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Psicóloga e professora de educação executiva da FGV, especialista em saúde mental corporativa e dependências tecnológicas
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2020: o ano que colocou a saúde mental à prova

O ciclo que está terminando traz aprendizados e legados para 2021. Veja cinco capacidades humanas que devemos desenvolver para o ano que chega

Por Edwiges Parra, colunista de VOCÊ RH
16 dez 2020, 13h26

Caro leitor e cara leitora, primeiramente gostaria de parabenizar você por chegar até aqui neste ano tão atípico e desafiador de nossas vidas.

Tenho certeza que, nessa batalha, você tem feito o seu melhor e só por isso merece um grande abraço de agradecimento.

Começo a minha coluna citando a frase do filósofo e matemático francês Nicolas de Condorcet, em sua famosa obra, Esboço de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano, escrita em 1795, que diz o seguinte: “Nossas esperanças quanto aos destinos da espécie humana podem se reduzir a estas três questões: a destruição da desigualdade entre as nações; os progressos da igualdade de um mesmo povo; e por fim, o aperfeiçoamento real do homem”.

Já naquela época se discutia mudanças importantes e necessárias não somente sobre aspectos políticos, sociais como as de ordem da natureza, aí incluída a humana.

Nossa jornada de autoconhecimento foi impulsionada pela pandemia. Motivados por uma necessidade de sobrevivência, tivemos que usar mecanismos de adaptabilidade para manejar, vencer e ultrapassar os obstáculos que a crise trouxe para cada um de nós.

Enfrentar esse período não é fácil. Tanto teremos que lidar com prejuízos à saúde mental. Nos próximos anos, colheremos seus efeitos oriundos de um grande acervo de artigos científicos que já começaram a ser produzidos em fevereiro de 2020. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre maio e julho deste ano que ouviu 1.996 pessoas maiores de 18 anos de idade, revela que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa na pandemia do novo coronavírus.

Tudo isso, trouxe profundas reflexões individuais, coletivas e, também, organizacionais nas empresas brasileiras.  Vieram à tona, por exemplo, a necessidade de rever os padrões atuais de comportamento como o egoísmo, o egocentrismo, o trabalho só pela sobrevivência, a sensação de ser escravo do tempo e do trabalho e os negócios voltados apenas para o lucro.  

Capacidades humanas

O contexto atual exigiu o reencontro de nossas humanidades por meio dos comportamentos ou capacidades como coletividade, senso de comunidade, empatia, auto cuidado, habilidade social, coragem, objetividade, compaixão.

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Isso fez com que tivéssemos que levar mais em conta os aspectos emocionais e psicológicos que, antes da pandemia, podiam ser um tanto obscuros, entendidos como subjetivos. A crise, no entanto, aumentou a percepção sobre esses aspectos, que vivenciamos fortemente em nossa experiência de confinamento e distanciamento social.

Para exercer as capacidades humanas com plenitude é necessário ter uma boa saúde física e mental que possa apoiar e dar combustível para expressar um comportamento que seja funcional e positivo. Isso porque as capacidades humanas são os atributos demonstrados independentemente do contexto. Elas têm valor e aplicabilidade em diferentes resultados, setores e domínios e não se tornam obsoletas.

Em 2021, acredito que teremos que cultivar as capacidades humanas abaixo:

  1. Curiosidade: aprender por meio de perguntas e exploração
  2. Imaginação: ver um potencial que nunca foi visto antes
  3. Criatividade: inovar em novas abordagens; usando recursos de maneiras inesperadas
  4. Empatia: compreender e considerar os sentimentos, experiências, necessidades e aspirações dos outros. Importante notar que não é preciso ter passado pela situação do outro e nem ser empático por conveniência – a isso chamamos de afinidade/simpatia.
  5. Coragem: agir apesar da incerteza ou da oposição. Essa capacidade foi enormemente desafiada e exercida em 2020 e precisaremos dela mais do que nunca em 2021.

O interessante é que essas capacidades humanas, além de duradouras também são:

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  • Inatas: todos têm essas capacidades, pois conseguimos observá-las em crianças pequenas, sem treinamento especial. Como músculos, as capacidades podem ser subdesenvolvidas e atrofiar por falta de uso.
  • Improváveis: capacidades não conduzem ao treinamento. As pessoas começarão em diferentes níveis de força ou atrofia, mas como acontece com os músculos, as capacidades podem ser fortalecidas e desenvolvidas por meio de exercícios.
  • Interconectadas: elas trabalham juntas, construindo e equilibrando umas às outras. Por isso, devem ser cultivadas juntas.

Empresas como facilitadoras

As companhias precisarão desse interior humano fortalecidos em sua cultura organizacional, uma vez que as adversidades e mudanças exigirão maior rapidez, agilidade emocional e adaptabilidade para obter melhor enfrentamentos e bons resultados para os negócios sem comprometer a saúde mental de seus funcionários.

O papel das empresas é o de facilitador na promoção do bem-estar mental a partir do cultivo dessas capacidades, mas não é o único responsável por esta condição.

Mas cada um de nós deve assumir esse accountabilitiy pessoal como sua responsabilidade de forma autoconsciente. Afinal, quem habita o seu corpo e vive a sua vida 24 horas por dia é você.

As organizações precisam cuidar para não transformar o tema da saúde mental em modismo ou em mais um recurso para trabalhar interesses voltados exclusivamente à promoção da imagem para alavancar prêmios institucionais.

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A condição de uma boa saúde mental deve ser levada a sério: estamos falando de vidas. Posso dizer que, pelo número de atendimentos e palestras que exerci neste ano, há muitos sofrimentos psíquicos, inclusive, nas famílias.

A segurança psicológica é um tema importante e, para que ela tenha eficácia e seja sustentável, é preciso investir em profissionais com formação, competência, experiência, especialidade e gestão no assunto.

Desejo a você uma vida longa, saudável e feliz! Obrigada 2020 e Salve 2021!

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Foto de Edwiges Parra
(Divulgação/VOCÊ S/A)

 

 

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