Ter um plano de carreira é o desejo de muitos profissionais, porém algumas pessoas ainda delegam essa responsabilidade à empresa na qual trabalham quando, na verdade, cada um de nós deve ser o responsável pelo próximo passo na própria carreira. Mesmo porque, em muitos casos, para tirar o plano do papel, é possível que seja necessário mudar de empresa. Isso sem falar que não devemos terceirizar algo tão pessoal e importante quanto o nosso próprio plano de carreira.
Existem empresas que estruturam um plano de carreira para seus funcionários? Sim. Mas, normalmente, são planos de ciclos curtos, como sugerir o próximo passo daquela pessoa dentro da própria empresa em um período de um ou dois anos, caso ela cumpra um determinado objetivo. Costuma ser algo bem pontual. Já o plano de carreira traçado pelo indivíduo deve ser algo mais personalizado e detalhado, considerando o longo prazo.
Plano de carreira é realmente útil
Um plano de carreira é muito útil para guiar quais devem ser os próximos passos do profissional em termos de estudos acadêmicos, de idiomas e de desenvolvimento de habilidades comportamentais. Esse planejamento ainda costuma motivar o profissional, gerando autoconfiança, principalmente quando a pessoa percebe que está conseguindo cumprir metas das ações para alcançar as posições desejadas. É também uma ferramenta para ajudar o profissional a se posicionar diante da liderança direta com relação aos passos que tem interesse em seguir. Com esse planejamento em mãos, os recrutadores terão mais recursos para te indicar oportunidades que tenham a ver com seus planos.
Seja realista
O plano de carreira deve ser pessoal e individualizado, mas também realista e com metas alcançáveis. O ideal é que ele preveja um objetivo maior, algo como o que você considera o topo da sua carreira, e outros menores, em uma linha de evolução, ao longo do caminho. É importante mencionar que esse planejamento pode e deve evoluir junto com o profissional. É um documento vivo e mutável, que deve ser constantemente revisto e ajustado sempre que necessário. É uma iniciativa que tem a ver com definir quem você é e qual tipo de profissional você gostaria de se tornar. Ao definir as etapas para atingir o objetivo maior, é fundamental que cada aprendizado ou evolução esteja acompanhada por uma estimativa de prazo e recursos necessários para cumprir a meta.
Antes de elaborar seu plano, busque respostas para essas perguntas
Uma etapa fundamental da elaboração do plano de carreira é a definição do seu objetivo profissional. Para isso, o autoconhecimento é muito importante. Por isso, sugiro que você reserve um tempo para refletir sobre seis perguntas:
1. Qual é o meu momento?
A ideia dessa pergunta é fazer você refletir se está feliz na empresa e na função atual. Também é um momento para entender o que uma nova oportunidade precisaria ter para te motivar a trocar de emprego. Será que a empresa atual poderia melhorar algo para te reter de uma maneira mais eficiente?
2. Nos momentos em que eu fui mais feliz na minha vida profissional, o que me gerava satisfação?
Ao responder essa pergunta, talvez você descubra que o que te engajava era a gestão, o clima organizacional, o propósito da ação ou do projeto ou a equipe em si. Há pessoas que valorizam a localização da empresa ou a qualidade de vida, entre tantos outros fatores. Faça um exame de consciência e tente identificar quais foram os pontos fundamentais que te deixaram feliz naquele período. Essas serão ótimas pistas para você entender o que realmente te motiva a trabalhar.
3. O que eu valorizo em uma empresa?
Muitos de nós passamos muito tempo do dia em contato com os assuntos profissionais. Então, é muito importante que a gente possa trabalhar com empresas e projetos que admiramos. Por isso é importante que você tenha em mente o que te atrai em uma empresa. Alguns pontos muito citados pelos profissionais são a nacionalidade, o porte da companhia, o segmento de atuação, o produto ou serviço oferecido, o investimento nas pessoas, a localização, o espaço físico da organização, os benefícios ou os equipamentos tecnológicos. A lista é bastante extensa e todos os itens são legítimos. Você só precisa encontrar os que mais te agradam.
4. O que eu valorizo na liderança?
É interessante saber identificar com qual tipo de líder você consegue ter o melhor rendimento. Por exemplo, você prefere estar sob o comando de um líder que indique a meta e te dê autonomia para persegui-la, aquele mais participativo que ajude na construção da solução ou o que é mais presente e acompanhe o dia a dia das atividades? Há também o líder que tem a cultura de feedbacks claros e imediatos, enquanto outros preferem se preparar com uma lista de itens a serem trabalhados após um certo período de tempo.
5. O que eu gosto de fazer e em que não tenho muita habilidade ou paixão?
Toda oportunidade de trabalho terá aspectos, atividades ou responsabilidades que a gente gosta e outras das quais não gostamos tanto. Vai ser difícil você encontrar um emprego que te satisfaça 100% do tempo. Então, para minimizar o seu desgaste com coisas que te desagradam, é importante que você saiba com clareza quais tipos de atividades te despertam paixão e te motivam a dar o seu melhor e colocar em prática seus melhores talentos.
6. Onde eu gostaria de chegar e quando?
É muito comum ver pessoas atordoadas no dia a dia pelas mais diversas razões, querendo mudar de empresa ou se recolocar a qualquer custo. No entanto, ao conversar com mais profundidade com esses profissionais, percebo que nem todos têm clareza do que seria uma oportunidade ideal e muito menos de como seria a gestão ideal.
Eu acredito ser importante ter um objetivo claro e palpável com relação a tudo na vida, incluindo a carreira. Quanto mais bem definida for a sua rota, será melhor e mais fácil definir um plano para chegar ao seu destino. Pense em objetivos imediatos, de médio prazo e de longo prazo, olhando – pelo menos – dez anos para frente.
Após a definição do objetivo, pesquise quais são os passos que devem ser percorridos. Tenha paciência, suba um degrau por vez. Aos poucos, é possível chegar lá. Pesquise também quais são as expectativas das empresas com relação aos profissionais que ocupam os cargos que você deseja. Após esse mapeamento, seja honesto com você mesmo sobre quais são as suas habilidades e também as suas limitações. Eleja qual aprendizado vai investir primeiro e em quanto tempo pretende superar esse ponto a ser melhorado. Não esqueça também de aprimorar e destacar os seus pontos fortes sempre que possível.
Nenhum plano é estático
Como eu disse anteriormente, mesmo após ter estruturado o plano, crie o hábito de revisá-lo de tempos em tempos. Afinal, as pessoas mudam e o mercado de trabalho também. É normal que o seu plano acompanhe evoluções ou mudanças que aconteçam na sua vida.
Por fim, reforço a importância de ter um plano realista, alinhado com o momento do mercado e do setor de atuação, além – é claro – de metas atingíveis. Por exemplo, se para atingir um objetivo você precisa ter fluência no idioma alemão, mas não tem recurso financeiro ou tempo necessário para investir no aprendizado, o plano deixa de ser realista.
Por último, mas não menos importante
Com o plano de carreira em mãos, converse com pessoas mais experientes que você ou profissionais que você confia e admira, alguém que ocupe posições similares às que você deseja ocupar, líderes, headhunters ou profissionais de RH. Faça brainstormings (discussões abertas). Ouvir essas pessoas vai ajudar você a aprimorar ainda mais o seu planejamento e as ações, entendendo o que é viável ou não.
Dizem que “se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”. Na prática, isso é muito verdade. Mas, em se tratando de vida ou carreira, andar sem rumo pode nos levar para um futuro que não desejamos. Então, que tal aproveitar o final de semana para iniciar o seu planejamento de carreira e trazer alguma previsibilidade para o seu futuro?