Como funciona e para que serve o teste Hogan de personalidade
A avaliação é útil tanto para o RH quanto para os entrevistados – e se baseia na Big Five, teoria amplamente reconhecida entre pesquisadores da psicologia.
Recentemente, participei do programa de certificação da Hogan Assessments, que me habilitou a aplicar e interpretar as avaliações dessa empresa de psicologia organizacional – ferramentas muito usadas para avaliar candidatos e realizar planos de desenvolvimento e sucessão. Portanto, quero compartilhar o que está por trás desse teste de personalidade.
Origem do teste Hogan
Quem criou a metodologia foi o psicólogo Robert Hogan na época da Guerra do Vietnã. Ele trabalhava junto ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e sua missão era ajudar a definir quais soldados deveriam estar nos campos de batalha e quais deveriam trabalhar em áreas administrativas.
Na época, o método de Hogan identificava a resiliência emocional dos candidatos e sua capacidade de se adequar a determinadas tarefas sob pressão extrema. Em 1987, ele fundou sua própria empresa, a Hogan Assessments, e levou a metodologia ao mundo corporativo.
Nas empresas, esse teste de personalidade ajuda os profissionais de RH a selecionar talentos, mapeando habilidades e valores pessoais, mas também a desenvolver os colaboradores, identificando pontos de melhoria.
Como o teste funciona
A base do teste de Hogan é a teoria dos cinco fatores (ou “Big Five”), amplamente reconhecida entre pesquisadores da psicologia. Ela descreve a personalidade humana a partir de cinco dimensões: (1) abertura a experiências; (2) conscienciosidade, ou seja, a capacidade de se impôr disciplina sem pressão externa; (3) extroversão; (4) amabilidade; e (5) neuroticismo, ou seja, o grau de irritabilidade ou sensibilidade de uma pessoa.
Assim, quando alguém responde ao questionário do teste, podemos prever seu desempenho profissional, suas chances de sucesso no trabalho, seu potencial de liderança, seu comportamento sob estresse e outros aspectos de sua personalidade.
Muitos dos testes de personalidade apresentam resultados com base na visão que o indivíduo tem de si mesmo. O teste de Hogan é diferente: ele considera não apenas a autoavaliação, mas também a percepção de quem já se relacionou com pessoas com o perfil do entrevistado. Com essa dinâmica, o teste também pode prever a reputação da pessoa, por exemplo.
Há três instrumentos principais de avaliação, que fornecem relatórios detalhados e permitem uma análise personalizada para cada empresa:
- HPI: avalia traços de personalidade e se concentra na compatibilidade de alguém com determinado cargo. É ideal para prever o desempenho e identificar o potencial de liderança
- HDS: analisa os “descarriladores” que podem surgir em momentos de estresse, como arrogância ou dificuldade de delegar.
- MVPI: analisa valores pessoais e identifica a compatibilidade de alguém com determinada cultura organizacional.
Como todo teste comportamental, o Hogan pode se enganar. Mas ele é bastante confiável, tem um inventário de respostas de 150 mil participantes, e profissionais do mundo todo utilizam a ferramenta, com tradução para 45 idiomas.
Não existe resultado certo
Como afirma Alexandre Furtado, CEO da Edge Brasil, com quem conquistei minha certificação, não existe certo ou errado quando o assunto é personalidade. “O objetivo dos relatórios, na verdade, é avaliar se existe compatibilidade entre a pessoa avaliada e a cultura da empresa, o estilo de gestão ou determinado projeto, além de apresentar dados que apoiem o PDI de cada respondente.”
Além disso, a sensação de receber descrição de nossa personalidade, de uma maneira tão detalhada e profunda, pode ser impactante. É algo que nos estimula a refletir sobre nossas possibilidades e nossos pontos de melhoria.
Se, em algum momento, você tiver a chance de responder ao teste em um processo seletivo, faça-o de mente aberta. Aproveite e peça uma cópia do relatório. Quem sabe ele te inspire, assim como fez comigo.