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93% das empresas dizem que falta olhar cuidadoso para a saúde mental

Estudo da Kenoby ainda aponta que 70% das companhias não têm um departamento ou um profissional responsável por cuidar do bem-estar psicológico das equipes

Por Elisa Tozzi
6 Maio 2021, 09h00
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  • Quais são os impactos da saúde mental no trabalho? Foi para responder a essa pergunta que a startup de recrutamento Kenoby conduziu, entre fevereiro e março de 2021, uma pesquisa com 488 profissionais de RH de todo o Brasil – a maior parte deles trabalha em empresas com até 500 funcionários.

    O estudo traz algumas descobertas importantes. Uma delas é que, embora maioria das empresas (62%) leve em consideração a saúde mental no momento de avaliar as expectativas dos funcionários, 93% dos profissionais de RH ainda acham que as companhias precisam olhar com mais cuidado para a saúde mental da equipe. Além disso, 37% acreditam que problemas com o bem-estar psicológico podem impactar na produtividade individual e coletiva. E, embora 60% digam que a empresa tem prioridade em contratar uma pessoa ou criar um departamento de saúde mental, 53% não sabem em quanto tempo isso será feito e 70% não têm, no momento, um profissional ou área dedicada ao tema.

    Para Felipe Sobral, diretor de marketing da Kenoby, é um avanço que as organizações se mostrem mais preocupadas com a saúde mental, mas ainda é necessário trabalhar questões culturais e de gestão para que o tema ganhe mais relevância. Leia a entrevista do executivo para VOCÊ RH.

    Embora 67% das empresas digam que levam em conta o tema da saúde mental, 93% apontam que falta um olhar geral para essa questão. Por que isso acontece?

    Esse estudo nos mostrou que as empresas estão mais atentas a essa questão, pois sabem que as pessoas são o principal ativo, porém, temos um longo caminho a percorrer. A pandemia acabou favorecendo esse início de mudança, acendeu uma luz de alerta para como as corporações estavam olhando e lidavam com esse assunto.

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    A mudança deve ocorrer, primeiro, na estrutura do modelo de trabalho e na cultura. As empresas estão olhando para o bem-estar dos funcionários, porém à distância. Estão sim preocupadas com o tempo que eles passam no computador, se estão almoçando ou não. Esse foi o nosso objetivo: mapear e entender as dores e desafios das corporações durante e pós-covid-19.

    As empresas sinalizam como prioridade abrir uma área ou contratar alguém para atuar com saúde mental internamente. Essa tendência já está se concretizando em vagas?

    Poucas empresas já deram esse segundo passo. Recentemente, a Ambev contratou uma diretora de saúde mental, e isso representa uma grande mudança de mentalidade e visão de futuro do trabalho.

    O que as companhias devem fazer para melhorar os cuidados com a saúde mental dos funcionários, tanto no trabalho físico, quanto no home office?

    O diálogo é o primeiro passo. Estar aberta para ouvir o que o colaborador tem a dizer, suas dificuldades, seus medos e o que os afligem. Na régua de prioridades, o que vem primeiro? Programas de bem-estar ou plano de metas? O que tem sido feito pela grande maioria das empresas e, de imediato oferecido para as equipes, é terapia por telemedicina, academia ou algum tipo de exercício, práticas de mindfulness e meditação, prática laboral e roda de conversas.

    Mas, antes disso tudo, o importante é que a empresa e a liderança entendam se isso faz sentido para cultura dela. Fazer um diagnóstico sincero, perguntar para os funcionários o que é saúde mental pra eles, entender como é a relação com o líder, se o profissional tem condições para trabalhar em casa. A escuta sem fazer juízo de valor e, daí, realmente entender o que pode ser melhorado, facilitado. Trazer esse assunto para liderança, é o primeiro passo. A segurança psicológica é um tema que vem sendo colocado na mesa e trazido para os liderados.

    Qual resultado da pesquisa chamou mais a sua atenção ?

    A falta de previsibilidade quanto à estruturação de uma área voltada à saúde mental, a curto prazo, voltada para essa questão. É importante também que as empresas, de forma geral, percebam que formato home office não é um vilão, que não significa produzir menos. Ao contrário, a preocupação é se pode levar o funcionário a uma exaustão e impactar sua saúde como um todo e ter reflexos negativos, inclusive, na produtividade. Muitos profissionais, além de estarem aflitos por conta do vírus, lidam com o dor de perder um amigo, um parente. Além disso, ter que trabalhar no modelo home office do dia para a noite forçou as pessoas a uma adaptabilidade inevitável e necessária.

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