Saiba o que faz um vitrinista
Estes profissionais estudam moda, design e comportamento de consumo para expor mercadorias de maneira atraente e criativa, gerando uma conexão entre a marca e os clientes.

À primeira vista, pode parecer que montar uma vitrine significa escolher meia dúzia de roupas e vestir manequins. Mas preste atenção: as vitrines têm cores predominantes, que ornam com os produtos em exposição. Têm prateleiras e iluminação que evidenciam determinado objeto. Móveis e decorações que constroem um cenário. São projetos que consideram tendências e princípios do design para vencer concorrentes, fisgar o seu olhar e convencê-lo a entrar na loja.
Não é tarefa simples. Daí a existência de especialistas no assunto: os vitrinistas. “Os números de vendas estão nas mãos desses profissionais”, afirma João Nel, stylist que aparece na foto acima e começou a carreira montando vitrines, mas também cuidando da disposição de mercadorias nas lojas como um todo.
O vitrinista precisa conhecer muito bem os produtos do comércio onde trabalha e fazer uma boa gestão de estoque – ou seja, saber quais são as mercadorias principais da coleção ou que precisam ser mais vendidas para destacá-las na vitrine. Para isso, ele pensa na disposição dos produtos (sejam roupas, calçados, móveis…) e em como relacioná-los com outros elementos estéticos (luz, cenários, acessórios…).
Esse profissional também deve conhecer seu público-alvo e a marca para quem trabalha. “Se eu quero chamar a atenção de mulheres sofisticadas, por exemplo, eu posso colocar peças de alfaiataria nos manequins, criar sobreposições ou usar tons terrosos na vitrine”, explica João, que também é docente do curso para formação de vitrinistas no Senac.
Os vitrinistas estão atentos às tendências de moda, design e comportamento de consumo. Mas também aos filmes, livros e artistas que estão em alta. Assim, podem aproveitar esses assuntos para construir vitrines temáticas – como algumas lojas fizeram na época de Barbie (2023). Tudo para transmitir determinada mensagem e gerar uma conexão entre a marca e o cliente.
As vendas online valorizaram a profissão
Comprar em lojas online nunca foi tão comum, e isso contribui para a valorização dos vitrinistas. É o que defendem especialistas do Infojobs, como Patrícia Suzuki, diretora de recursos humanos na companhia. “Muitas marcas estão investindo na experiência [do cliente] em lojas físicas para se destacarem da concorrência online.”
Entre janeiro e agosto de 2024, a plataforma registrou um aumento de 117% no número de vagas disponíveis para esses profissionais em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Como aproveitar a alta procura? Geralmente, uma formação superior não é requisito obrigatório para atuar como vitrinista, mas especializações fazem a diferença na hora de conseguir um contrato. Construir um portfólio sólido, divulgar o próprio trabalho nas redes sociais e investir em networking também são atitudes fundamentais, especialmente para autônomos.
O maior diferencial de um bom vitrinista, no entanto, é sua criatividade. “E, muitas vezes, ela não está associada ao orçamento disponível”, afirma João. “Você pode ter uma vitrine simples, mas com poder convidativo muito grande.”
A REAL DO TRABALHO
ATIVIDADES-CHAVE
Desenhar um projeto de vitrine considerando as dimensões do espaço, as mercadorias da coleção à venda e o público-alvo. Adquirir os itens necessários para construir o cenário e montá-lo.
QUEM CONTRATA
Principalmente empresas do setor de moda.
O QUE FAZER PARA ATUAR NA ÁREA
Uma especialização em moda ou design de interiores. Se for específica para a formação de vitrinista, melhor ainda.
MÉDIA SALARIAL
A remuneração média para vitrinistas é de R$ 2,4 mil. João Nel, docente do Senac, afirma que profissionais autônomos tendem a ganhar mais que seus pares.
Este texto é parte da edição 97 (abril e maio) da Você RH. Clique aqui e confira outros conteúdos da revista impressa.