Presidente do Gympass quer que empresas reduzam gastos com saúde
Marco Crespo, do Gympass, quer gerar dados para que as companhias clientes reduzam os gastos com saúde ao promover a qualidade de vida dos funcionários
O Gympass foi criado em 2012 com a proposta de, por meio de um passe, dar liberdade para que cada pessoa frequentasse a academia que preferisse, na cidade e na hora que quisesse. Logo, o cartão começou a ser incluído no pacote de remuneração de companhias com força de trabalho espalhada pelo Brasil. Hoje, o Gympass já está presente em 13 países, com 25.000 academias credenciadas.
Na América Latina, quem comanda esse crescimento é o engenheiro eletricista Marco Crespo, de 32 anos. Agora, ele leva a empresa a uma nova fase: uma área de inteligência foi criada para cruzar dados de frequência às academias com informações de absentismo e de uso do plano saúde. O objetivo é dar ao RH das empresas argumentos que mostrem que a promoção da qualidade de vida não é paternalismo, mas investimento.
Quais os benefícios da oferta de um passe de academia ao empregados?
Na população em geral, o percentual de praticantes de atividade física monitorada é de 5%. Nas empresas clientes do Gympass, esse índice chega a 35%. Resultado: nesse grupo, os gastos com saúde são 22% menores. Esses trabalhadores faltam 25% menos ao trabalho e há uma redução da população de fumantes, doentes crônicos e com problemas cardiovasculares. Ou seja: ganho de produtividade e diminuição do custo com saúde.
Por que criou a área de inteligência?
Um de nossos clientes fez um levantamento interno e percebeu que a oferta do Gympass reduziu seu custo com saúde. Foi então que decidimos ser pioneiros nisso e buscar um modelo estatístico que ajudasse nosso cliente — a área de RH — a provar que esse investimento faz sentido. É um serviço que dá credibilidade ao trabalho dele.
Contratamos um engenheiro formado no IME [Instituto Militar de Engenharia], especializado em estatística e com experiência em RH, para tocar esse núcleo. Hoje temos 30 estudos em andamento baseados nos dados fornecidos pelas empresas clientes. Com isso, mostramos que cuidar da qualidade de vida do colaborador não é paternalismo, mas um investimento com impacto na rentabilidade do negócio. É uma questão estratégica.
A que atribui o alto índice de utilização do benefício?
O usuário pode frequentar as academias mais próximas de onde estiver, em mais de 1 000 cidades brasileiras — isso representa flexibilidade e economia de tempo. Além disso, nossa rede inclui 600 modalidades, o que permite a cada um escolher a atividade com que mais se identifica. Recebemos o relato de uma jovem vítima de paralisia infantil que, após o Gympass, começou a praticar atividade física por ter acesso ao pilates.
Como manter o negócio crescendo?
Algumas empresas perceberam o alívio que o benefício gerou em suas despesas com convênio médico e começaram a nos procurar para oferecer o passe também aos dependentes do funcionário, os quais representam metade do custo delas com saúde. Ao fazer isso, também se reduz a sinistralidade desse público.
E maior é a chance de melhorar outras variáveis, como o absentismo. Afinal, se o parceiro vai à academia, maior a probabilidade de o empregado se exercitar. Esse colaborador ainda vai faltar menos ao trabalho por motivo de doença — dele ou dos familiares. Outras empresas querem estender o benefício às unidades delas em países vizinhos na América Latina.
Qual sua meta à frente do Gympass?
Que o passe para academias seja um benefício tão disseminado quanto o vale-refeição ou o convênio médico. Afinal, não existe melhor plano de saúde do que a prevenção.
“Somos uma empresa de tecnologia e aficionados pelos dados e pela inteligência que podem gerar para nossos clientes”