Esta reportagem faz parte da edição 74 (junho/julho) de VOCÊ RH
Oque fazer quando a pandemia acabar? A lista de desejos costuma ser longa, mas Regina Biondo já tem uma ideia: aprender a surfar. Essa vontade combina bem com a empresa na qual a paulistana atua desde maio de 2020, a varejista de itens esportivos Decathlon — conhecida por ter um time de 100.000 funcionários espalhados pelo mundo que compartilham a paixão pelo esporte. Aos 31 anos, Regina é louca por corridas e viu na companhia, que completa duas décadas de Brasil em 2021, um alinhamento forte com seus valores pessoais. “O que me encantou e me encanta até hoje é a força da cultura da Decathlon, que investe em autonomia verdadeira para as pessoas desenvolverem seu trabalho para além da caixinha em que estão”, diz a executiva.
Antes de iniciar na companhia, Regina passou por organizações como Kantar Ibope Media e Bloomin’ Brands International, dona dos restaurantes Outback e Abbraccio. Formada em psicologia e traçando uma carreira de RH desde o estágio, ela foi contratada para liderar o RH da Decathlon durante a primeira onda da crise da covid-19, com grande parte da equipe trabalhando remotamente. “A empresa tinha lançado um programa que estabelecia o home office três vezes por semana, então estávamos preparados para isso. Conheci a equipe virtualmente e consegui viver alguns momentos presenciais na loja e no centro de distribuição”, diz Regina, que acredita em um futuro híbrido. “Havia a fantasia de que não trabalharíamos bem no modelo remoto, e isso foi desmentido pela pandemia. Mas precisamos do olho no olho, do cafezinho.”
O desafio
Sem demitir durante a crise, a Decathlon está atualmente com cerca de 2.000 funcionários no Brasil, divididos entre lojas, corporativo e centro de distribuição. E foi para estes últimos que surgiu uma grande novidade neste ano, da qual Regina fez parte: a inauguração de um centro de distribuição. A decisão foi tomada porque o local do antigo armazém (Embu das Artes, a cerca de 30 quilômetros de São Paulo) não fazia mais sentido para a empresa, que se mudou para Barueri, região conhecida por ter fácil acesso a rodovias. Como uma mudança desse tipo sempre gera apreensões e impactos, Regina, sua equipe e a liderança conversaram com os funcionários que seriam afetados. O objetivo era entender seus anseios e colher sugestões — uma delas foi implantar uma linha que transporta empregados do antigo endereço para o novo local.
Além do fator logístico, outra motivação para a mudança do armazém era o alinhamento cultural, já que antes o espaço não tinha a cara da Decathlon. “Agora a ambientação é parecida com a do escritório, e as culturas estão unificadas. É possível que as pessoas do administrativo trabalhem dentro do CD”, diz Regina. Com mais de 50.000 metros quadrados, o galpão abriga restaurante, área de descanso, sala de treinamentos e uma quadra poliesportiva que ainda não pôde ser inaugurada devido à pandemia. Outra transformação é o aumento do uso da tecnologia: há poucos processos manuais para ser executados. “Isso garante mais bem-estar e dá aos profissionais a possibilidade de desenvolver novas competências ligadas à automação”, afirma a diretora.
Entusiasta do tema da diversidade, Regina também está conduzindo ações para aumentar a inclusão dentro da companhia. O primeiro passo é aplicar um senso para compreender como está a composição da força de trabalho e a percepção do pessoal sobre a maneira como a Decathlon trata o tema. “Nosso objetivo é representar a sociedade da qual queremos fazer parte”, diz Regina. O projeto também vai contar com a participação voluntária dos empregados em grupos de discussão. “Não queremos ações de cima para baixo; queremos ouvir as pessoas, entender quais são os principais problemas e sensibilizar as lideranças.” E a companhia já possui um compromisso global: alcançar 50% de mulheres em cargos de gestão até 2022. “Temos um avanço importante a fazer.”
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