interessante observar no meu dia a dia como recrutadora a quantidade de bons profissionais que encerram uma entrevista de emprego com a sensação de não terem transmitido toda a mensagem positiva sobre eles próprios, incluindo suas realizações. A questão é que, muitas vezes, essa dificuldade de verbalizar todo o seu potencial faz com que muitas pessoas percam interessantes oportunidades de emprego.
Ter um currículo bem estruturado e que drible robôs, além de conhecer os formatos padrões da dinâmica e das perguntas em uma entrevista de emprego certamente ajudam no processo seletivo. Mas, ainda que façam toda essa lição de casa, vejo muitos profissionais com pouca ou nenhuma habilidade para contar a própria trajetória. Muitas vezes o discurso é vazio. E por isso acho bastante importante trazer esse tema para reflexão.
Caso você já tenha passado pela situação de não conseguir transmitir seus principais resultados na vida profissional, sugiro dedicar algum tempo para entender o que, de fato, aconteceu. Como foram gastos os minutos daquela entrevista? Muitas vezes, o que falta é uma linha de raciocínio mais clara para não perder o fio da meada.
Em contrapartida, profissionais que têm em mente quais pontos da carreira são mais relevantes para aquele determinado processo seletivo e organizam todos eles de uma forma cronológica, clara e objetiva, costumam se dar melhor no momento de se apresentar. Essa clareza, inclusive, leva muitos a serem aprovados na busca pela vaga — desde que o centro dessa narrativa sejam exemplos práticos que comprovem que o profissional realmente tem as habilidades necessárias para determinada posição.
Como ponto de partida para discursar melhor sobre a própria trajetória, sugiro a análise sobre o tempo de entrevista. No máximo, metade desse tempo deve ser utilizado para que o profissional fale de si mesmo e de suas experiências e realizações. Assim, é possível deixar tempo para o bate-papo com o contratante e criar sinergia e conexão com essa pessoa.
Pensando nisso, listei três boas práticas que podem ser úteis nessa etapa do processo seletivo:
1. Reflita sobre os pontos de destaque da sua trajetória
Não considero uma boa estratégia decorar um discurso pronto para todas as oportunidades de emprego. Vai ser mais eficiente se, antes de cada entrevista, você refletir sobre as ações, os projetos e os resultados de destaque que sejam relevantes para a posição que está pleiteando.
2. Considere o seu tempo de carreira na construção do discurso
Se o profissional for mais sênior, considerando a experiência, é importante que ele deixe claro no que pode agregar para a organização, caso seja contratado. Isso pode incluir apoio em ações de expansão, recuperação financeira, fusões ou aquisições, e também na redução de custos e desperdícios, otimização de processos, estruturação de uma equipe de alta performance. Caso o profissional não tenha muita experiência na bagagem, não há problemas em se apoiar em conquistas e desafios mais simples, porém relevantes, do dia a dia. Claro, sempre com exemplos práticos — fatos e dados — de acordo com o desejado pelo empregador.
3. Estude o perfil de quem vai te entrevistar
Outro ponto bastante importante é analisar quem será o seu interlocutor na entrevista e se adequar com relação à clareza e ao nível de detalhes que ele pratica e, possivelmente, espera de você. Um profissional C-level, muitas vezes, não vai ter muito tempo disponível para ouvir os mínimos detalhes da sua trajetória, mas ele precisa, de uma forma macro, enxergar que o candidato tem um currículo e um perfil compatíveis com a posição. Na maioria dos processos seletivos, a pessoa de recursos humanos envolvida na seleção também vai te observar pelo viés da cultura da empresa e do seu perfil comportamental. Então, se a vaga é de liderança, por exemplo, vai ser importante apresentar exemplos práticos de construção de times, além de exemplos profissionais ou de vida que demonstrem a sua afinidade com os valores da empresa. Essa pode ser uma estratégia bastante certeira.
Em suma, acredito que seja importante que os profissionais pensem com antecedência sobre esses exemplos para aproveitar o tempo da entrevista da melhor forma. Mas lembre-se de “ler o ambiente” para perceber o melhor momento de citar cada exemplo. Responder ao que for perguntado com objetividade e sem dar voltas também é uma característica importante em uma entrevista de emprego.