Um dos assuntos mais importantes desses meses de coronavírus e trabalho à distância, a comunicação ganhou um estudo detalhado feito pelo Workplace, ferramenta corporativa do Facebook. O relatório Vozes presentes, mesmo à distância, aborda como os gestores de linha de frente – aqueles que atuam diretamente com a operação – estavam se sentindo em fevereiro e em outubro.
Os dados acendem o sinal de alerta. No início da pandemia, 52% dos chefes afirmam ter perdido acesso a informações importantes do escritório central. Mesmo assim, 85% dos líderes da sede dizem que as informações chegam rápido aos gestores de linha de frente e que eles são, sim, bem informados. Essas percepções demonstram que existe um abismo entre o que é comunicado e o que, de fato, é compreendido.
Adriano Marcandali, líder de Workplace na América Latina, explica como melhorar essa situação.
Problemas de comunicação sempre estiveram presentes nas empresas, mas na pandemia essa questão ficou mais evidente. Como criar uma cultura de comunicação transparente e eficiente?
É fundamental estabelecer uma comunicação assertiva e integradora que conecte todos na empresa – não apenas os funcionários no escritório, mas os funcionários da linha de frente que podem não ter uma mesa, um computador ou mesmo um endereço de e-mail. E a tecnologia desempenha um papel fundamental nessa comunicação para ajudar a manter as pessoas próximas e conectadas, mesmo quando estão longe, além de facilitar a criatividade e a colaboração.
A pesquisa aponta que a comunicação, muitas vezes, se mostra unilateral. Por que isso acontece?
As empresas estão se tornando cada vez mais descentralizadas, gerando uma divisão crescente entre equipes e colegas. A falta de comunicação leva a problemas que afetam os resultados financeiros de uma empresa ao impedir que ideias valiosas surjam, limitar a inovação e bloquear o reconhecimento dos principais talentos. É mais difícil do que nunca criar uma experiência eficaz.
A nossa pesquisa mostra que isso acontece pois, por mais que os gestores de linha de frente queiram se comunicar, eles não são ouvidos – seja pela falta de uma estrutura de comunicação eficiente ou de impacto e influência na tomada de decisões. Os colaboradores precisam estar mais próximos de seus líderes, ser ouvidos e motivados, além de ter acesso a um fluxo de comunicação que pode ser bastante ampliado para permitir que seu trabalho seja mais produtivo.
Como mudar isso?
Os gerentes de linha de frente – como aqueles que trabalham no varejo, hospitais, restaurantes, aviões, transporte público – têm um papel extremamente importante a desempenhar em suas organizações, porque muitas vezes eles estão falando diretamente com os clientes da empresa e possuem informações valiosas para o sucesso de uma empresa. É vital que esses profissionais tenham voz. Isso nunca foi tão evidente do que durante esta pandemia.
O estudo também mostra que, quando a comunicação é falha, os gestores se sentem desvalorizados. Podemos, então, traçar uma relação entre boa comunicação, senso de pertencimento e felicidade no trabalho?
Definitivamente. Acreditamos que o futuro do trabalho consiste em quebrar barreiras de acesso, informação e reconhecimento, facilitando e incentivando a comunicação eficiente, o trabalho em equipe e a colaboração em toda a empresa.
Os gerentes de linha de frente são o rosto de uma empresa aos olhos dos clientes. Quando bem informados, engajados e motivados, proporcionam melhores experiências a eles, o que se traduz em resultados concretos, como maior fidelidade e mais lucro. Portanto, conectar todos na empresa, inclusive os gerentes da linha de frente, é fundamental. Eles são um elo importante entre o que acontece na matriz e na linha de frente, já que em geral 80% da equipe fica fora dos escritórios.
Para fazer essa conexão da melhor forma, é necessário reunir a linha de frente e o escritório central em uma plataforma única e compartilhada para garantir que estejam realmente conectados. É preciso também capacitar os gestores da linha de frente para a tomada de decisões que promovam agilidade e inovação, além de investir em uma cultura que valorize o reconhecimento mútuo e o alinhamento.
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