Grupo Boticário adota home office permanente e modelo híbrido de trabalho
A novidade vale para funcionários corporativos, cerca de 44% do quadro, e possibilita contratações de pessoas que moram em qualquer lugar do país
A pandemia trouxe transformações no modelo de trabalho de várias empresas e no Grupo Boticário não foi diferente. A fabricante de cosméticos com cerca de 12.000 funcionários precisou colocar todos os profissionais no corporativo – cerca de 44% do quadro – em home office no início da crise da covid-19.
Mais de um ano depois dessa decisão, a companhia percebeu que seria possível continuar a exercer as atividades de um jeito diferente no pós-pandemia e anuncia, com exclusividade para VOCÊ RH, que adotará três modelos ao mesmo tempo: presencial para funcionários das fábricas, centros de distribuição e lojas físicas; home office permanente para empregados que não precisam de equipamentos da empresa; trabalho híbrido para quem precisa utilizar espaços do Boticário em alguns momentos (como o pessoal de pesquisa e desenvolvimento e de tecnologia).
“Nossas conversas dentro de casa e os feedbacks que recebemos mostram que não dava para voltar a como era antes da pandemia. Precisamos de flexibilidade e temos que tratar as pessoas de acordo com suas diferenças”, diz Sandro Bassili, vice-presidente de pessoas do Grupo Boticário. “Vamos tentar manter o melhor dos dois mundos, virtual e físico. Não perdemos colaboração, mas as pessoas sentem falta do olho no olho. Por isso, teremos momentos presenciais de encontro no pós-pandemia, como visitas à fábrica e reuniões de planejamento, por exemplo.”
Contratações em todo o país
Com esse novo estilo de trabalho, o Boticário poderá recrutar profissionais de todo o país para as vagas remotas – e isso já está acontecendo. Na área de tecnologia, por exemplo, que quintuplicou o número de pessoas neste ano, 20% dos empregados já moram em cidades em que a empresa não tem escritório. “Não é preciso estar em São Paulo ou Curitiba, podemos encontrar talentos em outros polos, como Fortaleza e Recife, que são referências em tecnologia, ou no interior. Isso traz diversidade, porque não obriga as pessoas a morar nos grandes centros. Vamos onde o talento está”, diz Sandro. Já há, inclusive, vagas abertas para oportunidades remotas. Para consultá-las e concorrer, basta acessar este site.
Os novos modelos de trabalho serão avaliados ao longo de um ano e a companhia fará ajustes para garantir o bem-estar dos funcionários – tanto que, desde o início da pandemia, o Boticário roda pesquisas de clima semanais para receber feedbacks e medir o engajamento. A cada semana, 6.000 pessoas respondem o questionário e já foram colhidos mais de 75.000 feedbacks – 75% dos quais respondidos pelos líderes. “Nada está escrito em pedra. Faremos os ajustes no modelo para acertar”, afirma Sandro.
Cultura e liderança no trabalho remoto
Com as atividades à distância, as empresas se preocupam em como manter a cultura viva. Para Sandro, isso vai além do bate-papo no escritório: “A gente preserva cultura sendo coerente na tomada de decisão. Não é só o cafezinho. Na realidade, as pessoas têm medo de perder o comando e controle”.
Por isso, o Boticário tem estimulado as lideranças a ter mais flexibilidade e a dar mais autonomia para as equipes que estão em trabalho remoto. “Não dá para desassociar o modelo de gestão do modelo de trabalho. Se uma área está em trabalho ágil, a liderança tem que estar comprometida com os OKRs e com o trabalho assíncrono. Se uma área precisa de uma rotina mais rígida, como nas fábricas, a gestão tem que seguir isso. Não tem certo nem errado, são só modelos diferentes. Para funcionar, todas as engrenagens tem que estar encaixadas”, diz Sandro.