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Conrado Schlochauer

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Doutor em Psicologia da Aprendizagem pela USP, sócio da nōvi – a lifewide learning company, e autor do livro "Lifelong Learners"

Educação corporativa: conheça o lifewide learning

Aprendemos não apenas no trabalho: também nos relacionamentos, em um hobby, numa viagem... Conhecimentos que vamos levar para a empresa.

Por Conrado Schlochauer, colunista da VOCÊ RH
22 Maio 2025, 16h39
Ilustração de hobbies e trabalho.
 (studiogstock/Getty Images)
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Estava com saudade.

Passei os últimos seis meses mergulhado na reta final da escrita do meu segundo livro e, por isso, pedi um afastamento temporário desta coluna mensal. Para ser honesto, senti falta do compromisso de parar, uma vez por mês, para refletir e organizar minhas inquietações sobre os rumos do RH. Troquei esse momento por um sprint intenso – e apaixonado – em torno de um tema que me acompanha há anos: o lifewide learning, ou o aprendizado que acontece em todos os domínios da vida.

O termo, cunhado pela Unesco como complemento ao já conhecido lifelong learning, amplia o olhar tradicional da educação. Enquanto o lifelong se refere ao aprendizado ao longo da vida, o lifewide destaca a diversidade de contextos em que aprendemos: no trabalho, em casa, nos relacionamentos, nas redes sociais, em um hobby ou durante uma viagem. É uma forma de reconhecer o valor formativo das experiências que acontecem fora dos ambientes educacionais formais.

Repensando o desenvolvimento nas organizações

Esse olhar vem ganhando força. O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, incorporou essa perspectiva em seu projeto Upskilling Revolution, lançado em 2020, com a ambiciosa meta de requalificar 1 bilhão de pessoas até 2030. A iniciativa, que propõe reflexões que deveriam ecoar em todas as áreas de RH, se organiza em três grandes frentes:

  1. Identificação das habilidades do futuro: Por meio de relatórios como o Future of Jobs, busca antecipar tendências e apoiar pessoas e organizações a se prepararem para as transformações do mundo do trabalho.
  2. Valorização da abordagem skills-first: Essa lógica – traduzida como “habilidades em primeiro lugar” – prioriza competências reais em vez de diplomas, histórico profissional ou cargos ocupados. É uma virada importante nos processos de recrutamento, desenvolvimento e mobilidade interna.
  3. Educação 4.0: Um convite à reinvenção dos modelos educacionais, tanto para adultos quanto para crianças, com forte presença da inteligência artificial no desenho das experiências de aprendizado.

Essas frentes, mais do que tendências, funcionam como guias práticos para repensarmos as iniciativas de desenvolvimento nas organizações. Em um momento em que a maior parte das áreas de RH ainda está ocupada com a entrega de demandas básicas (e represadas) de treinamento no mundo pós-pandemia, esse debate é urgente. Em muitos casos, vejo equipes sobrecarregadas, tentando atender pedidos pontuais das áreas, enquanto enfrentam baixíssimos índices de engajamento por parte dos próprios colaboradores – que, paradoxalmente, dizem sentir falta de programas estruturados.

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A empresa como ecossistema de aprendizagem

É aqui que entra a importância de um olhar lifewide: precisamos valorizar e estimular o aprendizado formal, não formal e informal com a mesma intensidade. Ao mesmo tempo, é preciso fomentar a autonomia – tanto dos aprendizes quanto das áreas que criam experiências de aprendizado (que atire a primeira pedra quem nunca se irritou ao descobrir que outra área fez um treinamento sem conversar com o RH…).

Um bom ponto de partida? Assumir que toda empresa é um ecossistema de aprendizagem. Isso significa reconhecer que o aprender faz parte da rotina organizacional, não se limitando à atuação da área de T&D. Sim, precisamos repensar a cultura de aprendizagem, mas também expandir a atuação das áreas de educação corporativa para além da entrega de programas. Nosso papel passa a ser o de orquestrar o ecossistema, incentivando múltiplas iniciativas e, principalmente, investindo na busca por inovação e novos caminhos.

Nesse sentido, as provocações do Fórum podem nos ajudar a refletir sobre alguns pontos-chave:

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  • O que aprender? As necessidades mudam na mesma velocidade em que a complexidade aumenta. Precisamos substituir os tradicionais “levantamentos de necessidade” por uma escuta contínua, conectada aos desafios do negócio e ao contexto externo.
  • Como reconhecer o aprendizado informal? Repito sempre: formalizar o informal sem burocratizar. Isso exige mapear o que já acontece, criar rituais no fluxo do trabalho e estabelecer mecanismos leves, mas eficazes, para reconhecer e valorizar competências adquiridas fora da sala de aula.
  • Como redesenhar as experiências de aprendizagem (com e sem IA)? A área de T&D deveria operar como um laboratório de pesquisa e inovação em aprendizagem. Isso exige tempo e novas competências: precisamos de gente com repertório em IA, design, marketing e outras disciplinas que ampliem nosso campo de visão.

Para dar conta disso tudo, a postura ambidestra é essencial: seguir entregando o que é necessário hoje, enquanto ousamos e experimentamos o que pode ser necessário amanhã.

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