Nos últimos 18 meses, a maioria de nós trabalhou sozinho em casa. Sem interação presencial com os colegas, sem os encontros de corredor, sem cafezinho na copa ou happy hour. Muitos mudaram de trabalho e sequer conheceram pessoalmente a empresa, os companheiros da área ou do departamento, os líderes e os diferentes integrantes que fazem uma companhia funcionar.
Para uns foi um alívio poder trabalhar de casa; para outros, nem tanto. Mas podemos todos concordar, depois dessa inédita experiência que fomos forçados a viver, que ninguém trabalha efetivamente sozinho. Todos precisamos de alguém em algum momento do processo. E, embora a nossa sociedade tenda a glorificar os criadores solitários, é somente pela colaboração que alcançamos as realizações mais importantes.
Em grupo, as habilidades do outro compensam nossos pontos fracos
À distância ou presencialmente, precisamos colaborar uns com os outros. Individualmente, somos criaturas seriamente limitadas – por simples condição humana, e não por alguma questão que exija reparo. Só conseguimos ser realmente bons em poucas coisas, entender a fundo certo número de questões e fazer um grande, concentrado e constante esforço apenas por algumas horas a cada dia.
Quando trabalhamos com outras pessoas, seja na posição de líderes, seja com membros da equipe, nossos poderes coletivos se ampliam muito além do que um único indivíduo conseguiria realizar. É quando temos a possibilidade de confiar que as habilidades dos outros compensarão nossos inevitáveis pontos fracos. Podemos, por exemplo, entender muito bem as implicações jurídicas de uma questão, mas ter importantes dúvidas sobre o marketing; ser excelentes em desenvolvimento de produtos, mas incrivelmente ruins quando se trata da venda.
Sabemos, por exemplo, que um vestido de noiva de um designer de alta costura leva o nome do designer, mas ele certamente não fez o vestido sozinho. É provável que ele tenha precisado, em média, de outras 50 pessoas para entregar o traje final para a noiva. O Iphone é sempre associado a Steve Jobs. Mas, para um aparelho novo surgir, são necessárias em torno de 350 pessoas.
No entanto, apesar de sabermos quão importante é trabalhar com o outro, colaborar, trocar ideias, estar em equipe são tarefas que, muitas vezes, podem ser complicadas, especialmente nesse momento novo que estamos vivendo de trabalho híbrido e de equipes diversas. É preciso estar aberto para colaborar com pessoas com visões diferentes das nossas, sempre pensar no objetivo final, e não no individual, e ter uma comunicação clara.
Colaboração e comunicação: competências que devem andar de mãos dadas
Minha percepção, após tanto contato com os conteúdos da The School of Life e com líderes de organizações de diferentes portes durante as reuniões de briefing dos workshops corporativos que promovemos, é que muitos projetos colaborativos dão errado porque nos comunicamos mal. Acreditamos que a fala e a escuta são habilidades que já nascem com a gente e, portanto, somos muito bons em entender o que os outros dizem. Mas isso, muitas vezes, é uma grande ilusão. Em muitos momentos, iniciamos uma conversa em sintonia diferente em relação ao outro.
O dia a dia saudável no trabalho é um esforço de empatia
O trabalho, cada vez mais, exige que façamos um esforço de empatia, aceitemos as diferenças e celebremos a oportunidade de ter por perto pessoas que ampliem as nossas perspectivas por meio de pontos de vista diferentes. E mais: é uma chance de poder contar com alguém na equipe que é especializado em algo que não conhecemos bem.
Foi Aristóteles quem disse que o ser humano é, por natureza, uma criatura social e política. Sabendo disso, não é difícil concluir que uma das coisas mais incríveis e significativas que fazemos juntos, enquanto família, amigos, sociedade ou equipe de trabalho, é colaborar. Portanto, deveríamos celebrar a colaboração e demonstrar apreço por quem trabalha bem conosco, em vez de nos apegarmos de maneira negativa às diferenças.
Todos importam
Seja você a pessoa que está no escritório presencialmente ou em casa, trabalhando sozinho. Lembre-se de que todos na empresa têm uma importância nos resultados do negócio e na entrega do produto ou do serviço. Desde o gênio que teve a ideia até quem conseguiu colocá-la em prática. Todo mundo importa.