Esta é uma nova profissão que surgiu com a onda das startups
Com a ascensão das startups no país, surge uma carreira especializada em descobrir quais desses jovens têm futuro

Sua missão é recrutar, mas, em vez de buscar um candidato, procura pequenos negócios com chance de ser bem-sucedidos. Sua rotina inclui se informar sobre os grandes problemas da sociedade, comparecer a eventos de empreendedorismo e pitchs de projetos inovadores. Esse é o caçador de startups, profissão que surge na onda do aumento de empresas jovens e disruptivas. Quem atua nessa carreira é Daniel Vasserman, de 28 anos, empregado da aceleradora ACE, em São Paulo, uma referência quando o assunto é inovação.
Psicólogo de formação, ele sempre se interessou por empreendedorismo e começou a frequentar eventos da comunidade na época da faculdade. E, embora ainda não conhecesse o termo, já agia como um caçador quando decidiu deixar o consultório de atendimento clínico e trabalhar na nova área. “Comecei realizando processos de recrutamento tradicionais, mas logo passei a me envolver com as aceleradoras e a ajudar grandes corporações a recrutar startups que buscavam investimento”, diz. Depois de um tempo, surgiu o convite para ele ingressar na ACE, que procura outro profissional do ramo — em 15 dias, a aceleradora recebeu mais de 100 currículos. “Atendemos companhias como Braskem, Basf e BTG. O trabalho não é apenas abrir inscrições; é necessário alguém que se dedique exclusivamente a essa curadoria e tenha olhar crítico para selecionar os melhores empreendimentos. Para ter uma ideia, nós recebemos mais de 3 000 inscrições de startups em nossos seis anos de existência”, afirma José Gutierrez, diretor de recrutamento de startups da ACE.
Esse movimento das organizações tradicionais aliado à constante abertura de pequenos negócios aquece o mercado e indica que a carreira terá um futuro promissor. “Tivemos um aumento de 40% nas vagas dessa área nos últimos dois anos”, diz Genis Fidelis, gerente de recrutamento digital da consultoria Michael Page, de São Paulo.
Para atuar na profissão, é preciso ter visão multidisciplinar, entender quais são as necessidades e as tendências de diversos segmentos de mercado e identificar as competências técnicas e comportamentais dos empreendedores. “Esses profissionais estão sempre conectados às tendências e as grandes empresas também os querem”, diz Rafael Ribeiro, diretor da Associação Brasileira de Startups.