Abril Day: Assine Digital Completo por 1,99

Mulheres nos conselhos: talento em alta, barreiras também

Levantamento do Evermonte Institute revela que o acesso feminino aos boards não é questão de mérito, mas de estrutura. E as portas seguem entreabertas.

Por Alexandre Carvalho
4 jul 2025, 16h16
Escadas de tamanhos crescentes apoiadas em uma parede cor de rosa.
 (J Studios/Getty Images)
Continua após publicidade

Apesar dos avanços nas pautas de diversidade, a presença feminina em conselhos de administração ainda é um desafio no Brasil, e não por falta de qualificação. A pesquisa “Women at the Top”, do Evermonte Institute, mostra que as mulheres que chegam aos conselhos são altamente preparadas, mas precisam superar obstáculos que ainda tornam esse acesso mais difícil e desigual.

Um dos principais entraves é o isolamento: muitas vezes, elas são as únicas mulheres na mesa, o que gera sobrecarga emocional e a sensação de representar “todas as mulheres”. Outro ponto crítico é a forma como as nomeações acontecem: geralmente por indicações informais em redes masculinas, com baixa transparência e poucos critérios objetivos de diversidade.

As barreiras continuam com a percepção distorcida de comportamento. A mesma assertividade que em um homem soa como liderança, em uma mulher costuma ser mal interpretada como agressividade. Soma-se a isso a desigualdade de remuneração e o grande desafio de conquistar o primeiro assento no conselho, que exige uma combinação de experiência, reputação e boas conexões. Por fim, a pesquisa aponta, muitas empresas ainda falham na prática: têm discursos inclusivos, mas não mecanismos reais de acompanhamento ou execução.

Mesmo diante dessas dificuldades, as conselheiras vêm se destacando por trazerem à mesa atributos valiosos. A pesquisa identificou cinco diferenciais consistentes: empatia e escuta ativa, elevado preparo técnico, visão de longo prazo com foco em propósito, influência sutil baseada em valores e forte atuação em temas como ESG, cultura e diversidade.

Essas características contribuem para decisões mais equilibradas e estratégicas — especialmente em tempos de transformação acelerada.

Continua após a publicidade

Caminhos possíveis

E como essas mulheres chegam lá? A pesquisa mapeou trajetórias marcadas por múltiplas frentes: experiência robusta em cargos executivos (como diretorias e vice-presidências), participação em projetos estratégicos, formação contínua em governança (como cursos do IBGC), engajamento em redes como WCD e posicionamento claro de carreira. Além disso, a construção de uma rede qualificada, muitas vezes ainda com predomínio masculino, é vista como essencial.

Apesar de tímido, o avanço é real. A presença feminina nos conselhos tem crescido, mas ainda está longe do ideal. Segundo o estudo, 12% das cadeiras em empresas de capital aberto são ocupadas por mulheres — e esse número cai quando se fala em conselheiras independentes. O dado reforça que o caminho até o topo não é apenas questão de mérito, mas de estrutura.

A conclusão do relatório é clara: mulheres e homens percorrem trajetórias distintas até os conselhos, com exigências desiguais. Enquanto os homens tendem a seguir caminhos mais tradicionais, as mulheres acumulam mais formações, experiências diversas e precisam provar competência a todo momento. A equidade, portanto, não virá apenas com o tempo, mas com ações concretas de inclusão — que envolvem rever critérios de nomeação, ampliar o campo de busca e reconhecer que diversidade qualifica, e não enfraquece, a governança.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Impressa + Digital

Receba Você RH impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.