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Como não ter um colapso cognitivo na era digital

Conheça 4 antídotos para o bombardeio de informações rápidas e descartáveis da internet, que tem impactos na saúde mental e na criatividade.

Por Patrícia Ansarah, colunista de VOCÊ RH
20 abr 2025, 16h45
Fotografia de adolescentes com o celular na mão.
 (Matt Cardy/Getty Images)
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A Universidade de Oxford escolheu brain rot – ou “cérebro apodrecido” – como a palavra do ano de 2024. O termo, amplamente difundido entre os jovens nas redes sociais, sintetiza um dilema crescente da era digital: os efeitos do consumo excessivo de conteúdos superficiais. Afinal, o bombardeio constante de informações rápidas e descartáveis não apenas altera hábitos de consumo, mas também levanta preocupações sobre seus impactos na saúde mental, na criatividade e na capacidade cognitiva.

Embora pareça um termo moderno, a preocupação com o enfraquecimento intelectual não é nova. Em 1854, o filósofo Henry David Thoreau, em seu livro Walden, já criticava a superficialidade dos debates da época, comparando a banalização do pensamento ao apodrecimento das batatas na Inglaterra. Séculos depois, a metáfora se torna atual: a sociedade vive em uma era de hiperconectividade, na qual o excesso de estímulos digitais pode prejudicar a capacidade cognitiva e o bem-estar emocional.

O impacto da hiperconectividade na vida dos brasileiros é evidente. Um levantamento da plataforma Electronics Hub revelou que, entre 45 países analisados, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking de tempo médio diário em dispositivos eletrônicos, com cerca de nove horas de uso de internet. Esse dado escancara uma realidade preocupante: a dependência excessiva das telas e de conteúdos está moldando hábitos, interferindo na produtividade e afetando a saúde mental da população.

O que fazer, então, para equilibrar o avanço tecnológico com a discussão sobre saúde mental e produtividade no ambiente de trabalho? Estar atento aos sinais do brain rot é fundamental e relativamente simples de identificar, já que muitas pessoas certamente já experimentaram os sintomas mais comuns:

Dificuldade de concentração: queda na capacidade de manter o foco em tarefas prolongadas.

Ansiedade digital: compulsão por verificar e responder a notificações de chats, e-mails e redes sociais constantemente, gerando sobrecarga mental e aumentando os níveis de estresse.

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Declínio cognitivo: sensação de mente sobrecarregada e de falta de clareza mental após longos períodos consumindo conteúdos digitais ou alternando constantemente entre múltiplas tarefas.

Impacto no mundo corporativo

O fenômeno do brain rot tem repercussões diretas no ambiente organizacional. A exposição constante a estímulos digitais somada à pressão por resultados cria um ciclo de exaustão, prejudicando a qualidade das discussões, do nível de atenção e disponibilidade para colaboração e engajamento dos colaboradores a novas ideias, projetos e decisões.

Os dados são alarmantes. Segundo o “State of the Global Workplace Report 2024”, pesquisa mais recente publicada pela Gallup, apenas 23% dos trabalhadores no mundo se dizem engajados no trabalho e 44% afirmam sentir níveis elevados de estresse diário, impactando sua produtividade e saúde mental.

Os antídotos

Quais remédios para esse apodrecimento cerebral já estão em nossa mão? Estimular momentos para os profissionais dialogarem abertamente sobre o impacto da tecnologia e encontrarem caminhos para um consumo digital mais saudável passa a ser uma necessidade estratégica das organizações. Veja a seguir:

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Estabeleça limites digitais: o excesso de notificações interrompe o fluxo de trabalho e reduz a capacidade de concentração. Crie períodos livres de notificações no expediente, como “horários sem interrupções”, em que e-mails, mensagens de chats corporativos e ligações só sejam verificados em intervalos específicos. Isso evita que os colaboradores fiquem constantemente reativos e dispersos.

Crie pausas estratégicas: o cérebro precisa de momentos de descanso para manter a produtividade e o pensamento crítico. A técnica Pomodoro (25 minutos de trabalho intenso seguidos de 5 minutos de descanso) pode ser útil para tarefas que exigem alta concentração. Outra prática é incentivar as walking meetings: reuniões com caminhada para estimular a criatividade e reduzir a fadiga digital.

Valorize o aprendizado profundo: com o excesso de informações disponíveis, é fácil cair na armadilha de consumir conteúdos rápidos e superficiais sem absorção real do conhecimento. Inclua práticas de aprendizado a partir da discussão mais aprofundada de leitura de artigos e livros vai estimular habilidades como pensamento crítico, análise contextual e resolução de problemas complexos, além da troca de ideias em debates estruturados.

Promova espaços de segurança psicológica: criar um ambiente onde os profissionais possam debater abertamente o impacto da tecnologia permite ajustes e soluções coletivas para o consumo mais consciente da tecnologia disponível. Vale, por exemplo, estabelecer acordos como o right to disconnect, em que mensagens fora do horário de trabalho não exigem resposta imediata.

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O debate sobre brain rot vai além de uma tendência, é um alerta para que se repense como tornar a tecnologia uma aliada da criatividade, produtividade e bem-estar, sem permitir que ela consuma as pessoas.

*Patricia Ansarah é criadora do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP) e colunista de Você RH.

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