Por que o psicólogo é o profissional mais importante do momento
A psicologia está ganhando protagonismo na pandemia por ser uma ciência fundamental no combate ao crescimento das doenças mentais
Passados 59 anos desde a formalização da profissão de psicólogo, a ciência da psicologia assume seu lugar como protagonista no apoio para a sociedade brasileira lidar com a maior crise humanitária de saúde dos últimos 100 anos. A temática está tão em alta que a psicologia foi uma das três carreiras com o maior aumento na concorrência da Fuvest de 2020, ficando atrás apenas de medicina e fisioterapia.
A psicologia ainda é nebulosa para aqueles que a entendem como uma ciência subjetiva. Para deixar o conceito mais claro e combater distorções cognitivas (erros conceituais de aprendizagem), crença e estigmas, trago aqui uma descrição da Psicologia.
Começo pela etimologia da palavra, que nos apresenta a origem e o significado correto sobre aquilo que desejamos saber. A raiz da palavra Psicologia é grega, sendo que “psyché” significa alma ou mente, e, “logia”: estudo ou conhecimento. Assim, podemos entender o termo como a ciência que faz o “estudo da alma” ou ao “conhecimento da mente”.
Muitos filósofos e pensadores gregos, egípcios, indianos e chineses se preocuparam em investigar e descrever o funcionamento da mente humana. Porém, no ocidente, a psicologia enquanto ciência foi estabelecida pelo alemão Wilhelm Wundt.
O que a psicologia estuda?
Segundo a APA (American Psychological Association), a psicologia é responsável pelo estudo da mente e do comportamento humano, englobando todos os aspectos da experiência humana e de seus processos cognitivos. No campo de estudo, entram facetas do comportamento observável, que se refere às atividades que desenvolvemos diariamente, como estudar, dormir, trabalhar, praticar esportes e a forma como nos relacionamos com outras pessoas, por exemplo. Há também as atividades internas, menos perceptíveis ou tangíveis, representadas pelos processos subjetivos (não palpáveis) e privados, como pensamentos, emoções, sonhos e memórias, entre outros.
Atualmente, a psicologia pode ser entendida tanto como uma ciência quanto como uma profissão. A ciência preocupa-se em expandir o campo de estudo investigando as evidências empíricas e formulando novas teorias ou reformulando as teorias já existentes.
As áreas de atuação da psicologia e os preconceitos enfrentados
A psicologia atua em diversas áreas como: Saúde Mental, Trânsito, Social, Educacional, Esportes, Hospitalar, Jurídica, Social, Neuropsicologia, Orientação Vocacional, Meio Ambiente e na área Organizacional e do Trabalho – esta última tem pouca expressividade no Brasil devido ao preconceito sobre sua efetividade nas relações do trabalho. O que é exatamente o oposto de países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha e Suíça. Por lá, estudos sobre as relações de trabalho, saúde mental dos trabalhadores, síndrome de burnout, regulação emocional e produtividade têm bastante relevância.
O curioso – e um tanto dicotômico – é que as áreas da administração e de recursos humanos são admiradores das teorias e metodologias ligadas às questões do universo da psicologia, tais como Inteligência Emocional, Comunicação Não Violenta, Plano B, Segurança Psicológica, Cultura Organizacional e Teoria da Motivação representadas pelos psicólogos Adam Grant, Daniel Goleman e Marshall B. Rosenberg.
A Psicologia Organizacional se ocupa em aplicar a psicologia aos problemas organizacionais. Não lida diretamente com os problemas emocionais dos indivíduos, mas o psicólogo tem condições de diagnosticar uma situação que necessite de um acompanhamento.
Além disso, visa compreender o comportamento do indivíduo e o movimento das relações humanas com o objetivo de aumentar a qualidade de vida das pessoas no ambiente de trabalho. O foco dessa área, portanto, são a pessoas e seu bem-estar psicológico.
O interesse por compreender o mecanismo cognitivo do ser humano vem seduzindo outras ciências como Medicina, Economia, Neurociência, Tecnologia, Nutrição, Inteligência Artificial e outras áreas, desde Moda e Consumo, passando por Marketing e Games. Isso porque se notou a importância de estudar o cognitivismo – a crença de que boa parte do comportamento humano explica como as pessoas pensam a partir da forma como interpretam o mundo a sua volta.
A influência da crise
A crise econômica de 2014 no Brasil em 2014 trouxe aumento expressivo do índice de desemprego e, consequentemente, gerou sérios prejuízos à saúde mental dos trabalhadores e, consequentemente, da sociedade. Tanto que o índice de afastamento por diagnóstico de transtornos mentais em 2016, segundo o INSS, assumiu o posto de 3º lugar.
Além disso, naquele mesmo ano a depressão representou 37,8% dos casos de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais registrados e foi a terceira maior causa de afastamentos registrada pelo INSS. Outras causas de afastamentos são: estresse, ansiedade, transtornos bipolares, esquizofrenia e transtornos mentais relacionados ao consumo de álcool e cocaína. Em 2016, 199.000 pessoas se ausentaram do trabalho e receberam benefícios relacionados a estas enfermidades.
As empresas não estavam preparadas para lidar com esse cenário de doenças invisíveis, não compreendidas, cheias de tabus e de preconceitos.
A avalanche de doenças mentais na pandemia
No ano da pandemia, a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais e comportamentais bateu recorde. Em 2020, foram 576.600 afastamentos, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho — uma alta de 26% em relação ao registrado em 2019.
Quando olhamos para o auxílio-doença, os afastamentos por causa de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, registraram a maior alta entre as principais doenças indicadas como razão para o pedido do benefício. O número de concessões passou de 213.200 em 2019 para 285.200 em 2020 – um crescimento de 33,7%, que superou os problemas osteomusculares e do sistema conjuntivo e, até, as lesões causadas por fatores externos, como os acidentes de trabalho.
Infelizmente, os prejuízos à saúde mental serão ainda mais sentidos nos próximos dois a cinco anos. Por isso, as empresas devem contemplar em seus planos de recuperação e crescimento os cuidados efetivos na promoção da saúde mental, o que pode ser feito com a contratação de profissionais especializados em saúde mental para dar apoio a seus funcionários garantindo um ambiente saudável e sustentável.
O objetivo dos psicólogos é melhorar as condições humanas, orientando-se por princípios éticos que devem evitar problemas e danos às pessoas em seu ambiente de trabalho, O que queremos é ajudar as pessoas e as organizações a atingir seus objetivos, com equipes motivadas e saudáveis.
Estamos aqui para isso. Contem conosco!