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Patricia Ansarah

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Criadora do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP).

Por que incentivar a criação de vínculos no trabalho é um diferencial estratégico

Hoje, pertencimento é tão importante quanto dinheiro. Daí a importância de investir em segurança psicológica e nas relações no escritório.

Por Patricia Ansarah, colunista da Você RH
6 Maio 2025, 14h51
Fotografia de colegas de escritorio conversando e sorrindo.
 (Anastasiia Krivenok/Getty Images)
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Dinheiro já não é o único motivo que mantém um profissional em seu emprego. Cada vez mais, a escuta ativa, a liberdade para expor ideias, o bem-estar e a saúde emocional estão ganhando relevância na decisão de permanecer em uma empresa. Isso porque a satisfação no trabalho vai além da remuneração: ela está diretamente ligada ao “salário emocional”. 

Trata-se de um conceito que vem ganhando força no mundo corporativo. Ele abrange tudo o que a organização oferece além do salário, como reconhecimento, respeito, flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

E a busca pelo salário emocional não é apenas uma tendência. É uma realidade comprovada por dados.

Uma pesquisa da Gympass, por exemplo, revelou que 83% dos trabalhadores consideram o bem-estar tão importante quanto o salário. Além disso, 77% deixariam a empresa caso ela deixasse de valorizar a saúde mental dos funcionários.

Já um levantamento do Infojobs concluiu: 90% dos profissionais já cogitaram trocar de emprego por questões de saúde mental, satisfação ou felicidade no trabalho.

Segurança psicológica

Alguns aspectos do salário emocional, como autonomia, criatividade, pertencimento, crescimento e propósito, não se desenvolvem isoladamente. Existe um fator fundamental e muitas vezes negligenciado: a segurança psicológica. 

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A pesquisadora Amy Edmondson, referência no tema, argumenta que a liberdade para se expressar sem medo de represálias é determinante para o aprendizado, a inovação e o engajamento. Sem isso, as relações se tornam frágeis, e o ambiente de trabalho se transforma em um lugar onde os profissionais gastam mais energia tentando parecer competentes do que efetivamente contribuindo com os objetivos comuns.

A falta de segurança psicológica cria um abismo entre as pessoas. Essa desconexão prejudica a comunicação, mas também interfere na inteligência coletiva, na colaboração e no senso de propósito. Em tempos de solidão corporativa, construir vínculos genuínos não é um detalhe: é uma necessidade urgente.

Vínculos no trabalho

Por muito tempo, prevaleceu a ideia de que o ambiente de trabalho deveria ser estritamente racional, técnico e controlado; que os profissionais deveriam deixar seus vínculos, sentimentos e inseguranças na vida pessoal. 

No entanto, a forma como nos relacionamos no trabalho impacta diretamente a saúde, a performance e a satisfação profissional. Esse tema também está ganhando espaço no mundo corporativo. Ele apareceu no festival South by the Southwest (SXSW) deste ano, por exemplo, quando a psicoterapeuta Esther Perel defendeu que “a qualidade dos nossos relacionamentos determina a qualidade da nossa vida”.

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E isso está diretamente ligado à qualidade das relações interpessoais no ambiente de trabalho. Mais do que uma simples convivência, essas conexões influenciam a motivação, o engajamento e a retenção de talentos. 

Em um cenário marcado por alta rotatividade, esgotamento profissional e a busca crescente por propósito, fortalecer os vínculos entre as pessoas deixou de ser um aspecto secundário e se tornou uma estratégia essencial para a sustentabilidade das empresas.

Saúde social

Nos últimos anos, a atenção à saúde física ganhou força, seguida pelo foco na saúde mental impulsionado pelo conceito de salário emocional. Agora, em 2025, uma nova dimensão entra no centro do debate: a saúde social. 

A pesquisadora Brené Brown defende que todo ser humano é movido por conexão, pertencimento e significado. A falta desses elementos estaria alimentando uma epidemia da solidão: ou seja, um sofrimento silencioso causado pelo adoecimento social. 

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Diante desse cenário, fortalecer vínculos no ambiente de trabalho é essencial – porque apreciação e aceitação são necessidades fundamentais para qualquer indivíduo.

Embora as interações existam, a distância social ainda é uma realidade, e isso cobra um alto preço. A falta de conexão genuína impacta o engajamento, a confiança, a inovação e, sobretudo, a capacidade de aprender e evoluir com os outros.

Diferencial estratégico

Criar vínculos no ambiente de trabalho não é, portanto, só uma questão de bem-estar: é uma estratégia essencial para empresas. 

Pesquisas mostram que 15 minutos de socialização intencional podem aumentar em até 20% o desempenho das equipes. Ainda assim, a maioria dos profissionais de escritório dedica menos de 10% do tempo do dia a conexões genuínas com colegas de trabalho. 

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Além disso, dados da Gallup revelam que colaboradores que experimentam um forte senso de pertencimento são 59% menos propensos a buscar um novo emprego.

Por isso, é preciso reformular a cultura organizacional para que o medo de errar ou de se expor não seja maior do que a vontade de aprender, crescer e pertencer. Entre uma reunião e outra, entre o “bom dia” e o silêncio, nascem as relações que sustentam ou fragilizam toda a organização.

O erro está em concentrar a responsabilidade de criar vínculos exclusivamente na liderança, como se a construção de um ambiente saudável dependesse apenas dela. 

Em uma equipe, cada pessoa tem um papel fundamental. Falar de salário emocional é incentivar a corresponsabilidade e preparar todos para atuarem como membros ativos de um time. O tecido social não se forma sozinho, uma vez que se trata de uma construção coletiva.

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O salário emocional evidencia uma realidade incontestável: o futuro das empresas é humano. As novas gerações já entenderam isso, enquanto muitas ainda enfrentam o impacto de modelos de gestão ultrapassados. O verdadeiro diferencial das organizações está na maneira como suas equipes se conectam, aprendem e evoluem juntas.

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