“Pessoas devem se sentir seguras para ser quem são”, diz VP da Bayer
André Kraide, vice-presidente de RH da Bayer, defende a importância de uma forma de diversidade fundamental, mas menos discutida nas empresas: a cognitiva
oi em agosto de 2021 que a vida de André Kraide mudou completamente. O brasileiro, que ingressou na Bayer em 2005 depois de cinco anos na Monsanto, vivia em Cingapura, onde ocupou os cargos de vice-presidente de marketing para a Ásia e o Pacífico e depois de vice-presidente de negócios para o Sudeste Asiático e o Paquistão. Até que recebeu a proposta para voltar ao Brasil e realizar um sonho: atuar na área de recursos humanos. É que, desde 2009, André anotava em seu plano de carreira que uma de suas prioridades era migrar para o RH.
Na nova área, o executivo encarou o primeiro desafio: “Tentar trazer para a rotina a minha experiência como líder de pessoas ao longo das últimas décadas em ambientes multiculturais”, afirma. Afinal, já atuou em várias capitais brasileiras e no México, além de Cingapura. No Sudeste Asiático, ele teve a oportunidade de participar do processo de ascensão de uma mulher ao posto de presidente da Bayer CropScience no Paquistão. “Na época, ouvi diversos comentários dizendo que isso era arriscado para a cultura daquele país. Mesmo assim, achei que deveríamos seguir. No fim, conseguimos, e foi um grande sucesso”, diz, acrescentando que a diversidade e a inclusão, sobretudo de gênero, são temas bastante discutidos na região.
O desafio
Para André, uma de suas missões no RH da Bayer é fortalecer a cultura de valorização dos profissionais. “Queremos fazer com que os líderes deem às pessoas o mesmo valor que dedicam aos negócios”, afirma. Para isso, o executivo acredita que permitir que as pessoas se sintam seguras para expressar sua essência é fundamental. “A autenticidade ajuda muito!”, diz ele, que define seu estilo pessoal como “bastante rock’n roll”, já que, desde os 14 anos, mantém o hobby de atuar como vocalista de bandas de rock. “Acho importante criar um clima que estimule o sentimento de ‘seja você mesmo’, em que a vulnerabilidade deixa de ser um tabu”, afirma. “A liberdade de expressão é uma fonte de diversidade poderosa. Todos devem se sentir confortáveis em dizer o que pensam e, assim, contribuir com ideias.”
Outro desafio de André à frente do cargo é acelerar a transformação digital na companhia. “A inteligência artificial, por exemplo, pode nos dar uma visão de futuro, nos orientando para onde temos que direcionar nossos esforços como RH”, afirma o vice-presidente.
Um exemplo é que, nos últimos meses, a Bayer vem trabalhando na adoção de uma nova tecnologia para prever a probabilidade de um funcionário deixar a empresa. Trata-se de uma ferramenta que integra todos os dados de desenvolvimento e performance de funcionários, como tempo de casa, posição salarial e promoções recentes, além de outros indicadores. E, a partir dessas informações, o sistema chega a uma porcentagem que indica a probabilidade de rotatividade, que pode ajudar a embasar planos de ação. “Se identificarmos um indivíduo com 80% de risco de pedir demissão, por exemplo, conseguimos atuar pontualmente e tentar entender o porquê disso e, quem sabe, evitar essa perda”, afirma André. “Além disso, utilizamos essas informações para ajudar também o gestor a manter seu time engajado.”
Esta reportagem faz parte da edição 79 (abril/maio) de VOCÊ RH.
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