entre os 40 aspectos mapeados para a igualdade – têm 35% mais chance de chegar a cargos de gerência e mais do que o dobro de probabilidade de alcançar cargos de diretoria para cima.

Já para as mulheres há 46% mais oportunidades de evolução para cadeiras de gerência ou acima.  “Essa pesquisa pode abrir os olhos das lideranças para os ganhos que podem existir para as organizações”, diz Beatriz Sairafi, diretora de Recursos Humanos da Accenture.

As multinacionais presentes no Brasil estão mais avançadas no tema do que as empresas nacionais, embora o mercado seja variado. “Nas multinacionais, há, muitas vezes, o apoio da matriz o que puxa a agenda. Nas empresas nacionais, ainda não vejo a igualdade de gênero sendo encarada como prioridade”, diz.

Em empresas no Brasil que têm ações concretas de combate à desigualdade de gênero, a equipe da Accenture percebeu índice de satisfação profissional de até 95% e revelou que quase todos os funcionários (98%) desejam ser promovidos, sendo que 99% querem posição de liderança.

A executiva chama a atenção para o tamanho da amostra obtida pelo estudo. “É uma massa grande, foram mais de 22 mil profissionais de 34 países. E do Brasil foram 700 entrevistados o que não é um número nem um pouco desprezível”, diz.

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Se todas as empresas investissem na igualdade de gênero no ambiente de trabalho praticando os 14 aspectos mais importantes que a Accenture identificou, haveria 81 gerentes mulheres para cada 100 gerentes homens. Hoje são 66 mulheres para cada 100 homens na gerência.

“Os salários das mulheres poderiam aumentar 76%. A diferença salarial entre homens e mulheres que hoje é de 30% cairia para 16%”, diz Beatriz. A pesquisa mostra que as mulheres poderiam ganhar US$ 84 para cada US$ 100 pagos aos homens.

Mas afinal o que realmente funciona para promover a igualdade? 

 Os 14 fatores que são mais efetivos para promover a mudança foram divididos em três blocos: liderança ousada, ações abrangentes e ambiente empoderador.

É a combinação de ações propositivas nestas três áreas que realmente tem poder de forjar uma nova cultura organizacional propensa à igualdade entre todos os seus funcionários.

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Liderança Ousada:

  1. Diversidade de gênero é uma prioridade para liderança.
  2. A empresa compartilha externamente sua meta em relação à diversidade.
  3. A empresa comunica claramente suas metas para diminuir a diferença.

A igualdade de gênero, segundo o estudo, precisa ser encarada como prioridade estratégica para que exista impacto real. “A mudança de cultura tem que começar de cima pra baixo nas organizações”, diz a diretora de RH da Accenture.

A questão de firmar um compromisso público de combate à desigualdade de gênero é um aspecto fundamental identificado pelo estudo.

Ações abrangentes:

4. Progresso acontece por meio da atração, retenção e promoção de mulheres.

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5. A empresa tem uma rede de mulheres.

6. A empresa tem uma rede de mulheres que é aberta também aos homens.

7. Homens são encorajados a tirar licença paternidade.

A pesquisa mostra que implementar exclusivamente a licença maternidade é contraproducente para o avanço das mulheres na carreira.

De acordo com o estudo, o impacto negativo na progressão de carreira das mulheres é eliminado completamente quando a empresa também promove licença para os homens que acabam de ter filhos.

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 “Políticas de licença paternidade promovem mais equidade porque deixam as coisas mais equilibradas”, diz ela.

Estimular a criação de grupos de networking para as mulheres abertos a receber a contribuição de homens também é outro dado interessante da pesquisa.

A Accenture indica que um ambiente propício a trocas de informações e experiências entre todos é essencial no processo de fomento ao crescimento das mulheres nas empresas. Mas, metade das mulheres ouvidas não tem esse tipo de rede de apoio.

Nas empresas que estimulam a formação de grupos, 16% das funcionárias participam quando são exclusivos a mulheres e 35%, quando as redes incluem também homens.

Ambiente empoderador

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 8. Os funcionários nunca foram estimulados a mudar de aparência para se encaixar na cultura da organização.

9.Empregados têm liberdade para criar e inovar.

10.Trabalho remoto é uma alternativa permitida e prática comum.

11. A empresa oferece treinamento para manter a relevância das habilidades de seus funcionários

12. Funcionários podem evitar viagens de longa distância fazendo uso de ferramentas para teleconferência.

13. Funcionários podem trabalhar de casa quando têm um compromisso pessoal.

14. Os funcionários se sentem à vontade para reportar casos de assédio sexual e discriminação à empresa.

“Para a agenda de equidade, só um ambiente empoderador não é o suficiente”, diz Beatriz. De acordo com ela, o fomento ao avanço da mulher, nesse caso, é uma das consequências. “Em lugares inovadores, criativos e em que as pessoas podem ser autênticas há menos preconceito”, afirma.

 

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