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Dois perfis de líderes criam grandes empresas em conjunto

Disney, McDonald's e Ford surgiram a partir de uma dinâmica que é o segredo para o sucesso. É o que defendem os autores de "O Visionário e o Integrador".

Por Redação
Atualizado em 2 jul 2024, 18h18 - Publicado em 2 jul 2024, 18h17
Capa do livro "O Visionário e o Integrador"
 (Montagem sobre reprodução/VOCÊ RH)
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Você há de concordar: existem combinações infalíveis. Queijo e goiabada. “Neném e chupeta, Romeu e Julieta”, acrescentariam Claudinho & Buchecha – ou a Adriana Calcanhoto – no hit da década passada Fico Assim Sem Você. Os empresários Gino Wickman e Mark C. Winters prometem uma combinação nessa linha. Mas um tanto inusitada. Para eles, um par tão certeiro quanto queijo e goiabada é um visionário e um integrador. Uma dupla com tais perfis seria capaz de abalar o mundo corporativo – e faria um trabalho digno de disco de ouro.

Essa combinação infalível teria levado ao sucesso da Disney, do McDonald’s e da Ford, afirmam Gino e Mark, autores do livro O Visionário e o Integrador, que a editora Sextante lançou recentemente. O propósito da obra? Explicar no que consistem esses perfis profissionais, claro, mas também mostrar como eles geralmente se encontram – e fornecer um passo a passo de como aproveitar o potencial da combinação, sem sucumbir aos conflitos que surgirão entre essas personalidades opostas.

O que é, então, um visionário? Essencialmente, um sonhador. Uma pessoa criativa que gosta mais de explorar do que analisar. Alguém que pensa estrategicamente, e é muito bom gerando soluções para grandes problemas, mas não para pequenas questões práticas. Geralmente, é o fundador da empresa. Um integrador, por sua vez, faz as coisas acontecerem. É uma pessoa realista e focada, que gerencia e executa muito bem os planos grandiosos de outro (o visionário).

Essa é nossa explicação resumida. Você pode entender melhor essa dupla, conferir exemplos dessa dinâmica e ter um gostinho do livro no trecho abaixo.

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Capítulo 3: O relacionamento

O yin encontra o yang.

O antigo conceito chinês de yin e yang descreve como duas forças aparentemente opostas são, na verdade, interconectadas e interdependentes – potencializando-se mutuamente à medida que interagem. São forças complementares, opostas e iguais, que se unem para formar um sistema dinâmico em que o todo é maior do que as partes. Ambas estão sempre presentes, embora uma possa surgir com mais força em determinado momento.

Uma estaria condenada sem a outra, assim como a humanidade não poderia sobreviver apenas com homens ou só com mulheres. Juntas, as forças criam – a interação dá à luz. Elas transformam uma à outra por complementação. Uma corda com dois fios torcidos é muito mais forte do que apenas um fio com o dobro da força.

O visionário e o integrador andam juntos da mesma forma. É a combinação perfeita que impulsiona as empresas à grandeza.

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A Ernst & Young, multinacional de serviços profissionais de auditoria, promove uma competição chamada Visionário do Ano. David Kohl, diretor da Roach Howard Smith & Barton, de Dallas, participa ativamente do processo de indicação. Nessa função, interage com diversos líderes empresariais em um amplo espectro de setores. Em nossa conversa, fez uma observação muito interessante sobre as 65 empresas estudadas para uma premiação recente. Segundo ele, todas tinham o que chamou de “uma dupla de líderes”, aos quais atribuiu em grande parte seu sucesso. Após conhecer os termos visionário e integrador, ele concordou que essa interação parecia oferecer uma explicação lógica para o desempenho superior das organizações analisadas.

[…] Casamento perfeito

Nos Estados Unidos, uma gíria do golfe diz que, quando dois parceiros jogam bem juntos, “combinam como presunto e ovos”. Quando um deles dá uma tacada ruim, o outro dá uma boa. Assim eles cobrem um ao outro. Isso é exatamente o que ocorre com uma ótima dupla V/I [visionário e integrador]: combinam como presunto e ovos!

Não há como negar que existe uma química real quando dá certo. O resultado é uma poderosa expansão de força. Quando essa força está devidamente direcionada, é capaz de colocar a empresa em órbita.

Em seu livro Comece pelo Porquê: Como Grandes Líderes Inspiram Pessoas e Equipes a Agir, Simon Sinek valida o poderoso impacto da combinação V/I nos negócios. Ele descreve os dois papéis como pessoas PORQUÊ e pessoas COMO. O visionário é do tipo PORQUÊ e o integrador é do tipo COMO. Explica: “Para cada grande líder, cada tipo PORQUÊ, existe um inspirado tipo COMO… que pode pegar uma ideia intangível e construir a infraestrutura que lhe dará vida. Essa infraestrutura é o que realmente torna possível qualquer mudança ou sucesso mensurável”. Prossegue: “Em todos os casos de um grande líder carismático que conseguiu algo significativo, sempre havia nas sombras uma pessoa ou um pequeno grupo que soube COMO transformar a ideia em realidade”.

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Sinek explica um pouco mais: “Os tipos PORQUÊ são os visionários, aqueles com imaginação hiperativa. Tendem a ser otimistas e acreditam que todas as suas ideias podem ser realizadas. Os tipos COMO vivem mais no aqui e agora. São os realistas, têm um senso mais claro dos aspectos práticos. Os tipos PORQUÊ estão focados no que a maioria das pessoas não vê, como o futuro. Os tipos COMO concentram-se no que a maioria pode ver e tendem a ser melhores na construção de estruturas e processos, bem como na realização de tarefas. Um não é melhor do que o outro, apenas enxergam o mundo de modo diferente”.

O autor afirma ainda que os tipos COMO têm um ego forte para admitir que não são visionários. No entanto, são inspirados pelas ideias do líder visionário e sabem dar vida a elas. Acrescenta: “Os melhores tipos COMO, em geral, não querem estar na linha de frente… preferem trabalhar nos bastidores… para transformar as ideias em realidade”. Ele continua dizendo que “é preciso uma combinação do talento e do esforço de ambos para atingir grandes resultados”. No livro, ele cita as combinações históricas de Bill Gates e Paul Allen na Microsoft, de Herb Kelleher e Rollin King na Southwest Airlines, e de Steve Jobs e Steve Wozniak na Apple.

“As pessoas PORQUÊ, apesar de toda a sua visão e imaginação, muitas vezes ficam a ver navios. Sem alguém inspirado por suas ideias e conhecimento capaz de torná-las realidade, muitos tipos PORQUÊ acabam como visionários famintos, indivíduos com todas as respostas, mas que nunca realizam muito sozinhos”, escreve Sinek.

Um dos empresários mais famosos da história americana, John D. Rockefeller, conhecia muito bem essa verdade. Embora hoje esteja quase esquecido, ele formou uma dupla V/I de grande sucesso com Henry Flagler. Rockefeller trabalhava como corretor de grãos quando conheceu Flagler, corretor da Harkness Grain Company. Em 1867, Rockefeller deixou o negócio de grãos e abriu uma refinaria de petróleo. Em busca de capital para a expansão do empreendimento, procurou Flagler e lhe ofereceu sociedade em troca de 100 mil dólares, obtidos com o primo da mulher de Flagler, Stephen Harkness, um dos homens mais ricos de Ohio. A parceria se tornaria a Standard Oil Company.

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Rockefeller proporcionou a centelha que deu início ao negócio. Flagler, um grande integrador, criou um sistema de descontos para fortalecer sua posição diante dos concorrentes e dos transportadores. Esses descontos colocaram a Standard Oil em condições de competir com outras refinarias de petróleo e, em 1872, quase todas as empresas de refino de Cleveland já tinham se fundido com a Standard Oil; em 1880, a empresa controlava o refino de 90% do petróleo produzido nos Estados Unidos. De acordo com Edwin Lefevre em “Flagler and Florida” (Flagler e a Flórida), um artigo publicado na Everybody’s Magazine em 1910: “Quando perguntaram a John D. Rockefeller se a Standard Oil Company era fruto de seu pensamento, ele respondeu: ‘Não, senhor. Eu gostaria de ter cérebro para pensar nisso. A ideia foi de Henry M. Flagler'”.

Em décadas de trabalho conjunto, Rockefeller e Flagler construíram o maior império da indústria do petróleo que os Estados Unidos já viram.

Comparação de V/I

Visionários:

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  • Resolvem problemas grandes e complexos;
  • Têm 20 ideias novas por semana;
  • São grandes líderes;
  • São otimistas;
  • São “pessoas de fora”;
  • Criam o projeto.

Integradores:

  • Identificam e articulam os problemas;
  • Transformam as melhores ideias em realidade;
  • São grandes gestores;
  • São realistas;
  • São “pessoas de dentro”;
  • Executam o projeto.

Uma equipe V/I com indivíduos extremamente contrastantes é a de Michael Morse e John Nachazel, do bem-sucedido escritório de advocacia de Mike Morse, que cresceu 50% ao ano nos últimos sete anos. Michael contratou John há cinco anos. Um visionário puro em todos os sentidos, Michael é a cara do escritório, uma verdadeira celebridade no mercado, tem ideias sensacionais, uma noção incrível da cultura da empresa e inspira o time. John não poderia ser mais diferente. Prefere ficar nos bastidores. É ótimo executando as ideias de Michael. Adora números – previsões, orçamentos e planejamentos financeiros – e domina cada aspecto da empresa. É a cola que mantém coeso o escritório de advocacia, que já conta com mais de cem colaboradores.

Michael e John são opostos. As responsabilidades e paixões de John são “analisar dados, identificar e explicar os principais geradores de receita e de custos, gerenciar pessoas para resolver problemas, impulsionar o aperfeiçoamento constante, equilibrar a carga de trabalho, ensinar os gestores a se basearem em números e liberar o visionário para permanecer em sua área ideal”. Ao ouvir a lista de funções de John, Michael fez uma expressão de desgosto. Reconhece a necessidade dessas funções, mas está
muito feliz por não caber a ele executá-las.

As paixões e responsabilidades de Michael são ter novas ideias de marketing e de crescimento, inspirar a equipe, assumir os casos mais importantes e impactantes, filmar comerciais e fazer seu programa de televisão.

A extrema diferença entre as aptidões desses dois indivíduos gera uma carga elétrica que continua impulsionando a empresa.

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Este texto faz parte da edição 92 (junho/julho) da VOCÊ RH. Clique aqui para conferir os outros conteúdos da revista impressa.

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