Assine VOCÊ RH por R$2,00/semana
Luciana Lima Sócia da ScienceConsulting e professora do Insper nas disciplinas de Estratégia de Negócios, Pessoas e Liderança.
Continua após publicidade

É hora de o RH e os líderes reverem seus preconceitos sobre as gerações

Pesquisa conduzida pelo Insper mostra que os anseios de profissionais de diferentes gerações são bem diferentes dos clichês corporativos. Entenda

Por Luciana Lima, colunista de VOCÊ RH
8 out 2021, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O que os profissionais querem, de fato, para permanecer em uma empresa? Será que os desejos do sênior são os mesmos dos jovens? O que eu faço para não perder quem já foi difícil de recrutar?

    Publicidade

    Essas perguntas me parecem ser o maior instrumento de tortura dos profissionais de gestão de pessoas atualmente e, se não o são, deveriam ser dos líderes também. Agora, engana-se se você considera que são apenas esses dois públicos os preocupados com essas questões. Um aluno de economia se interessou e ingressou comigo em uma jornada em busca de respostas – confiáveis – sobre isso, ou seja, o que a ciência tem a dizer sobre isso.

    Publicidade

    Você deve estar se perguntando, mas o que economia tem a ver com essa temática? Pois é, tudo! Mercado de trabalho, atração e retenção são temas que interessam, e muito, aos economistas. Isso porque impactam na construção de riqueza do país. Tradicionalmente, são muitos os índices que interessam a esse público, tais como o de desemprego, população economicamente ativa, entre outros.

    O fato é que esse aluno quis investigar o valor de utilidade atribuída pelos profissionais para o que as empresas oferecem no momento de atraí-los e retê-los, considerando as diferenças referentes à idade, gênero e posição hierárquica (neste artigo explorarei apenas a perspectiva etária, considerando a limitação do espaço de escrita.). Na linguagem das empresas, trata-se de uma investigação científica sobre EVP – employee value proposition na realidade brasileira, e não preciso nem comentar que topei de cara trabalhar com ele, diante de tanta informação pouco confiável e limitada sobre isso.

    Publicidade

    Valor de utilidade

    Mas o que significa esse tal de “valor de utilidade”? Trata-se de um conceito microeconômico, que, no caso do EVP, envolve a análise por parte do profissional sobre:

    (i) o bem-estar gerado ao indivíduo após o consumo de algum bem ou de realizar uma ação

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    (ii) a reflexão sobre o quanto tal consumo ou ação será a útil (maior, menor ou igual) caso ele não a realize

    (iii) a percepção do aumento incremental da utilidade, ao se consumir ou ao se realizar uma ação ao longo do tempo. Em suma, o que os profissionais, veem de valor no que as empresas estão ofertando no mercado, e o que consideram em seus trade-offs decisórios.

    Publicidade

    Usando um modelo validado academicamente comparamos a percepção de 280 profissionais segundo cinco faixas etárias: 20 a 24 anos, 25 a 29 anos, 30 a 34 anos, 35 a 39 anos e acima dos 40 anos, e exploramos o EVP sob três aspectos: Identidade Percebida da Organização (OPI), Percepção de Suporte Organizacional (POS) e Qualidade da Troca (EQ).

    Continua após a publicidade

    O que cada geração quer?

    Os resultados trazem achados interessantes, talvez, surpreendentes para alguns leitores.

    Publicidade

    Como utilizar esses resultados

    Entretanto, qual seria a relevância e a aplicabilidade desses resultados? Primeiro, é preciso esclarecer que não é possível generalizá-los, ou seja, eles não se aplicam a qualquer situação que envolva EVP e diferentes profissionais. Contudo, como em todo o processo de desenvolvimento da ciência, a amostra foi bastante considerável e nos possibilita insights e um conjunto de ações a serem tomadas, mediante análise das peculiaridades do negócio onde você atua.

    Penso que uma primeira relevância trata de informações para além de achismos, pois envolvem análises estatísticas que sustentam todo o processo e os resultados. Então, você tem uma fonte confiável como ponto de partida para refletir sobre a forma como desenha processos e práticas de GP que envolvem profissionais de diferentes faixas etárias. Vamos a algumas provocações possíveis.

    Continua após a publicidade

    Qual é a sua realidade?

    Você saberia me informar o quanto esses resultados retratam a sua realidade? Mas veja, não estou falando de chute ou inferência, estou me referindo a números, evidências. Se você não as possui, então questiona-se sobre como está a validade e a confiabilidade do seu employer branding? Esse tipo de análise, bem como, pensar sobre o EVP pode indicar um possível desperdício de recurso e/ou uma demanda por redirecionar os esforços em prol da melhoria da atração de potenciais profissionais.

    O quanto você está utilizando de informações sobre gerações e desenho de práticas de atração e retenção profissionais sem realizar críticas com relação à construção de estereótipos? Digo isso porque, além de ser uma árdua crítica dessa teoria, tenho uma evidência bastante interessante, da perspectiva geracional, uma vez que dois públicos posicionados nas extremidades da faixa etária estudada, mostraram bastante semelhança em percepção de valor de utilidade de parte do EVP. Na prática, os profissionais mais jovens estão valorizando a mesma coisa que os profissionais mais velhos da amostra, no que tange EQ.

    Apoio da empresa

    Não poderia finalizar essa reportagem, sem chamar a sua atenção para o segundo resultado: como assim, todos profissionais, independente da geração, veem valor em suporte organizacional? E todo aquele discurso que o jovem profissional se sente autossuficiente, é arrogante, por vezes indulgente e só pensa em ser elogiado o tempo todo?

    Continua após a publicidade

    Penso que essa reportagem pode ajudar a refletir tanto sobre sua prática profissional. É importante rever suas crenças sobre os estereótipos geracionais.

    Assinatura de Luciana Lima
    (Arte/VOCÊ RH)

     

     

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Você RH impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.