Abril Day: Assine Digital Completo por 2,99

Fundador da Psicologia Positiva garante: ser feliz dá lucro

Bem-estar é ativo estratégico, não gasto opcional. Tal Ben-Shahar revela: a ciência da felicidade ensina liderança, produtividade e cultura nas empresas.

Por Ricardo Guerra, CEO do Wellhub no Brasil
17 jul 2025, 18h48
Fotografia de Maquina de pelúcia escolhendo um rosto sorridente positivo.
 (Wong Yu Liang/Getty Images)
Continua após publicidade

Imagine uma aula em Harvard tão procurada que precisou ser transferida para o maior auditório da universidade. Agora imagine que essa aula era sobre… felicidade.

Foi com esse currículo de peso que o Dr. Tal Ben-Shahar, um dos fundadores da Psicologia Positiva e referência mundial no tema, subiu ao palco do nosso primeiro WellSummit. Com sua fala apaixonada e repleta de evidências, Tal fez uma provocação poderosa: e se a felicidade no trabalho não for só um ideal nobre, mas uma das estratégias de negócios mais inteligentes que uma empresa pode adotar?

Segundo ele, até mesmo pequenos aumentos nos níveis de bem-estar (de 3% a 4%) já elevam significativamente a criatividade, o engajamento, a motivação, a inovação e a performance geral das equipes. E o oposto também é verdadeiro: negligenciar a saúde emocional e física das pessoas gera impactos diretos sobre absenteísmo, rotatividade e produtividade.

No Brasil, essa visão estratégica sobre felicidade e saúde nas empresas começa a ganhar força, e agora vem embasada por dados inéditos. Em nosso estudo “ROI do Bem-Estar: A Visão dos CEOs”, no qual ouvimos 1.500 CEOs em dez países, 82% relataram retornos positivos com programas de bem-estar. Eles associam diretamente essas iniciativas à maior retenção de talentos (73%), à queda nos custos com saúde (68%), à redução do absenteísmo (67%) e ao aumento da produtividade (56%). É a confirmação do que a ciência já vinha indicando: bem-estar é um ativo estratégico, não um gasto opcional, e não pode mais ser tratado como um benefício periférico. Ele deve estar no centro das decisões de negócio. E a liderança precisa ficar na linha de frente dessa transformação.

Ser feliz não é rejeitar emoções negativas

O desafio, como bem colocou o doutor Tal, é entender que não existe felicidade real sem humanidade. E a primeira lição nesse caminho é aceitar que ser feliz não significa estar bem o tempo todo. “O primeiro passo para a felicidade é permitir-se estar infeliz.” A negação das emoções humanas, impulsionada por uma cultura de produtividade tóxica e por redes sociais que só exibem recortes idealizados, tem gerado uma epidemia silenciosa de esgotamento, ansiedade e desconexão emocional no ambiente corporativo.

Continua após a publicidade

O professor Tal demonstrou grande entusiasmo ao falar para uma audiência de líderes que valorizam o cuidado com a força de trabalho, ressaltando que o conceito de antifragilidade  (ou “resiliência 2.0”) é a chave para transformar estresse e adversidade em crescimento. Diferente da resiliência tradicional, que busca apenas restaurar o estado anterior ao estresse, a antifragilidade permite que o indivíduo se fortaleça e evolua a partir das dificuldades enfrentadas. Um exemplo dessa ideia é o crescimento pós-traumático (CPT).

Embora menos conhecido que o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o crescimento pós-traumático pode ser até duas vezes mais comum, desde que algumas condições essenciais estejam presentes. Entre elas, Tal destaca a importância da “permissão para ser humano”, isto é, permitir-se sentir e expressar as emoções, inclusive as mais difíceis, sem repressão ou julgamento. Além disso, enfatiza a necessidade de momentos regulares de recuperação, que ajudam a processar o estresse e facilitam a transformação das dificuldades em aprendizado e fortalecimento.

Pausas necessárias

Nesse sentido, Tal destaca o papel essencial dos líderes em proporcionar essas condições dentro das organizações. Paralelamente, disse que o Wellhub contribui para esse processo ao criar “ilhas de sanidade”: momentos ao longo do dia, da semana e do mês em que o colaborador pode se reconectar com sua saúde física e mental, seja por meio de uma aula de dança, da prática de meditação, de uma conversa com um psicólogo ou mesmo de uma simples caminhada sem o celular.

Continua após a publicidade

Essas pausas não são perda de tempo; pelo contrário, são fundamentais para ativar os sistemas que nos tornam mais criativos, resilientes e capazes de lidar com a complexidade do mundo atual. E quanto mais desafiador o ambiente, mais essencial se torna essa capacidade de recuperação e crescimento.

Tal trouxe também outra reflexão essencial para a liderança: a prática do cuidado com os outros só é sustentável quando começa com o cuidado consigo mesmo. Em um estudo citado por ele, os profissionais mais bem-sucedidos eram aqueles que sabiam equilibrar generosidade com autocuidado. Dar sem se esgotar.

Em um mundo cada vez mais volátil, ansioso e fragmentado, a felicidade no trabalho passou a ser um imperativo de negócio. As empresas que entenderem isso primeiro terão uma vantagem competitiva imensa, não apenas na retenção de talentos ou na redução de custos com saúde, mas na construção de uma cultura forte, inovadora e verdadeiramente humana.

Continua após a publicidade

Como disse o professor de Harvard, felicidade é um bom investimento. E os líderes do futuro serão aqueles que aprenderem a tratá-la como tal.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 2,99/mês*

Impressa + Digital

Receba Você RH impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$35,88, equivalente a 2,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.