Respiração curta, ritmo apressado ao falar, ausência de pausa ao se expressar, esquecimento de palavras ou de ações que deveriam ter sido feitas, impaciência para ouvir o que as pessoas têm a contribuir, falta de foco na condução de uma conversa. Sinais naturalizados em meio à pressa e ao automatismo que invadem nossas vidas, mas que impactam não só nossa saúde mental como também nossa comunicação.
Outros sinais de quanto andamos estressados ou irritadiços são as palavras usadas para nomear situações. Todo problema tem sido chamado de crise, toda divergência soa como conflito. Mas há uma caminhada de problemas, incidentes e acidentes para ser mesmo uma crise; uma escalada de divergências, falta de diálogo para ser mesmo um conflito. Em outras palavras, nem todo problema é crise, nem toda divergência é conflito.
E o quanto pequenas palavras importam ao redigir mensagens. Quantos “oi” evasivos são mandados por WhatsApp em vez de já inserir na mensagem o pedido ou a necessidade do contato, quantos “favor”, em vez de “por favor”, que dão um ar mais incisivo à mensagem, ou respostas com “ok” depois de a pessoa ter dedicado tempo e palavras para explicar e pedir sua aprovação.
Em meio a esse cenário conturbado, que tal adotar quatro estratégias que podem favorecer seu bem-estar, sua relação com as pessoas e, claro, sua comunicação assertiva? Recomendamos doses homeopáticas, isto é, vá experimentando um pouco por dia e colha os benefícios de mais leveza na sua forma de comunicar em situações desafiadoras.
1. Releia mensagens antes de enviá-las, em qualquer canal de comunicação. Sim, o tempo é cada vez mais escasso. Mas esse passar de olhos, feito atentamente, podem lhe permitir ajustar, mudar a forma de explicar e isso impactar positivamente sua abordagem com a outra pessoa
2. Antes de iniciar uma reunião, seja como participante ou como mediadora, pense (e, se preferir, escreva num post-it): como contribuir para essa pauta e que ideia ou mensagem quer que as pessoas levem daqui? Menos de 3 minutos bastam para essa definição e muito se tem a ganhar em clareza e foco.
3. Ao se perceber em meio a uma divergência, seja em uma interação ao vivo ou em trocas de mensagens, pare, respire e pergunte-se: por que isso me afeta? O que está em jogo nessa discussão? De que forma expressar meu descontentamento/insatisfação (ou outros sentimentos) para que o canal de diálogo siga aberto – e não apenas para provar estar certa?
4. Tome uma dose de coragem e inclua frases como “não sei”, “eu errei”, “tentei de tal forma, mas não saiu como esperado”, “quero te escutar”, “estou aberta a sugestões”, “quero primeiro ouvir vocês, depois proponho alguns caminhos”. Frases simples, e quanta sofisticação há na simplicidade! Frases pouco usuais em uma cultura de líderes super-heroínas e super-heróis. Mas frases muito transformadoras em momentos de estresse, de necessidade de diálogo e conexão com as pessoas. Experimente.
E lembre-se: se não podemos mudar as situações, podemos mudar a forma de lidar com elas. As palavras e os comportamentos que elas carregam são grandes aliados para mudar e, ao menos, nos permitir perceber como a correria nos afeta, da respiração a detalhes que tanto importam.
Para terminar, convido a fazer uma pausa e ouvir essa música da Vicka, que diz:
“Calma, o mundo precisa de pausa
No fim tudo volta ao seu lugar Talvez seja hora pra pensar Nem tudo se pode controlar
O que será que o mundo tem a falar?
Calma…”