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Edwiges Parra

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Psicóloga e professora de educação executiva da FGV, especialista em saúde mental corporativa e dependências tecnológicas
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Burnout: segunda onda da saúde mental será no ambiente digital

Por que o ser humano deve estar no centro das estratégias empresariais mesmo no ambiente digital

Por Edwiges Parra, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 1 fev 2023, 13h39 - Publicado em 30 jan 2023, 16h48
Mulher de cabelo comprido e jaqueta jeans conversa com terapeuta
 (Priscilla du Preez/Unsplash/Divulgação)
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emorou anos para que de fato houvesse um reconhecimento da sociedade da relevância e importância de falarmos sobre saúde mental em amplos espectros, e não somente entre os meios acadêmicos da área da saúde ou no contexto de tratamento.

Hoje já não nos causa estranheza falarmos das doenças mentais, como depressão, transtornos ansiosos, síndrome do pânico, transtorno afetivo bipolar, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome de burnout. No mundo do trabalho, as empresas compreenderam a importância e a necessidade global de cuidar desse tema.

Tudo isso a partir de variáveis ambientais que atravessaram vários aspectos, de questões econômicas até impactos biológicos trazidos com a pandemia (2020/2022), que demonstrou que o conceito do ser humano no centro de todas as transformações deve ser considerado para garantir o desenvolvimento e o bem-estar completo, físico e mental, do indivíduo.

Talvez muitos não se deem conta, mas estamos numa nova era, uma nova fase de evolução: a Revolução Industrial 4.0 ou Nova Economia.

O Fantástico Mundo Digital

A Era da Informação ou era digital designam os avanços tecnológicos vindos da Terceira Revolução Industrial e que reverberam na difusão de um ambiente virtual, o ciberespaço, um meio de comunicação instrumentalizado pela informática e pela internet.

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Novos vocabulários surgiram e marcam a nossa forma de comunicação. Muitos deles fazem parte de nosso dia a dia, como on-line, streaming, hashtags, flopar, reset, deletar, fake news, WhatsApp, DM.

Os impactos positivos da era digital

  • Conexão com as informações que quebram fronteiras, otimizam o tempo e facilitam o trabalho.
  • Mudança do jeito de se fazer negócios: empoderamento de empresas com uma imensidão de dados e interações de redes.
  • Possibilidade de inovação disruptiva e uso das tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas e computação em nuvem.
  • Otimização de fluxos de imagem.
  • Automatização, inovação e customização de processos.

Assim como toda história da evolução humana, há bônus e ônus dessas transformações e adaptações. Apesar de a evolução tecnológica trazer tantos benefícios para a sociedade, há distorções importantes que estão trazendo muitas preocupações para nós, especialistas da área da saúde, das ciências humanas e do segmento da psicologia do trabalho, que são os aspectos de adoecimento mental pelo uso abusivo de telas que culminam em novos e disfuncionais padrões de hábitos, levando a comportamentos de vício relacionados à internet e às tecnologias, o que potencializa ainda mais os transtornos ligados à depressão e ansiedade.

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Vivemos uma era frágil de adultos frágeis — não só fisicamente, mas psiquicamente —, incapazes de lidar com situações adversas e querendo uma vida perfeita, livre de sofrimentos. Isso é uma alienação. É um mundo de gratificação instantânea, com pouco esforço e com um imediatismo que precisa ser atendido na “velocidade da luz”. É um mundo de likes que, pela repetição do comportamento, leva ao hábito disfuncional, à dependência, que gera o vício por meio de estímulos digitais. Uma geração que exige muito dos outros e da sociedade, mas não faz questionamentos profundos acerca dos seus deveres para com os outros. Uma sociedade deprimida, com problema de autocontrole, impulsiva e que faz uso de remédios que tirem qualquer sensação de desconforto psíquico e emocional.

Por que falar dos adultos?

Porque a construção de novas famílias e a qualidade da gestão destas organizações parentais têm um papel fundamental para a proliferação dessa alienação digital, o que corrobora para uma sociedade ainda mais doente, viciada e disfuncional. Sabe-se que a iniciação ao uso de telas começa em casa, pelos pais, sejam motivados para ganharem um tempo de descanso após uma jornada de trabalho, seja porque esses pais também são hiper conectados com as telas.

Burnout digital

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso abusivo da internet vem aumentando drasticamente nos últimos 20 anos. Esse aumento veio associado a consequências negativas para a saúde. A rolagem infinita, pensada para proporcionar uma melhor experiência ao usuário, se tornou um pesadelo por ser altamente viciante. O inventor desse recurso, Aza Raskin, demonstrou arrependimento pela sua criação e afirmou que “estamos colocando toda a humanidade no maior experimento psicológico já feito”. O uso excessivo também causa a exaustão mental pela intoxicação relacionada à exposição digital excessiva.

O papel das empresas

Uma sociedade doente produzirá impacto também no ambiente organizacional, comprometendo o meio. Em minhas aulas para líderes, percebo que esse tema tem sido cada vez mais frequente. Gestores têm receio em lidar com a questão entre as equipes, porque os problemas psicoemocionais estão mais recorrentes, e ao mesmo tempo querem cuidar melhor de si.

A travessia da saúde mental continua

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Só que agora ela deve percorrer e considerar o contexto da era digital. As empresas devem promover fóruns de discussão com profissionais de saúde mental e especialistas dentro desse contexto com ações educativas de cidadania digital e saúde mental digital e promover políticas e processos corporativos que ajudem na conscientização para o uso funcional das tecnologias, contribuindo para uma sociedade abundante e imunologicamente saudável!

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