Ao entrar no hotel, você é recebido por um robô chamado Rebeca Berrini. Ela diz “bom-dia”, deseja boas-vindas e o acompanha até a recepção. Parece o Japão, mas não é.
Produzida na China e programada no Brasil, a androide trabalha há quatro meses como recepcionista na capital paulista. Com sensores de movimentação (para detectar obstáculos como paredes), câmera 3D (para reconhecimento facial), sistema de audição (para transformar escuta em linguagem) e autofalantes (para conversar), Rebeca é responsável por acolher os hóspedes do Ramada Encore Hotel.
Segundo Fernanda Schaper, gerente-geral do lugar, a máquina atua em conjunto com os 38 funcionários. “Não queremos que substitua ninguém. Sua função é encantar os clientes, algo superimportante na hotelaria.”
Embora soe futurístico, a aposta do mercado é que humanoides desse tipo se espalhem pelo Brasil. Capazes de oferecer informações, apresentar produtos, verificar estoque e tirar pedidos, eles estão aptos a servir em lojas, shoppings, restaurantes, bancos, hospitais e clínicas.
Prova disso é que a startup XRobô, criadora da Rebeca, acaba de fechar contrato com uma grande varejista — que implementará a engenhoca em 50 unidades. Também está em negociações com outra rede de hotéis e com um grupo de shopping centers. Cada robô custa 80 000 reais.
Quando confrontado sobre o fato de que máquinas assim roubarão empregos, André Araújo, CEO da XRobô, minimiza. “Meu discurso é sempre o mesmo. A tecnologia não vai acabar com o trabalho, e sim transformá-lo”, diz. E complementa: “A vantagem de ter robôs é a padronização do atendimento e a resposta rápida. Se houver qualquer mudança no negócio, em vez de gastar horas em treinamento, aperto um botão no escritório e comando 1 000 robôs em diferentes lugares. Algo impossível de fazer com humanos”.