O aumento da violência doméstica contra a mulher coloca o Brasil no 5º lugar no ranking mundial de países em que mais se matam mulheres por questões de gênero – o chamado feminicídio, expressão dada à morte intencional de mulheres apenas pelo fato de serem mulheres. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que no Brasil morrem 15 mulheres por dia e a cada dois minutos cinco sofrem agressões físicas.
Observando esses números alarmantes, as empresas passaram a se engajar no combate a essa atrocidade que ainda está tão presente nos dias atuais, criando programas de acolhimento às suas colaboradoras. Grandes empresas no Brasil colocam a violência doméstica na pauta do RH, com iniciativas como canal para denúncias, suporte jurídico e até a possibilidade de transferência para outra cidade, quando a empresa tem filiais.
O problema da subnotificação
Esse é um problema social, por isso todos podemos e devemos ser agentes da interrupção desta barbárie, mas, para as empresas essa deve ser uma preocupação ainda maior. Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará em parceria com o Instituto Maria da Penha revelou que as mulheres vítimas de violência doméstica faltam até dezoito dias por ano, causando um prejuízo aproximado de 1 bilhão de reais ao Brasil. Além disso, a violência doméstica diminui o desempenho e muitas vezes interrompe a carreira dessas profissionais.
Há uma forte subnotificação dos casos de violência, tendo em vista que, em média, 50% das mulheres sofrem violência doméstica sem falar sequer para a família e apenas 22% das mulheres agredidas procuram um órgão oficial e a DDM (Delegacia da Defesa da Mulher) é a instituição mais buscada. Ou seja, a maioria não registra a violência sofrida e não dá pistas ou sinais da violência que vivem em seus lares. Assim, muitas empresas apenas sabem destas violências quando a mulher falece.
Acolhimento
As mulheres vítimas de violência doméstica precisam de acolhimento, de um lugar seguro fora de casa para saírem do ciclo de violência. Nessa esfera, o apoio de suas empregadoras é crucial, inclusive fazendo parte da legislação de alguns países. As empresas devem auxiliar essas mulheres de forma a proporcionar trabalho flexível, com licenças para que elas possam se mudar de residência e atender aos cuidados com seus filhos, além de proporcionarem a transferência quando existir essa possibilidade. Outro ponto muito importante é a mulher não perder o emprego nessa hora que mais precisa, já que a falta de dinheiro pode ser um fator que as deixa presas a esse ciclo de violência por medo caírem em situação de precariedade econômica.
Segundo a Organização das Nações Unidas, um terço das mulheres já experimentou atos de violência pelos seus parceiros. É preciso quebrar esse ciclo. Juntos, governos e Sociedade civil, podemos lutar por um mundo mais justo e uma sociedade mais coesa.