A fadiga de decisão e seus efeitos silenciosos
Aceitar ou não um novo emprego? Devo investir em uma especialização? Mudar de área? Tantas escolhas comprometem nossa capacidade cognitiva.

Todos nós temos as mesmas 24 horas no dia. No entanto, a forma como utilizamos esse tempo precioso está diretamente ligada ao nosso sucesso profissional. Em meio à vida moderna, que nos impõe um ritmo frenético de escolhas, a verdade é que muitas pessoas se sentem cansadas. Não à toa, vemos uma crescente discussão de uma pauta importantíssima: a fadiga de decisões.
Um estudo da Cornell University aponta que tomamos, em média, 226 decisões apenas em relação à alimentação diariamente. Quando ampliamos essa perspectiva para o cotidiano geral, algumas fontes estimam que um adulto toma cerca de 35 mil decisões por dia. Esse volume impressionante revela um desafio silencioso, porém significativo: uma exaustão coletiva que pode impactar a direção que damos a nossas carreiras.
A fadiga da decisão é um fenômeno que descreve o declínio na qualidade das escolhas que fazemos após um longo período de tomada de decisões. Assim como um músculo se cansa após o exercício, nossa capacidade cognitiva diante de uma série de opções se esgota com o uso contínuo. Esse esgotamento pode levar a diversas consequências negativas, incluindo impulsividade, procrastinação e fazer escolhas menos racionais.
No contexto da carreira, a fadiga da decisão assume contornos ainda mais críticos. Profissionais são constantemente confrontados com escolhas que moldam sua trajetória: aceitar uma nova proposta de emprego, investir em um curso de especialização, mudar de área, buscar uma promoção, gerenciar conflitos com colegas, entre tantas outras. Cada uma delas exige um esforço cognitivo considerável, e o acúmulo ao longo do tempo pode comprometer a capacidade de fazer escolhas assertivas.
Impacto entre os líderes prejudica a empresa toda
Já no cenário da liderança, essa exaustão se torna ainda mais complexa, pois decisões tomadas de forma equivocada comprometem a vida de pessoas, o resultado das companhias e o próprio futuro da carreira desses profissionais. E tem mais: em um momento em que falamos tanto de NR-1, também precisamos pensar no quanto a tomada de decisão impacta na satisfação, bem-estar e qualidade de vida das pessoas na companhia. Por isso, é fundamental que os profissionais de RH estejam atentos a esse fenômeno.
Para mitigar os efeitos da fadiga de decisão no ambiente de trabalho, podemos implementar diversas estratégias:
- Promover a conscientização sobre o tema: Educar os colaboradores sobre a fadiga decisória e suas consequências é o primeiro passo para lidar com o problema.
- Incentivar a organização e a priorização: Oferecer ferramentas e treinamentos que ajudem os colaboradores a gerenciar seu tempo e priorizar tarefas pode reduzir o número de decisões diárias.
- Estimular a delegação: Encorajar os líderes a delegar responsabilidades e decisões para suas equipes pode aliviar a carga cognitiva de todos.
- Criar rotinas e processos claros: Estabelecer procedimentos padronizados para tarefas recorrentes pode automatizar algumas decisões e liberar energia mental para questões mais complexas.
- Fomentar um ambiente de trabalho saudável: Promover o bem-estar físico e mental dos colaboradores, com medidas como horários flexíveis, pausas regulares e incentivo à prática de atividades físicas, pode aumentar a resiliência à fadiga decisória.
Acima de tudo: precisamos refletir sobre o tema para não deixar a exaustão assumir o protagonismo de nossas vidas e carreiras. Somente assim, faremos a melhor gestão de nosso tempo e energia, e encaminharemos nossa jornada profissional e pessoal de forma a evoluir e ter satisfação. A decisão está nas suas mãos!