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Fábio Milnitzky

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Sócio fundador e CEO da iN, consultoria de propósito e gestão de marcas
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O trabalho remoto e o medo de se tornar desnecessário

Em momentos de incerteza, é o departamento de gestão de pessoas que vai garantir o bem-estar e um ambiente de trabalho mais saudável

Por Fábio Milnitzky, colunista de Você RH
30 mar 2022, 11h54
Um homem e uma mulher estão sentados à mesa, que tem duas xícaras, uma calculadora e alguns papéis espalhados. Os dois parecem preocupados
 (Pexels/Mikhail Nilov/Divulgação)
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N

este mês tive a oportunidade — e o prazer — de estar em Austin (Texas, EUA), no South by Southwest, maior evento de criatividade e inovação do mundo. Eu tinha certeza de que o SXSW teria muito a me oferecer em relação à iN, minha consultoria de gestão de marcas, e a nossos clientes.

O SXSW é um evento de grande magnitude e que oferece agendas e trilhas altamente relevantes. Por isso, poderia lhes passar um dia a dia do que assisti, aprendi, introjetei e rejeitei. Assisti a mais de 50 palestras, painéis e experiências ao longo de dez dias. Em vez de um grande compilado, preferi trazer aqui um recorte específico, de um painel pouco “hyppado”, mas que trouxe alguns insights e tendências sobre os desafios e caminhos que profissionais de gente e gestão têm enfrentado nestes últimos dois anos.

Em um encontro realizado na House of Creative Denmark (ou Casa da Criatividade da Dinamarca), aconteceu uma discussão muito rica sobre o impacto no profissional de RH por causa da pandemia, do trabalho remoto e das novas formas de interação entre as pessoas. Listo aqui, em cinco tópicos, os insights que classifico como os mais relevantes. Em comum, todos têm o mesmo fio condutor: a confiança.

Distance working

Um ponto discutido foi de que muitas empresas não estão se adaptando ao home office por medo do desconhecido. Isso parte de CEOs e profissionais de RH que, pela primeira vez, estão sendo confrontados, de maneira reativa, a essa nova realidade. Em outras palavras, tanto esses profissionais quanto seus líderes se perguntam: com toda essa mudança, qual é o meu papel nesse novo contexto? Será que ainda vou ser importante com o repertório que tenho? Um sentimento de impotência foi relatado por diversas lideranças.

No entanto, é justamente nesses momentos que líderes precisam olhar de fato para cada colaborador, para as funções exercidas e demonstrar o valor de cada indivíduo para a organização como um todo. Pois esse sentimento de incerteza pode afetar diretamente tanto o desempenho do profissional quanto a sua saúde — física ou mental. De acordo com pesquisa recente do Talenses Group, holding de recrutamento, 57% dos profissionais ainda realizam home office integral, 10% estão integralmente em regime presencial e 33% vão ao escritório de forma alternada ou quando necessário. 

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Desvincular a segurança do profissional de RH como elemento propulsor da construção de um novo momento não pode ser subestimado.

Ser e parecer x fazer acontecer

O retorno ao presencial tende a mitigar os próximos passos do trabalho à distância. Todo avanço digital que foi conquistado durante a pandemia, uma vez que tivemos que nos adaptar às pressas ao isolamento social e ao home office, já está tendo o ritmo reduzido e até mesmo novos passos bloqueados com a volta aos escritórios. A predileção pelo presencial se dá, prioritariamente, em duas situações: por profissionais que não se adaptaram a novos modelos de trabalho e por pessoas que se sentem vulneráveis quando não estão ‘mostrando serviço’ a todo momento, desenvolvendo o medo de serem dispensadas. O que era para ser um novo mindset positivo e estimulado por lideranças de RH foi substituído por um sentimento de que “voltar ao que era antes é muito mais seguro”. Mais do que para minha organização, mas também para a manutenção de meu emprego.

Sobre diversidade etária

A resistência ao home office não se deve apenas a diferenças geracionais, como costumeiramente inferido, entre quem nasceu online e quem se tornou online. Ferramentas intuitivas e treinamento podem aumentar a performance ao mesmo tempo em que aproximam as gerações.

Esse cenário é altamente benéfico tanto para o colaborador quanto para a organização, uma vez que todos, ao mesmo tempo, podem desfrutar de novas tecnologias como 3D e Realidade Aumentada, tornando o trabalho não só melhor, mas também mais divertido.

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Diferentes ‘tribos’

Ao formar uma equipe com diversas personalidades e diferentes skills, automaticamente estamos enriquecendo o time e melhorando sua produtividade. Isso porque mentes que pensam diferente se completam. Diversas habilidades, ao se encontrar, rendem resultados surpreendentes. Por isso, algo que surgiu não só nesse evento, mas em diversos encontros sobre gestão organizacional, foi o mesmo: as organizações que vão crescer de forma sustentável são aquelas que colocam mais diferenças nas mesas em que as tomadas de decisão acontecem. Quanto maior o número de pessoas com contextos de vida diferentes e repertórios diferentes, melhor será todo o processo criativo.

Digital, mas com human touch

Proximidade traz eficiência. Isso independe de a empresa funcionar em um modelo mais ou menos digital. Pelo contrário, garantir que os ritos das empresas consideram o contexto online, mas que podem ser potencializados por momentos simbólicos, marcantes e planejados de forma pessoal, olho no olho, já estão fazendo toda a diferença. Por isso, a tecnologia deve trazer mais perenidade ao Employee Life Cycle, mas não deve substituir integralmente um cafezinho, um abraço de reconhecimento por uma grande conquista, uma reunião presencial de cocriação e até mesmo offsite presencial com um happy hour descontraído. Afinal, convenhamos, tomar cerveja em grupo aproxima muito mais do que por zoom.

Tendo discorrido sobre esses pontos, vejo com muita clareza que mais do que nunca o RH é essencial. Em momentos de incerteza, é o departamento de gestão de pessoas que vai garantir o bem-estar e um ambiente de trabalho mais saudável — em regime remoto ou híbrido. Agilidade é uma soma de confiança com autonomia e os profissionais de pessoas são chave para esse novo momento.

Nunca se ouviu falar tanto em saúde mental no âmbito corporativo, o que torna ainda mais importante o comprometimento com a inclusão e a diversidade. Os compromissos ESG estão cada vez mais em ascensão. E tudo isso, entre tantos outros movimentos, está atrelado às atividades do RH.

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Espero que o entusiasmo este ano se concentre em compartilhar soluções e ideias para um amanhã melhor, mais saudável, mais seguro e mais sustentável. Independentemente do modelo de trabalho, seja ele remoto, híbrido, presencial, seja qualquer outro, que as empresas tenham a oportunidade de revisitar suas atividades, como eram anteriores à pandemia e como estão hoje, e de fato estabelecer vínculos com seus colaboradores a fim de consolidar a aproximação empregador-empregado. Certamente, esse é o passo para firmar um ambiente de maior segurança para todos os colaboradores.

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