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Cuidado: coach de Instagram. Aprenda a se proteger dos picaretas

As mídias sociais se tornaram uma vitrine para quem oferece serviços de coaching. Veja como escolher um bom profissional

Por Ana Carolina Nunes
Atualizado em 23 out 2024, 10h17 - Publicado em 7 dez 2020, 09h00
Celular conectado ao Instagram
 (Claudio Schwarz/Unsplash/Unsplash/Unsplash/Unsplash)
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Esta reportagem foi publicada na edição 70 (outubro/novembro) de VOCÊ RH

Se você está em uma rede social, certamente já foi impactado por um post (ou anúncio) de algum serviço de coaching. Não é à toa. A internet está repleta desses profissionais. Uma simples busca pela palavra “coach” no Instagram traz mais de 43 milhões de menções. O número dá uma amostra de como o serviço se popularizou nas mídias sociais: são fotos, imagens inspiradoras, vídeos, stories e transmissões ao vivo com frases motivacionais, dicas sobre carreira, liderança e, claro, forte divulgação do trabalho de coaching feito pelos mais diferentes profissionais.

Alguns deles, inclusive, têm números estratosféricos: garantem ter turbinado mais de 100.000 currículos ou ter recolocado 100% de seus clientes. O que nem sempre corresponde à realidade. “Existe muito marketing e é fácil encontrar uma mensagem apelativa e sedutora”, diz Mario Pires de Moraes, gerente de pesquisa e criação de conteúdo do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).

O efeito colateral da popularização do coaching – importante para consolidar a atividade e ajudar no desenvolvimento de muitos executivos – é a banalização da prática, o que gera grande desconfiança sobre a categoria. Em meio a tantas ofertas e promessas, o profissional de RH se vê diante de um desafio ao ter que procurar um coach para atuar com sua equipe, correndo o risco de cair na charlatanice.

Clareza de objetivos

Saber o que quer é o ponto inicial da busca por um profissional desse tipo – pode ser que a companhia precise aplicar coaching, mentoring ou assessment, por exemplo. E esses três serviços, diferentes entre si, não são claros para as pessoas. De acordo com uma pesquisa global da International Coaching Federation (ICF), apenas 30% delas sabem o que é, de fato, coaching.

A gama de trabalhos de um coach varia: o profissional pode ser contratado para atuar pontualmente na resolução de um problema de performance de um funcionário ou de uma equipe, ou para auxiliar a liderança a conduzir uma profunda transformação cultural. “Entender onde está estagnado, o que precisa desenvolver, quais são os bloqueios, por que acreditou que o coach seria a solução – o profissional de RH tem que ter tudo isso definido ao contratar um coach”, explica Ricardo Basaglia, diretor-geral da consultoria de carreira e recolocação Page Group.

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Mas um bom coach não faz milagre e costuma ser especializado em algumas questões ou em níveis hierárquicos. Portanto, um sinal de alerta podem ser aqueles profissionais muito generalistas, que fazem de tudo e com um trabalho muito padronizado, ou que usam uma metodologia única. “O coach que diz resolver todos os problemas normalmente não resolve nenhum”, alerta Ricardo.

Divã ou autoajuda?

É importante lembrar que coaching é uma metodologia de desenvolvimento profissional que tem como meta potencializar a performance. Não por acaso, o coach empresta o nome em inglês do treinador esportivo, que usa técnicas e métodos para explorar o potencial máximo do atleta de alto rendimento. A prática entrou no mundo corporativo, inicialmente, com foco na formação de lideranças e acabou absorvida. A questão é que ainda confunde-se coaching com terapia. “A prática não vai ocupar o lugar da psicologia jamais; é uma ferramenta”, explica Mario, do IBC. O especialista ainda lembra que não há problema em um psicólogo atuar como coach, desde que haja a compreensão geral de que as atividades não são as mesmas, mas complementares.

Outro ponto de atenção é o viés de autoajuda. Um profissional sério não vai dizer o que deve ser feito nem entregar fórmulas prontas baseadas em metodologias rasas – ou em metodologia nenhuma. A construção é sempre conjunta e tem como objetivo, como explica a ICF, “estimular o coachee a maximizar seu potencial”.

Por isso, a entrevista é um dos momentos mais importantes para a escolha do coach. A recomendação de Eliete Gomes, master coach para a América Latina da consultoria LHH, é que uma das principais perguntas a se fazer seja “Como você acha que pode me ajudar?”. Isso auxilia a entender qual é exatamente a expertise do candidato. Também é importante pedir detalhamento sobre a metodologia e as ferramentas utilizadas e verificar quanto o coach está realmente interessado em compreender o problema que precisa ser resolvido, ou se está apenas “vendendo método”, nas palavras de Ricardo, do Page Group.

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De olho nas certificações

A pesquisa global da ICF apontou também que, para os consumidores, um obstáculo na contratação de um coach são “pessoas não certificadas que chamam a si mesmas de coaches”. A mesma pesquisa revelou que a grande maioria considera muito importante haver profissionais credenciados, tanto entre aqueles que já tiveram a experiência de um processo (83%) como entre os que nunca fizeram isso (76%).

Para Eliete, é fundamental checar as escolas de coaching e se fixar nas certificadas, já que trabalham as competências necessárias para ser um bom profissional, com horas de estudo, prova escrita e oral, e sobretudo mantêm o código de ética do coach. A ICF, por exemplo, periodicamente faz uma reciclagem desse manual de conduta, que precisa ser acompanhada por seus membros e credenciados, os quais recebem créditos pela atualização no tema.

Esses cuidados são relevantes, já que não existe regulamentação da atividade no Brasil e ela tem se popularizado por aqui. De acordo com a ICF, nosso país tem 211 coaches cadastrados. Na América Latina, ficamos atrás somente da Argentina e do México. Mas apenas oito brasileiros detêm o certificado Master Certified Coach (MCC), que exige mais de 200 horas de treinamento e 2.500 horas de prática.
O certificado não resolve tudo. É necessário saber o quanto o profissional está atualizado sobre as mudanças do mercado. Na pandemia, liderança à distância, transformação digital e empatia ganharam ainda mais força, e os coaches precisam estar por dentro de tudo isso. Resta ao RH verificar como o profissional acompanha as tendências.

Afinal, as competências agora são diferentes das de um ano atrás, e as lideranças precisarão de apoio para a transformação – mas apoio sério, e não anúncios de que é possível mudar a vida depois de assistir a uma live e curtir posts de Instagram.

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Orientações que devem ser seguidas durante a busca por um coach

Reflita sobre suas metas
Resuma o que você espera realizar nesse processo e tenha uma ideia clara sobre os resultados desejados

Confirme a credibilidade
Pesquise o treinamento, as associações profissionais e as credenciais de cada coach

Entreviste pelo menos três profissionais
Pergunte a cada um sobre sua experiência, habilidades e qualificações e solicite pelo menos
duas referências

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