Na última terça (27), o presidente da Globo, Paulo Marinho, deu uma palestra na 50ª edição do CONARH, maior evento brasileiro de recursos humanos, na zona sul de São Paulo. Na ocasião, o executivo revelou bastidores da transformação de cultura que a Globo promoveu nos últimos anos – e defendeu o papel estratégico do setor de RH.
“Eu enxergo o RH como um guardião da cultura, mas também dos negócios”, afirmou Paulo durante a primeira palestra magna do evento, após a cerimônia oficial de abertura. Aline Midlej, jornalista da Globo News, ajudou a conduzir a palestra, fazendo perguntas ao neto de Roberto Marinho. Paulo Vieira, comediante e apresentador do GNT, também participou do evento.
Segundo Paulo Marinho, a Globo está promovendo mudanças internas há quatro anos, integrando empresas do grupo e buscando novas competências – principalmente digitais. O executivo afirma que a necessidade de se reinventar surgiu por conta das transformações tecnológicas que afetam significativamente o mercado de mídia.
“O primeiro desafio [da renovação] estava relacionado às pessoas que trabalham no grupo”, disse Paulo durante a palestra. “Porque você impacta processos decisórios, muda dinâmicas de influência e poder… Não é um processo fácil. Nós brigamos bastante, principalmente no início.” O presidente afirma, porém, que hoje está feliz com o momento da empresa.
Inovação e tecnologia na Globo
A Globo contou com a ajuda de uma consultoria para se reorganizar. Na época, pessoas que ocupavam cargos estratégicos juntaram-se em grupos multidisciplinares para redesenhar macroprocessos – e, nas palavras de Paulo, “repensar muita coisa”. A reestruturação juntou TV Globo, Som Livre, Globoplay e outras no mesmo balaio.
A necessidade de investir em tecnologia e inovação estava no cerne das mudanças – e tomou muita atenção dos profissionais da empresa durante dois ou três anos. O resultado é que, hoje, todo o conteúdo da Globo está disponível digitalmente, por exemplo.
“Também obtivemos um conhecimento profundo sobre os telespectadores brasileiros, investindo em coleta de dados”, disse o executivo. A empresa de mídia teria melhorado a curadoria, o desenvolvimento e a entrega de conteúdo, tornando-se mais assertiva. Além disso, adotou ferramentas de inteligência artificial para otimizar campanhas e aprimorar seu sistema de recomendação de conteúdos (na Globoplay), por exemplo.
Sobre o tema da IA, Paulo abriu um parênteses: “Nós apostaremos, sim, na inteligência artificial generativa a médio prazo. Mas sempre de maneira complementar, porque valorizamos muito os nossos talentos”.
Cultura da Globo
A cultura organizacional também passou por um processo de renovação. O presidente da Globo contou que a empresa de mídia revisou seu manifesto de cultura três vezes nos últimos anos, de modo a valorizar a colaboração. (Hoje, o slogan da companhia é “juntos, fazemos história”.)
A Globo também revisou sua estratégia de remuneração para melhorar a variação salarial de longo prazo. Investiu no desenvolvimento de lideranças e em programas de sucessão, que incluem níveis cada vez mais baixos da pirâmide hierárquica. E está alcançando “números muito consistentes e robustos” no que diz respeito ao aumento da diversidade.
“Nós falamos com milhões de pessoas”, disse o executivo. “Acreditamos que investir na diversidade é a melhor maneira de representarmos ‘os muitos Brasis’ nas telas.”
O presidente da empresa afirma que, apesar de tanta transformação, algumas coisas não mudam. “Queremos continuar sendo um ponto de encontro para os brasileiros, que são nossa fonte de inspiração.”
Erramos: uma versão anterior desse texto dizia que Paulo Marinho era filho de Roberto Marinho. Mas ele é neto do jornalista e empresário.
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