Dois anos após adotar a semana de quatro dias, a Islândia está apresentando mais crescimento econômico do que a maioria dos países europeus – além de manter uma das menores taxas de desemprego do continente.
Entre 2020 e 2022, 51% dos trabalhadores islandeses receberam uma oferta de reduzir suas horas de trabalho, segundo uma pesquisa publicada na última sexta (25) pelo Autonomy Institute, no Reino Unido, e pela Associação para Sustentabilidade e Democracia (Alda), no país nórdico.
O estudo mostra “uma história de sucesso real”, disse Gudmundur D. Haraldsson, pesquisador da Alda, em comunicado. “As jornadas de trabalho mais curtas se tornaram comuns na Islândia, e a economia está forte em vários indicadores.”
Em 2023, a Islândia apresentou um crescimento econômico de 5%, ficando atrás somente de Malta entre os países europeus, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). É uma taxa alta para a própria Islândia, que teve crescimento médio de 2% entre 2006 e 2015.
O impacto da semana de quatro dias no bem-estar
A pesquisa recém-publicada ouviu opiniões de 9 mil profissionais empregados na Islândia, com idades entre 25 e 67 anos, entre novembro de 2021 e maio de 2022. (A amostra da pesquisa, vale pontuar, representa aproximadamente 2% da população do país.)
O resultado: 62% dos profissionais que reduziram o expediente nos últimos dois anos afirmam que estão mais satisfeitos com sua jornada de trabalho. O sentimento é mais presente em escritórios com mais mulheres (70%) do que naqueles com mais homens (54%).
97% dos entrevistados acreditam que é mais fácil equilibrar o trabalho com a vida pessoal quando se trabalha menos horas por semana – ou acreditam, pelo menos, que a mudança de jornada não influencia nessa questão.
Além disso, 42% dos profissionais afirmam que, com a nova rotina, o estresse que eles sentiam fora do expediente diminuiu. (Esses impactos positivos na saúde mental já apareceram em vários países que testaram a semana de quatro dias, inclusive no Brasil.)
Como é, agora, a rotina dos trabalhadores islandeses? Depende. 28% dos entrevistados de fato riscaram um dia da agenda, toda semana. Outros adotaram uma redução flexível de horas trabalhadas, negociando com o gestor; outros trabalharam um pouco menos nos cinco dias úteis já habituais.