São Paulo – Embora as mulheres estejam avançando no mercado de trabalho, a área de tecnologia continua sendo uma barreira. Dados da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), revelam que, entre 2007 e 2017, o número de mulheres que trabalham no setor de TI caiu de 24% para 20%.
Mas a falta do sexo feminino nas equipes ultrapassa as questões de diversidade de gênero e pode afetar diretamente os negócios. Para Glaucia Young, diretora de engenharia de software da Microsoft, ambientes de trabalho diversos são importantes quando o assunto é desenvolvimento de projetos de cibersegurança.
“Tem um exemplo que aconteceu comigo há uns quatro anos. Eu estava trabalhando na equipe do Windows Defender e soubemos que o sistema de segurança não conseguia detectar boletos fraudados. Por ser brasileira, eu sei a importância do boleto no país. Por isso, liderei um trabalho sobre essa questão de malware bancário junto com outras empresas de segurança, Polícia Federal e bancos. Isso já gerou toda uma mudança, agora imagina o impacto de ter mais diversidade de cultura, gênero, raça, sexualidade e de pessoas de outros países na equipe”, afirma.
Glaucia nasceu em Pontalina, cidade no interior de Goiás, e teve o primeiro contato com a tecnologia durante um cursinho de computação que fez durante a adolescência. “Quando eu aprendi a programar, eu me apaixonei e a partir daí comecei a me interessar mais sobre tecnologia”.
Formada em Ciências da Computação na Universidade Federal de Goiás, a executiva estava fazendo um mestrado na Unicamp quando soube que a Microsoft estava recrutando. “Eu pensei ‘por que não?’. Me candidatei e, para minha surpresa, comecei a passar nas fases do processo de seleção. Fui para os Estados Unidos pela primeira vez para fazer uma entrevista na empresa, recebi uma proposta e em 1998 comecei a trabalhar com a área de e-mails”, relembra.
Ela passou pelas áreas de e-mail, servidor, Windows Mobile, Windows Defender e segurança da nuvem. Hoje, ela comanda a equipe responsável por gerenciamento, dados, segurança e inteligência do Windows e Azure, em Redmond, Estados Unidos.
“Eu sempre falo nas minhas mentorias que a gente precisa ter coragem de aceitar os desafios, mesmo que pareçam complicados. Se você não fizer isso, vai perder várias oportunidades”, afirma e ressalta que esse pensamento tem que ser o mesmo para o caso das mulheres na tecnologia. “Se você só ficar falando ‘ah, mas é uma área muito masculina’ e não fizer nada, então esse cenário nunca vai mudar”.
Glaucia ainda falou para VOCÊ S/A que a área de cibersegurança está crescendo e demandando cada vez mais mão de obra. “A gente sente a falta de profissionais qualificados e tem uma guerra de talentos de segurança com outras empresas. Para se dar bem nessa área tem que ser curioso e estar disposto a aprender todos os dias”.
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