educação política entrou na agenda de muitas empresas, que passaram a oferecer programas voltados a essa temática para permitir que funcionários avaliem criticamente as informações que recebem e entendam seu papel como disseminadores de conteúdo. É o que defende Patricia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta, entidade sem fins lucrativos que advoga pela liberdade de imprensa e o combate à desinformação. Saiba mais
Qual a importância da educação política dentro das empresas?
É uma questão de cidadania. As maneiras como nos relacionamos com as informações têm papel fundamental na nossa vida e, claro, em uma eleição. É por meio delas que tomamos consciência dos problemas e desafios de nossas comunidades, cidades e país, e ficamos sabendo das propostas dos candidatos para resolvê-los. É importante que as empresas entendam seu compromisso social e utilizem essa concepção para disseminar a ideia de cidadania e democracia e seus respectivos valores.
Como abordar essa questão no universo corporativo?
Acredito que é preciso abordar o sentido e os valores da democracia brasileira, sempre tendo como norte a Constituição. Entender nosso papel na sociedade passa, indiscutivelmente, pela compreensão plena do que a carta constitucional nos traz em relação a nossos direitos e deveres, sem desprezar nossas ações online. Nesse vasto universo da informação, ler criticamente o que chega até nós e entender nossa responsabilidade como produtores e disseminadores de conteúdo é um caminho para fortalecer a democracia.
Que cuidados devem ser tomados nos projetos de educação política?
É preciso cuidado com vieses ideológicos e com a captura do tema por alguns atores desse debate. Alguns termos tiveram suas definições distorcidas e revestidas de roupagens mentirosas. Abordar temáticas como a disseminação de notícias falsas precisa ser algo pensado cuidadosamente, pois pode cair em partidarismos que nada acrescentam ao cerne da discussão. É preciso discutir a política com “P” maiúsculo, como forma de fugir da polarização e contribuir, de fato, para uma sociedade que entenda o seu papel no ambiente democrático.
Como fazer com que essas ações sejam atrativas para os funcionários?
Creio que é fundamental conhecer seu quadro de funcionários para entender como modelar o discurso e as estratégias de diálogo, prezando sempre pela comunicação não violenta. Além disso, existem diversos formatos e dinâmicas que podem ser utilizados, desde palestras até jogos interativos e cursos online mais aprofundados. O importante é identificar quais as necessidades e traçar um plano de ação com apoio de especialistas no tema. Educar para a democracia, assim como educar para a análise crítica de informações, é urgente e extremamente necessário se quisermos construir uma sociedade mais plural, diversa, menos desigual e mais participativa. E as empresas podem contribuir muito para que isso se torne realidade.
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