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Entrevista: Lee Schuneman, presidente da EF EdTech e ex-líder de inovação na Microsoft

O executivo é uma referência incontornável quando se trata de abordagens criativas para a aprendizagem. Confira o que ele tem a dizer sobre IA e outros temas.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 25 out 2024, 12h11 - Publicado em 30 set 2024, 15h22
Homem calvo, de barba branca cerrada, vestido de jaqueta azul.
 (Celso Doni/VOCÊ RH)
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A EF Education First é a maior empresa privada de educação do mundo, com 53 mil colaboradores focados em programas de idiomas, intercâmbio acadêmico, cultural e viagens educacionais. À frente da sua área de aprendizagem educacional está um visionário do futuro do trabalho: Lee Schuneman. 

Com cerca de três décadas de experiência no setor de tecnologia e educação, Schuneman tem sido uma voz influente na transformação das práticas de desenvolvimento de gestores e equipes. Trazendo uma experiência notável como líder de inovação da Microsoft no currículo, ele usa de sua expertise com tecnologia de ponta para criar abordagens inovadoras para o treinamento de adultos, ajudando empresas a navegar com sucesso pela era digital, preparando seus times para os desafios que o desenvolvimento de profissionais tem demandado – principalmente entre as novas gerações.

Vencedor de dois prêmios Bafta pelo trabalho com games (Xbox e Nintendo), Lee Schuneman fala, nesta entrevista exclusiva para a Você RH, sobre seu antigo trabalho na empresa criada por Bill Gates, que lhe trouxe reconhecimento no mundo todo, e compartilha suas perspectivas sobre as tendências emergentes no campo da aprendizagem corporativa. Também discute o impacto da inteligência artificial nessa atividade e sobre as possibilidades que as tecnologias imersivas podem trazer para o treinamento de profissionais. Apenas desfrute.

Como ter sido líder de inovação na Microsoft influencia sua visão sobre o futuro do trabalho?

Eu tenho trabalhado em tecnologia por quase 30 anos. Trabalhei em games e ajudando a Microsoft a explorar diferentes oportunidades de inovação. Particularmente, passei bastante tempo no desenvolvimento do dispositivo de visão HoloLens. Como parte disso, estimulamos vários clientes de setores diferentes a pensar em como a realidade aumentada pode funcionar em seu negócio e como a inovação seria capaz de melhorar seus produtos, melhorar a comunicação interna e, obviamente, sua mensagem para o mundo. E depois, entrando no EF, levei a mesma forma de pensar os desafios dos negócios com um tipo diferente de abordagem criativa. O que eu gosto de fazer é encontrar esse equilíbrio entre criatividade e tecnologia, e juntar essas duas coisas em prol de um resultado interessante. Seja criando um game, um aplicativo para educação ou uma tecnologia para o RH. 

Qual o seu estilo de liderança?

Percebi, ao longo da minha carreira, que o meu trabalho principal é realmente ouvir as pessoas, inspirá-las, ajudá-las a se desenvolver. Essa é a minha missão. É encontrar os melhores talentos e trazê-los para um ambiente onde eles possam fazer o melhor trabalho. É ter certeza de que temos o projeto correto para todos os desafios e problemas. Às vezes, dar direcionamento para as pessoas. Os profissionais mais criativos nem sempre são muito amáveis ​​com os outros, apenas dizem o que cada um deve fazer. E você não vai conseguir o melhor deles se tentar mudar sua personalidade. Então meu objetivo como líder de pessoas é apenas definir o tom, definir a visão, encontrar os melhores e então ajudá-los. 

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Como vê a participação das novas gerações no mercado de trabalho?

O desafio é que os mais jovens também percebam que precisam trabalhar duro. Não quero dizer que você deva trabalhar 24 horas por dia. Não tem nada a ver com o tempo que você investe, mas, sim, com a quantidade de energia, a paixão e a vontade de desenvolver cada projeto. Se você tiver esses atributos, a empresa terá um ótimo resultado.

Descreva a sua transição da indústria de games para o ramo da aprendizagem. 

Minha carreira tem três grandes etapas. Primeiro a de ser criador de jogos de vídeo, depois a de criar um laboratório de inovação dentro da Microsoft e, enfim, a de ficar realmente focado no mundo da educação e no desenho de aprendizagem. Nessa fase do meio, como parte do desenvolvimento do HoloLens, nós passamos um bom tempo focando em como alcançar os alunos jovens para liderar essa ideia de criação 3D e como isso poderia abrir novas formas de conhecimento, dar-lhes caminhos inéditos para aprender novas habilidades. Foi me envolvendo cada vez mais nisso que eu me transformei em um profissional de educação. 

Como a IA está sendo integrada no processo de aprendizagem com adultos? 

Tenho muitos colegas antigos que estão na DeepMind [empresa britânica focada em pesquisas e desenvolvimento de máquinas de inteligência artificial] e na Microsoft, muitas conexões nesse espaço que está mais aprofundado com a IA. Acho que as pessoas não perceberam que o que vendemos com a IA hoje pode ser muito mais poderoso para transmitir conhecimento. Só usar um ChatGPT para dar informações a um estudante, sem realmente pensar em como o aluno vai absorver esse conteúdo, não vai atingir o melhor resultado. O que estamos investindo é em como podemos usar uma IA para entender seu progresso no caminho do aprendizado. Também acreditamos que não há nenhum embasamento ainda para que essa tecnologia substitua um professor humano. Porque o professor faz muito mais do que transmitir conhecimento. Ele entende o quão motivado está um estudante a age sobre isso, percebe se o aluno está num dia ruim…

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Como você vê o desenvolvimento e treinamento no futuro? 

Se você levar em conta como a aprendizagem online é feita hoje, verá que é com aulas por Zoom, Teams, Meet… videoconferências. São recursos para reunir, não para educar. Você provavelmente está em uma conversa dessas por computador ou celular em algum lugar, e eu não consigo ver sua linguagem corporal e para onde você está olhando de fato. Dependendo do conteúdo, ele é apresentado em PowerPoint, que foi feito para uma comunicação mais simples, geralmente para a área comercial. E há um terceiro problema aí, ligado à pedagogia. Não há, no online, uma compreensão de que as aulas vão levar ao melhor resultado para o estudante. Então nós dissemos “vamos colocar o professor dentro do conteúdo”. Assim desenvolvemos o HyperClass, um sistema com experiências imersivas nas quais o professor tem uma desempenho melhor em diferentes cenários onde o profissional precisa se desenvolver. Se ele estiver indo para um aeroporto, estará numa situação em que interage dentro do táxi que o leva até lá, o que deve fazer para conseguir embarcar… Então acredito que o futuro do treinamento passa, necessariamente, por experiências imersivas.

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Esta entrevista é parte da edição 94 (outubro/novembro) da Você RH. Clique aqui para conferir outros conteúdos da revista impressa.

 

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