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Isis Borge

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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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Pensamento digital: por que essa habilidade está tão requisitada?

Ter pensamento digital não é, necessariamente, saber construir uma tecnologia. Entenda como desenvolver essa competência importante para todas as áreas

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ S/A
24 jul 2020, 06h00
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  • Vivemos a era da transformação digital e das mudanças na sociedade como um todo. As empresas continuarão funcionando em função de suas metas, criadas para gerar lucro ( e um ótimo livro explica por que isso acontece, é o  A Meta, de Eliyahu M. Goldratt e Jeff Cox). Mas, certamente, para que essas companhias continuem em um caminho de sucesso, elas deverão se reinventar por meio dos seus colaboradores. E a reinvenção está no pensamento digital.  Vale lembrar que as empresas que olham para o futuro têm falado, sim, em lucro, mas de uma maneira sustentável.

    O conceito de “ser digital” varia de área para área. Tem a ver, por exemplo, com conhecimentos de marketing digital, metodologia ágil, gestão digital dos negócios, inteligência artificial, cibersegurança, ciência de dados, blockchain, big data e Google Trends, entre outros tantos temas específicos de cada setor de atuação. Ninguém espera que um profissional que atue em uma área que não seja TI se torne um profissional de TI que domina os desenvolvimentos em IOS, Android, Web Full Stack e Arquitetura Cloud, por exemplo.

    Na prática e de uma maneira bastante generalizada, as empresas esperam que os profissionais estejam atentos a tudo o que existe de digital dentro da sua área de atuação. Não necessariamente para auxiliar no desenvolvimento ou na operação de uma tecnologia, mas para entender os impactos e os benefícios que ela pode gerar em seu cargo, sua função ou seu segmento. Com essa atitude proativa, o colaborador conseguirá se adaptar com mais facilidade, enxergando a inovação como uma aliada e não ameaça ao seu emprego.

    Dou um exemplo. A metodologia ágil é aplicável a qualquer setor da empresa. Nela, o que se espera é que os profissionais passem a usar a agilidade e o design thinking, conjunto de ideias para abordar questões dentro da realidade das atividades que estão ao seu alcance. A ideia é otimizar o tempo e a energia empregada em um projeto, facilitando as entregas e melhorando a percepção do cliente final. Dentro desses conceitos é possível reorganizar as equipes em um modelo de “squads”, que são pequenos grupos multidisciplinares, ou até mesmo trazer para dentro dos escritórios alguns processos que até pouco tempo eram exclusivos das fábricas, como Lean, Kanban e Scrum.

    Quer um exemplo? Um dia desses, um diretor financeiro me contou que ele organizou a área de tesouraria da empresa como se fosse uma linha de produção com as devidas células. Depois, ele e a equipe reorganizaram os processos para deixar essa “linha” mais Lean, ou seja, mais enxuta e eficaz, com menos gargalos. Como resultado, reduziram as perdas e melhoraram a motivação da equipe. Foi uma ação simples, que envolveu o time e gerou benefícios para a área. No meu entender, o mais importante é que ele conquistou essa transformação fazendo com que as pessoas se adequassem a essa nova realidade. Isso prova que, com o empenho de todos, em muitos casos não é preciso realizar substituições de profissionais.

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    Como ser mais digital?

    Para se tornar um profissional mais digital, é importante começar pelo conhecimento. Em momentos de lazer, leia sobre o tema, participe de webinars e se inscreva em cursos de curta, média ou longa duração, dependendo da sua disponibilidade de recursos financeiros e de tempo. Essa imersão vai te estimular a reavaliar antigos conceitos que possam estar enraizados. Além disso, você terá mais argumentos para conversas sobre o tema e se tornar um profissional melhor. Abra a cabeça e comece a exercitar o pensamento crítico.

    Acredito, de verdade, que todo ser humano consegue se adaptar e apresentar ideias fantásticas, desde que tenha motivação para isso. Mas essa motivação não deve ficar apenas nas mãos da empresa. Ela também precisa vir de dentro do profissional, com base em um propósito, no real conhecimento de particularidades da organização e no exercício do senso crítico. Essa capacidade de se automotivar também depende do grau de importância que nos dedicamos a nós mesmos, aos momentos de lazer e de contato com outras pessoas, à reflexão e a nossa reinvenção. Temos que gerir o nosso tempo para podermos ser a nossa prioridade.

    Um pouco de leitura para ajudar nessa transição

    Quem me conhece sabe que eu gosto muito de ler. Como os leitores desta coluna são de áreas distintas, sugiro que cada um busque títulos alinhados aos temas de inovação digital que estão sendo discutidos na sua empresa, no seu setor ou escritos por profissionais que você admira. Porém, eu posso recomendar dois voltados para o que é essencial – a gestão de nós mesmos:

    Essencialismo, de Greg Mckeown, que, basicamente, nos ensina a dizer não e priorizar o que de fato é importante. Se não priorizarmos, fica difícil conseguir tempo para tudo. É preciso reservar espaço na agenda para estudar, pesquisar e nos reinventarmos.

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    Managing Oneself, de Peter Drucker, que apresenta ideias de organização do tempo e das atividades. Em alguns momentos, ao ler esse livro, me dei conta de atitudes muito básicas que nem sempre colocamos em prática. Vale a reflexão.

    A importância de integrar gerações
    Convido você a fazer um exercício prático muito interessante. Tenha mais interesse pelo universo dos adolescentes ou dos jovens que tenham em torno de 20 anos de idade – caso você não seja dessa geração. Observe como eles se relacionam com o mundo e com as tecnologias e com os processos em geral. Veja como eles consomem conteúdos, ouvem música, compram um produto, pesquisam sobre assuntos para tomar uma decisão, quem os influencia. Dificilmente você vai encontrar informações precisas sobre essa geração em um livro. Esse público tem muito a nos ensinar sobre ideias inovadoras
    Você, assim como eu, tem o poder de escolha, de evoluir em seus conceitos. Mas para isso é preciso adotar um ponto de vista otimista.

    Não desanime ou se julgue incapaz se “ser digital” é algo novo para você. Ninguém sabe tudo, não precisa saber, mas sempre pode aprender mais. Com o tempo, seremos convidados a migrar do pensamento para a cultura digital dentro das empresas. Essa mudança chega para facilitar a vida de todos nós, com processos mais eficientes e a tecnologia servindo o ser humano e não o contrário. Por meio da harmonização de papéis, do homem e máquina, com o uso da tecnologia em prol de uma maior eficiência e de um ganho de tempo, teremos cada vez mais qualidade de vida.

    Como disse Aleksandar Mandic, pioneiro da internet no Brasil: “Se você está entendendo tudo, é porque não está prestando atenção”. Então, sejam bem-vindos ao clube dos que muitas vezes não entendem muitas coisas, mas não têm medo de buscar conhecimento e se adaptar para ser um melhor ser humano e profissional a cada dia.

    Férias: boas práticas para profissionais e empregadores
    (Divulgação/VOCÊ S/A)
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