Larissa Santana

Fundadora da escola de comunicação CALOR e pesquisadora do Grupo de Estudos em Comunicação e Criatividade nas Organizações da FGV.

Carreira

O segredo para uma promoção em 2025: caprichar na comunicação

CEOs gastam 70% do tempo conversando com stakeholders, de dentro e de fora da companhia. A habilidade é essencial para subir na carreira.

Por Larissa Santana, colunista da VOCÊ RH
11 dez 2024, 17h49

Imagem de pessoas feitas artesanalmente de papel conversando.

Todo mundo adora compartilhar que foi promovido. Especialmente no LinkedIn. Então eis que a rede social entendeu que estava aí uma ótima oportunidade de medir que habilidades nos levam a maiores chances de promoção. E colocou seus analistas para mergulhar nos números.

O resultado foi fascinante: entre janeiro de 2020 e dezembro de 2023, quem conquistou promoção mais rapidamente foram as pessoas que tinham acrescentado a seu perfil do LinkedIn as chamadas soft skills. Em média, esses usuários conquistaram uma nova posição, hierarquicamente superior, 8% mais rápido do que quem só tinha hard skills no perfil.

Agora, quem destacou Comunicação como habilidade se deu ainda melhor: promoção 11% mais rápida do que quem só listava hard skills.

A complexidade das organizações está por trás da necessidade de boa comunicação. Crescimento acelerado, fusões e aquisições, mudanças ágeis e profundas, tudo isso tem exigido que os profissionais saibam navegar em ambientes turbulentos e desorganizados. Mais que isso, na verdade: dar sentido e rumo em meio ao caos.

Tudo se resolve com conversas eficientes

CEOs gastam, em média, 70% de seu tempo conversando com stakeholders, de dentro e de fora da companhia. O resto do tempo passam preparando essas conversas, ou se deslocando para elas, segundo um estudo de pesquisadores da London School of Economics, Columbia, Oxford e Harvard. Outro estudo, liderado por Raffaella Sadun, de Harvard, olhou para 5 mil descrições de vagas criadas pela consultoria Russell Reynolds e seus clientes, entre 2000 e 2017, para cargos C-Level. E revelou que as companhias passaram a dar menos importância para hard skills – como gestão financeira e operacional – e mais para habilidades sociais. Entre elas, autoconhecimento, capacidade de ouvir e se comunicar, facilidade para trabalhar com tipos diferentes de pessoas e grupos, habilidade para inferir como outros estão se sentindo e pensando. Essa mudança apareceu principalmente para vagas de CEOs, mas também de CFOs, CHROs, CMOs, CIOs.

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Ferramenta-chave para colaboração

Raffaella Sadun e os colegas pesquisadores apontam ainda outro fator causador da busca por bons comunicadores: o aumento da automação nas organizações. E é aí que a comunicação se transforma em uma ferramenta potente de competitividade. Afinal, se todos em uma indústria tiverem as mesmas tecnologias, vai se destacar quem tiver times capazes de trabalhar juntos para aproveitar, com a maior eficiência, os benefícios da automação.

E a chegada da IA está complicando ainda mais o cenário. Como integrar áreas diferentes da organização para desenhar as melhores ferramentas? Como entender o impacto delas nos stakeholders? Como comunicar com transparência os resultados e ajustes? A resposta está sempre nos processos de comunicação.

Portanto, esteja você olhando para a própria carreira ou para o desenvolvimento de times, transforme 2025 no ano da comunicação. E uma boa notícia: não precisa ser necessariamente com cursos ou programas de desenvolvimento. A comunicação assertiva depende, em sua base, da nossa vontade de entender os outros e o valor que entregamos para eles. Comece se perguntando: “Estou/ estamos mesmo compreendendo o que todos os envolvidos pensam/ sentem/ querem neste processo?”. Seja generoso ao procurar as respostas. E transforme esse primeiro passo em uma jornada de transformação e aceleração.