O Guiabolso, fintech de soluções financeiras com 180 funcionários, anunciou que manterá o trabalho remoto permanentemente e que seus empregados poderão exercer as atividades de qualquer cidade. A iniciativa partiu de uma pesquisa interna que revelou que 67% dos profissionais da empresa gostariam de ter esse estilo de trabalho.
Em entrevista para VOCÊ RH, Katima Minzoni, diretora de pessoas do Guiabolso, explica mais sobre a nova prática.
Como a empresa chegou à decisão de adotar esse modelo de trabalho?
A situação atual (ainda sem vacina e sem muitas perspectivas) nos fez tomar uma decisão que leva em consideração a saúde e segurança dos funcionários e seus familiares. Além disso, sempre acreditamos que as barreiras físicas não poderiam ser impeditivas para termos bons profissionais trabalhando com a gente e agora temos efetivamente a oportunidade de encontrar esses perfis em qualquer lugar. A produtividade acontece dentro ou fora do escritório. E pensamos também na individualidade de cada profissional e com essa condição iremos prover uma melhor experiência de trabalho a cada um.
De que maneira a empresa vai estruturar esse estilo de trabalho?
Do ponto de vista da estrutura física, estamos fazendo pesquisas internas para mapear as condições atuais de trabalho de cada um para ajudá-los a criar um bom ambiente de trabalho, que além de se adequar a condições de ergonomia, seja confortável e gere bem estar. Em termos de gestão de pessoas, estamos revisitando processos para nos adaptar ao modelo.
Quais são as estratégias para garantir o senso de pertencimento com as pessoas espalhadas por diversas localidades?
Esse é um dos grandes desafios do trabalho remoto. Acreditamos muito que nossas práticas atuais, – que passam desde um recrutamento bastante orientado para alinhamento cultural, integração bem estruturada, líderes que são exemplos da nossa crença e cultura e que lideram com base em troca, estímulos de reconhecimento e práticas de gestão da área de pessoas – fazem e farão com que novos funcionários se sintam conectados uns aos outros de forma mais rápida e mais profunda, mesmo sem estarmos juntos pessoalmente. A ideia é que o nosso dia a dia aconteça com a mesma fluidez de comunicação do passado, a distância não pode ser um obstáculo. Além disso, gostamos de encontros e interações para comemorar conquistas, então, quem sabe mais para frente tenhamos algo em nossa agenda anual que facilite esse encontro de todos.
Um dos desafios do RH neste modelo é padronizar benefícios e salários (já que os salários, por exemplo, costumam divergir de acordo com a cidade em que se vive). Como estão enfrentando essa questão?
Hoje temos pacote salarial e de benefícios alinhados ao mercado olhando para a cidade de São Paulo e continuaremos nos mesmos critérios para o recrutamento em outras cidades. Tendo São Paulo o maior custo de vida, entendemos que seremos ainda mais atrativos em outras regiões.
Como o Guia Bolso vai tratar dos casos específicos dos funcionários que não se sentem bem em home office ou que precisam de algum auxílio?
Quando falamos sobre entender a necessidade de cada funcionário, nos referimos não somente às questões sobre estrutura, mas também às preferências de trabalho e questões sociais. Pode ser que alguns profissionais não tenham um bom ambiente pra trabalhar em casa ou que prefiram ir ao escritório para o convívio e trocas pessoais. Para eles, temos um plano (pós-vacina) de facilitar e prover um ambiente mais adequado com base nas preferências.