A pandemia afetou o modo como grande parte dos brasileiros encara o auxílio o próximo. Segundo dados da Atados, plataforma que conecta voluntários a projetos, houve um crescimento de 43% no número de pessoas interessadas em trabalhos voluntários entre abril e junho de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019.
E esse movimento não foi diferente no RH. Tanto que as discussões sobre como ajudar os outros se tornaram a principal pauta de um grupo de cerca de 45 executivos de recursos humanos que se reúnem de forma voluntária na Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) para conversar sobre questões de negócios e gestão de pessoas. Uma das participantes é Beatriz Sairafi, diretora executiva de RH da Accenture no Brasil. “Começamos a conversar sobre como poderíamos melhorar a empregabilidade do Brasil na pandemia e concluímos que deveríamos criar grupos de trabalho para avançar no assunto”, diz Beatriz.
As discussões seguiram com palestras sobre diversidade e inclusão e um fato chamou a atenção de Beatriz: a empregabilidade de profissionais sêniores. “A pirâmide etária do Brasil está mudando e os mais experientes precisam de oportunidades”, diz a executiva. O grupo de voluntários convidou o pessoal da Labora, empresa especializada na inserção de pessoas mais velhas no mercado, para conduzir discussões – o que trouxe mais material para o grupo de RHs trabalhar. “Estou apaixonada pela causa, muitas pessoas que eu conheço que estão nessa situação”, diz Beatriz.
Da ideia para a ação
Ficar apenas nas discussões não seria o bastante para Beatriz – por isso, ela levou o tema para a Accenture. “Claro que queremos fazer um movimento no mercado, mas estamos liderando organizações grandes que podem fazer mudanças”, diz. A companhia já possui há anos programas de diversidade e inclusão, mas ainda não havia um projeto no Brasil voltado para profissionais experientes. “É uma jornada longa, mas temos a cultura para desenvolvê-la. Mapeamos e descobrimos que 5% da nossa força de trabalho é formada por pessoas acima de 50 anos, é um contingente importante”, diz a executiva.
Algumas frentes foram abertas. Primeiro, criou-se um comitê inter-geracional para conversar sobre dilemas e colocar na pauta os assuntos mais importantes para as gerações mais maduras. Depois, foram conduzidas palestras sobre o assunto – para sensibilizar e mostrar aos funcionários que a companhia vai cuidar dessa questão.
Recentemente, a empresa criou um programa específico para a contratação de profissionais com mais de 50 anos, batizado de Grand Masters, ou “grandes mestres”, em português. O projeto tem apoio da Labora que, além de realizar o recrutamento, também prepara e faz a ponte dos participantes com outras empresas, caso o perfil do profissional não seja adequado à Accenture. “É um piloto, mas já contratamos 131 pessoas com mais de 50 anos na pandemia mesmo antes do projeto. Se vamos viver mais, não podemos deixar quem movimenta 40% da economia de fora do mercado. Fazemos um trabalho de inclusão de jovens há anos, por que não incluir – ou reincluir – os mais experientes também?”, reflete Beatriz.
Já há vagas abertas no programa de contratações de profissionais com mais de 50 anos da Accenture. Basta acessar este site para se candidatar às oportunidades.