Mais de 21,8 mil vagas entre 3 milhões divulgadas entre março e junho deste ano, no Brasil, pediam algum conhecimento sobre o mundo da inteligência artificial. Ela ficou ainda mais pop no último ano, com a febre dos chatbots, e promete provocar uma série de mudanças no mercado de trabalho.
Não, a inteligência artificial não é mais inteligente que nós, não é incontrolável nem vai dominar o mundo. Mas pode exercer determinadas atividades padronizadas que automatizam partes de uma cadeia de operações – e deve, cada vez mais, complementar a atividade humana.
Leonardo Berto, gerente da empresa de soluções em talentos Robert Half, é um dos especialistas que defendem que o conhecimento acadêmico e o poder analítico dos profissionais não serão desvalorizados por quaisquer transformações tecnológicas. “Pelo contrário, eles ganharão ainda mais destaque nas ocupações do futuro.”
E quais seriam tais ocupações do futuro? A Robert Half indica algumas. Um cargo que se tornará realidade nos próximos anos é o de gerente de transformação digital: pessoas responsáveis por coordenar tal processo dentro das companhias, adaptando processos e capacitando colaboradores para trabalhar num ambiente do qual a inteligência artificial fará parte.
Um ambiente de trabalho que utiliza ferramentas de inteligência artificial também pode precisar de especialistas em cibersegurança que protejam os dados e algoritmos desses sistemas, além de prevenir o uso mal-intencionado dessas tecnologias.
Da mesma maneira, o departamento jurídico e a governança de empresas que venham a utilizar ferramentas de inteligência artificial nos próximos anos precisarão acumular conhecimentos específicos.
Especialistas de áreas como gerenciamento de dados, TI, compliance e marketing também estarão envolvidos no desenvolvimento e na operação de soluções baseadas na inteligência artificial, segundo previsões da Robert Half.
Também é provável que, nos próximos anos, surjam consultores especializados em desenvolver e implementar soluções de IA, com alguma formação técnica em matemática, ciência da computação, estatística e áreas relacionadas.
Por mais que as próprias companhias possam investir na capacitação de seus colaboradores, a má notícia é: a responsabilidade de acompanhar a transformação digital do mercado de trabalho recai – e recairá – principalmente sobre os próprios profissionais.
“Ele deve ser o protagonista da sua própria carreira e investir em qualificação técnica, mas também no aprimoramento de habilidades sociocomportamentais”, afirma Leonardo Berto.