Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Na agenda do RH: transformação digital e inclusão, prioridades da Suzano

Gigante do setor de papel, a Suzano tornou o RH ágil e criou metas de inclusão. Christian Orglmeister, diretor executivo de RH, explica os desafios

Por Elisa Tozzi
Atualizado em 23 out 2024, 10h23 - Publicado em 24 ago 2020, 16h30
teste
Christian Orglmeister, diretor executivo de RH da Suzano: ele acumula as diretorias de TI, comunicação e digital  (Sergio Zacchi/Divulgação)
Continua após publicidade

Christian Orglmeister estava à frente da consultoria Boston Consulting Group (BCG) quando recebeu um convite de Walter Schalka, presidente da Suzano: assumir o RH da gigante brasileira do setor de papel e celulose. Membro do conselho consultivo da Suzano, Christian sentia grande alinhamento de propósito com a companhia e topou o desafio – que começou em janeiro de 2019. Entre suas atribuições estavam cuidar da transformação digital da companhia. Na entrevista a seguir, ele conta como está liderando esse processo e por que a diversidade ganhou peso em sua agenda.

A Suzano tem passado por um processo de transformação digital. Como estão conduzindo isso numa indústria tão tradicional?

Parte da transformação está na tecnologia, já que a floresta gera muitos dados. Mas isso tem muito mais a ver com cultura, forma de trabalho e mentalidade. A cultura digital é de acerto e erro, de dar missão para a pessoa e deixa-la resolver, de ter menos hierarquia e mais transparência. Na Suzano, temos mantido o foco em ver qual o problema precisamos resolver para depois buscar a tecnologia e pensar em novos processos. Hoje, temos conosco 300 analistas de dados e mais de 20 squads funcionando na companhia. Procuramos ter cautela no processo, pois somos industriais e a cultura ágil envolve correr riscos. Vamos aos poucos trabalhando muito na formação das lideranças.

De que maneira o RH está se envolvendo?

Nós começamos com times ágeis no RH porque somos nós que precisamos incentivar o resto da organização e ajudar a responder as perguntas que surgirão: como liderar assim? Como organizar o trabalho? É claro que nem toda a empresa irá trabalhar dessa maneira, mas a mentalidade de cumprir objetivos com propósito – que é um dos fundamentos da cultura ágil – faz com que o time fique mais engajado e motivado e a relação com a liderança se torna mais fluida.

Como foi implementar os squads no RH?

Começamos há um mês e meio. Fizemos um piloto no começo do ano e redesenhamos o RH para o que chamamos de jornada do colaborador. Antes a gente empurrava as coisas para o colaborador, agora invertemos e analisamos como o profissional se relaciona com a Suzano desde a contratação. Olhando as melhores práticas e conversando com startups, começamos a verificar quais são as “dores” dos colaboradores para criar jornadas específicas que são avaliadas e medidas com indicadores como o NPS (Net Promoter Score, métrica que mede a satisfação do usuário). A lógica do RH mudou completamente. Em vez de sermos um provedor somos um facilitador da experiência dos funcionários. O pessoal está se acostumando, mas as reações têm sido positivas.

Estamos tão acostumados ao comando e controle que ficamos esperando o chefe dizer o que fazer

Christian Orglmeister

Quais são os principais desafios?

O mais importante é entender o que é a mentalidade ágil. Fizemos vários workshops de estudo e troca de ideias para compreender a essência desse pensamento. Uma das características principais é a clareza de objetivos e ter um time que entenda qual é a meta de cada período (semana, mês ou trimestre, por exemplo). Quando todos entendem que todo mundo rema pelo mesmo propósito, é possível dar autonomia e deixar as pessoas exercitarem sua qualidade para solucionar o problema. Mas se não há um problema definido e claro, o chefe tem que ficar direcionando a equipe –e esse líder fica com pouco valor agregado.

Continua após a publicidade

O segundo ponto é ter capacitação mínima para o funcionário ter autonomia. Estamos tão acostumados ao comando e controle que ficamos esperando o chefe dizer o que fazer.  No modo ágil você tem que participar, assumir a sua responsabilidade e seu papel em contribuir para a solução. Quando as pessoas percebem que podem agir assim elas se sentem satisfeitas, pois estão usando todas as competências e não só executando uma ordem. Tudo isso está associado ao ambiente de confiança, onde o líder diz que é o time que resolve e o time precisa ser protagonista. É um processo de aprendizagem.

E como isso pode ser aplicado na operação?

Já temos na parte industrial soluções operacionais com base em tecnologia, como internet das coisas e análise de dados. Os operadores trabalham junto com os cientistas de dados e isso é uma combinação poderosa com muita troca de percepções.

As células de trabalho da operação (recebimento, produção, utilidades por exemplo) podem trabalhar com conceitos ágeis: rotina de gestão e líder que investiga o erro sem cobrar. Tem que ter cuidado com o conceito de tentativa e erro porque um erro pode ocasionar uma grave consequência.

Outra frente que a Suzano tem trabalhado é a de diversidade e inclusão. Como o processo começou?

Na minha primeira semana na Suzano em janeiro de 2019, tive uma reunião com o time da Plural, uma organização voluntária que queria debater diversidade na empresa. O objetivo era fantástico, mas a maior parte dos participantes estava no início da carreira – o que não tem nada de errado, mas para o programa ganhar tração tínhamos que institucionalizar. Então eu os desafiei a se organizar e criar grupos de trabalho que seriam patrocinados por diretores da companhia. Hoje trabalhamos com Mulheres, Negros, LGBT, PCDs e Gerações. Cada grupo tem um líder próprio e um padrinho. Nessa mesma época, fizemos um censo voluntário de diversidade, que teve 88% de participação, onde cada um se se classificou nos grupos e indicou o quão inclusiva é a Suzano. Isso criou uma base de trabalho. Agora temos a meta de, em cinco anos, com 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres e 30% por negros. Parte da remuneração variável da de toda a companhia está relacionada a essa meta.

Continua após a publicidade

Quais são as ações estão fazendo para atingir esses objetivos?

Tiramos o pré-requisito do inglês do programa de estágio, pois sabemos que isso limita a diversidade e começamos a recrutar também em escolas regionais, não ficando só com foco nas dos grandes centros. Criamos uma grade de desenvolvimento em diversidade em toda a diretoria e treinamos os gestores de uma vaga sobre vieses inconscientes. É um trabalho longo, pois expõe as nossas vulnerabilidades – todos nós temos preconceitos e precisamos desconstrui-los, eu faço isso em palestras que dou na empresa. Além disso, estamos muito preocupados com acessibilidade; não só a do espaço físico, mas a dos sistemas de tecnologia. Por isso, toda comunicação é feita em Libras, incluindo as reuniões gerais com o presidente, Walter Schalka.

Como estão encarando a crise do coronavírus?

Tivemos forçadamente um protagonismo na gestão de crise. Primeiro, para cuidar da saúde e segurança de todos, área que na Suzano fica no chapéu do RH, e depois apoiamos a área de TI para colocar cerca de 1/3 dos funcionários em home office. O RH se tornou o guardião dos processos e ajudou os líderes a se conectar de outra maneira com as equipes, a conduzir reuniões. Aí surgiram questões como mindfulness e criação de rotinas virtuais, porque houve situações de estresse emocional.  O Schalka mandou um e-mail para toda a companhia dizendo para o pessoal travar a agenda na hora do almoço, por exemplo. Agora vem a retomada e um conceito forte que surge e o de Wellbeing Office, que pensa não só em saúde e segurança, mas relaciona o bem-estar, o desenvolvimento e o propósito de um colaborador.

Quer ter acesso a todos os conteúdos exclusivos de VOCÊ RH? É só clicar aqui para ser nosso assinante.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Você RH impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.