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Por The School of Life
Diretora criativa da The School of Life
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O que queremos do trabalho?

Elegemos prioridades de carreira que, muitas vezes, só tornam mais complicado ser feliz na vida profissional.

Por Jackie de Botton, colunista de VOCÊ RH
19 jun 2023, 16h40
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e o mundo fosse perfeito, no momento de escolher uma ocupação, teríamos apenas duas preocupações principais: encontrar um trabalho de que gostássemos e que nos pagasse o suficiente para cobrir nossas necessidades materiais básicas. Mas, para pensar com tanta liberdade, clareza e simplicidade, teríamos de ser emocionalmente equilibrados de uma forma que poucos de nós somos. 

Na verdade, quando se trata de escolher um trabalho, tendemos a ser assombrados por três outras prioridades:

  1. Encontrar um trabalho que pague não apenas o suficiente para cobrir despesas materiais “razoáveis”, mas o bastante para impressionar outras pessoas, mesmo aquelas de quem não gostamos muito.
  2. Um que nos permita não ficar à mercê de outras pessoas, de quem podemos no fundo temer.
  3. Que nos torne conhecidos, estimados, honrados e, talvez, famosos, para que nunca mais tenhamos de nos sentir pequenos ou negligenciados.

É desnecessário dizer que esses três requisitos adicionais tornam a vida profissional ainda mais complicada. Podemos ficar presos escolhendo o que fazer, em vez de sermos capazes de nos concentrar nos trabalhos pelos quais somos apaixonados. Tendemos a distorcer nossa natureza para atender a esses “desejos”, muitas vezes invisíveis. Muitas pessoas deixam de trabalhar, por exemplo, como jardineira, carpinteira ou cozinheira porque seus impulsos psicológicos para impressionar, ter poder sobre os outros e serem conhecidas por estranhos impedem essas escolhas consideradas como mais modestas.

Alguma coisa no nosso ego diz que temos de almejar carreiras muito mais estelares, mesmo em áreas de que realmente não gostamos. E, então, ficamos propensos a entrar em pânico constantemente, já que a barra para “falhar” é muito maior. Sob pressão, podemos fazer movimentos precipitados, cortar atalhos, nos envolver em esquemas arriscados e não dar ao nosso trabalho o tempo e a calma de que ele tanto necessita. Seremos, com certeza, menos criativos e originais porque os perigos do fracasso parecem grandes.

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O amor é a resposta

O que nos permitiria fazer as escolhas certas de carreira é algo que parece, à primeira vista, nada ter a ver com o trabalho. Falo do amor, de uma profunda experiência de amor, tanto na infância quanto na idade adulta.

Uma criança devidamente amada é uma criatura que não precisa se provar de maneira significativa. Não precisa deslumbrar conhecidos o tempo todo ou reforçar o frágil senso de estima dos pais. Ela pode encontrar o caminho para seus próprios prazeres, não precisa surpreender. É especial o suficiente apenas por existir. 

Uma experiência de amor adulto aumenta ainda mais a sensação de segurança. Quando alguém nos ama adequadamente, sua paciência, preocupação e ternura nos fazem sentir enraizados e bem-vindos na terra. Não importa se ninguém sabe quem somos e se sobra muito pouco no final do mês. 

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“Duas pessoas apaixonadas ficarão felizes em dormir em um banco de parque”, escreveu D. H. Lawrence, uma ideia que pode não ser literalmente verdadeira, mas que transmite bem o espaço de manobra que o amor nos dá em relação às nossas prioridades materiais. Quando somos amados, não nos sentimos compelidos a trabalhar mais do que a tarefa exige, não precisamos acumular além da medida, já somos titãs aos olhos de outra pessoa.

Muitas vezes, quando as pessoas almejam poder, fortuna e fama em excesso, não é a ganância que as move, mas um sentimento angustiante de não ser amado, algo que deve despertar em nós compaixão e empatia. Elas parecem vencedores, mas, na realidade, são vítimas pouco felizes. Toda a atividade frenética das pessoas modernas de alta potência, em muitos casos, decorre de um sentimento de invisibilidade e falta de importância. É um trabalho movido pelas feridas da falta de amor. As conquistas excessivas, em muitos casos, são o legado de uma sensação emocionalmente danificada de que não basta apenas ser. Quanto dinheiro é necessário sem amor, quão pouco se pode viver com ele!

Pode ter se tornado uma segunda natureza para nós, tentar consertar feridas emocionais por meio de nossas escolhas e façanhas de carreira. Podemos nem perceber o que estamos fazendo. Mas eu te convido a ousar se perguntar: “O que eu poderia ter feito da minha vida se tivesse me sentido devidamente amado desde o início? O que eu posso fazer agora que tenho essa consciência?”.

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