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Contraproposta: muito do que você precisa saber sobre ela

Ela acontece quando um empregador convence o colaborador a ficar na empresa com base no que esse profissional tinha de expectativa

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
29 out 2021, 09h29

Falar sobre contraproposta é sempre um tema atual e necessário. Eu, por atuar como headhunter e diariamente ajudar pessoas a se movimentarem entre as empresas, vejo o tema me rondar no dia a dia, com todos os seus vieses, e acho válido compartilhar um pouco de informação aqui na coluna.

O que é uma contraproposta?

É quando um empregador, ao se deparar com um pedido de demissão, convence o colaborador a ficar na empresa com base no que esse profissional tinha de expectativa. Pode ser a promessa de uma expatriação, promoção, mudança de área ou aumento de salário. Isso, somado a um apelo emocional, que, em geral, inclui dizer o quanto o tal colaborador é importante para aquela organização.

Quais são os riscos de fazer ou aceitar uma contraproposta?

O que vejo no meu dia a dia, e já vi em pesquisas também, é que, na maioria dos casos, a pessoa que opta por ficar na empresa após receber uma contraproposta acaba saindo da organização em cerca de seis meses depois, seja por decisão própria ou do empregador. Já vi estudos indicando que esse índice de saída é superior a 80%.

Por que os profissionais voltam a pedir demissão após aceitar uma contraproposta?

Em primeiro lugar, porque, em geral, os fatores de insatisfação que levaram o profissional a se abrir para uma nova oportunidade costumam continuar existindo mesmo após a contraproposta. O que vejo, aliás, é que quando alguém toma a decisão de sair de uma companhia, geralmente, a decisão é motivada por uma soma de fatores, que podem ser clima organizacional, gestão, pares de trabalho, cultura da empresa ou salário, por exemplo. Isso quer dizer que, por mais que a empresa ajuste alguma dessas insatisfações, será difícil agradar completamente o profissional e, em pouco tempo, a tendência é que ele volte a ficar insatisfeito.

Outro ponto é a quebra na relação de confiança. Seja qual for o discurso do gestor, ele ficará com “um pé atrás” com o profissional que pediu demissão, por receio de que a situação volte a se repetir em um curto prazo. Em alguns casos, pode até despertar um rancor que vai se manifestar nas entrelinhas do dia a dia. Isso acontece porque líderes são seres humanos e as pessoas, por natureza, não gostam de serem rejeitadas. Então, é natural que fique um clima esquisito, frio ou distante nos meses seguintes à contraproposta. Inclusive, já vi casos em que novos projetos começaram a ser mais direcionados para aqueles que não sinalizaram vontade de sair da empresa.

Uma outra questão é que os outros colaboradores, muitas vezes, ficam sabendo do ocorrido e também excluem aquele profissional do círculo de amizades. Por mais que se goste dessa pessoa, a tendência é de que os demais fiquem incomodados com o fato de que que o outro teve um aumento porque pensou em sair, enquanto eles, que se mantém firmes e fortes na posição, não receberam um reconhecimento.

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Pode acontecer também de a empresa prometer algo para o profissional que deseja sair e não cumprir. Agora na pandemia, vi muitas empresas prometendo expatriações e promoções para aqueles que demonstraram desejo de se movimentar. Mas, na prática, muitos continuam com tudo igual, pois a organização não especificou uma data para a entrega do tal benefício, usando a pandemia como argumento para estender o prazo cada vez mais.

O que leva uma empresa a demitir um profissional que aceitou uma contraproposta?

O primeiro motivo pode parecer cruel, mas é bastante comum, infelizmente. Algumas empresas prometem de imediato algo que o profissional deseja simplesmente porque não podem ficar sem aquele colaborador de uma hora para outra. Então, imediatamente após ter sucesso na retenção, abrem um processo seletivo confidencial e, quando encontram alguém aderente à vaga e motivado por trabalhar lá, optam pela substituição. Como headhunter, já ouvi de muitos empregadores que a vaga existe e é confidencial porque quem está na posição não está feliz, aceitou se manter na empresa por uma contraproposta, mas pode sair a qualquer momento. Então, a empresa se adianta para não correr riscos.

Outro ponto é que, quando a contraproposta envolve aumento de salário ou de benefícios sem planejamento, o tal profissional acaba se tornando caro para a organização, o que pode levá-lo a ser cortado do quadro em pouco tempo. E também existe o fator da quebra de confiança, que, no dia a dia, mina a relação entre líder e liderado.

Tome decisões conscientes e planejadas

A melhor dica que eu dou é: antes de se abrir para o mercado, mapeie de forma leve e bem planejada se, na empresa em que você trabalha, existe alguma possibilidade de melhorar as suas insatisfações ou atender suas expectativas. Avalie muito bem esses fatores antes de pensar em pedir demissão. Talvez, nessa investigação, você descubra que o que te desagrada é algo já enraizado na companhia ou com pouca chance de mudança, como cultura, porte, localização ou visão, entre tantos outros pontos que não podem ser “comprados” por uma promoção ou aumento de remuneração. Com essas ideias claras em mente, fica mais fácil aceitar outra proposta de trabalho, quando ela chegar.

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Minha recomendação é que se você decidir aceitar outra proposta, não volte atrás. A chance de você se arrepender de ter ficado pelos fatores que expliquei são muito grandes. Não vale a pena colocar a sua carreira em risco na empresa atual e se queimar com o novo contratante. Eu, particularmente, tenho muitas situações para citar de pessoas que aceitaram uma contraproposta e, pouco tempo depois, voltaram a me procurar desesperadas para buscar outras vagas no mercado de trabalho, seja pelo clima insustentável ou por terem sido desligadas.

Minha intenção com esse texto não é condenar quem aceita ou faz uma contraproposta, mas sim alertar para os diferentes riscos que estão por trás dela. Infelizmente, dificilmente, um profissional recebe uma contraproposta por ser especial e a empresa ter finalmente enxergado isso. A contraproposta é uma prática muito comum no mercado de trabalho porque as empresas sabem que, diante de profissionais que se abram para o leilão, eles conseguem um fôlego para encontrar um substituto para aquela função. O correto é que a empresa reconheça o profissional tão logo ele mereça e não quando ameace sair.

Ao sair, deixe as portas abertas

Então, quando você optar por comunicar que tem uma nova proposta de trabalho, seja firme e de fato saia da empresa. Deixe claro no pedido de demissão que tem disposição para ajudar na transição e contribua para que as portas fiquem abertas, mas seja firme. Nesse processo, se puder, evite abrir para onde está indo e qual será a nova remuneração. Isso ajudará a evitar o constrangimento dessa pressão por ficar na empresa atual.

Espero ter ajudado com as informações, pois esse é um assunto ainda tido como tabu nas empresas e entre os colaboradores, o que faz com que os profissionais se sintam perdidos sobre o que fazer quando a contraproposta é apresentada.

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(VOCÊ RH/Divulgação)
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