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Executive Director Talenses & Managing Partner Talenses Group
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Setembro Amarelo nas empresas: a regra da máscara de oxigênio

Principalmente como líderes, precisamos cuidar de nossa saúde mental — se não estamos bem, não conseguimos cuidar dos outros

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 4 set 2022, 13h36 - Publicado em 2 set 2022, 07h21
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stamos no início do Setembro Amarelo, mês reconhecido como um lembrete de prevenção ao suicídio e ao cuidado com a saúde mental, tema tão em evidência no mundo corporativo e acentuado ainda mais com o período de pandemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a economia mundial perde 1 trilhão de dólares por ano devido à baixa produtividade de colaboradores acometidos por transtornos mentais e ela passa, inclusive, a reconhecer o burnout como uma doença do trabalho.

Tenho certeza de que você que nos lê, certamente, conhece uma ou mais pessoas que tiveram recentemente burnout ou algum tipo de abalo na saúde mental, como depressão ou síndrome do pânico, por exemplo. Ao meu redor, o número de pessoas que relataram estarem passando por algo do tipo é bem elevado, infelizmente. E eu diria que nenhum de nós está isento de vir a enfrentar algo do tipo.

Os gatilhos que podem desencadear um quadro de transtorno mental são muitos e por isso é tão importante estarmos atentos a nós mesmos em todos os sentidos. Existem alguns aspectos do nosso dia a dia que nós podemos controlar, como a nossa rotina, por exemplo. E eu pergunto a vocês: a rotina é amiga ou inimiga da boa saúde mental? A resposta é depende!

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É possível fazer mais pela nossa saúde mental

Depende de como cada um de nós constrói a própria rotina e agenda. Sem dúvida, tem menos risco de passar por transtornos quem estiver construindo uma rotina equilibrada, com uma grade horária de início e término das atividades profissionais e também com espaço na agenda para lazer e esportes, além de tempo para estar com as pessoas que são importantes para si.

Também podemos nos tornar mais atentos para entender se estamos trabalhando ou vivendo em um ambiente tóxico que, de alguma forma, pode estar nos fazendo mal. Se a realidade não está sendo agradável, vale sempre lembrar que existem diferentes oportunidades no mercado de trabalho e, por mais difícil que seja, muitas vezes, uma movimentação entre empresas pode agregar ganhos enormes para a saúde mental.

Os líderes também precisam de apoio

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Dentro desse contexto, também vejo muitos líderes tensos com o tema por terem identificado em suas equipes situações de pessoas que não estão bem no quesito de saúde mental e simplesmente não saberem como lidar com a situação. Se você é um deles, saiba que não está sozinho e deve buscar ajuda para resolver a questão e estimular o outro a buscar ajuda especializada.

A maioria de nós não é capacitada tecnicamente para ajudar o outro e a nós mesmos com questões relacionadas à saúde mental. E uma sugestão interessante que ouvi recentemente que achei útil é que o próprio líder passe por uma consulta com psicólogo ou psiquiatra para entender como agir diante do desconforto mental ou emocional de um membro de sua equipe e direcionar o membro da equipe para um tratamento adequado.

Felizmente, hoje, o tema está em discussão

O que é positivo nessa história é que, agora, podemos falar do tema. Até bem pouco tempo atrás, as pessoas escondiam sintomas relacionados à saúde mental por receio de como seriam interpretadas pelo líder ou colegas de trabalho. Agora eu vejo as organizações muito mais maduras para lidarem com a questão de forma bastante profissional e séria.

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É fundamental mapear a realidade interna

Para iniciar a abordagem do tema saúde mental, vejo que algumas empresas ainda estão perdidas. E uma boa medida pode ser rodar uma pesquisa interna para que as pessoas possam relatar de forma anônima se passaram ou estão passando por algum desconforto emocional.

Nesse processo, é bom estar preparado para encarar a realidade. Alguns líderes que conheço, após esse tipo de sondagem, se mostraram chocados pela quantidade de casos de problemas com saúde mental identificados na companhia. Foi um choque descobrir que eles desconheciam o problema em sua totalidade. Mas, a partir daí, é possível pensar em ações para ajudar gradualmente a melhorar o cenário.

Dados de pesquisa

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De um grupo de 572 brasileiros, 54% revelaram já ter sofrido algum tipo de transtorno mental. Do total, 40% afirmaram que os benefícios oferecidos pelas empresas não são suficientes para a manutenção de uma boa saúde mental. A pesquisa, conduzida pela parceria entre Talenses Group, Gympass, Wellz, Vitalk, Impulseup e o professor Paul Ferreira da FGV, em janeiro de 2022, revelou, ainda, que os fatores geradores de maior impacto negativo na saúde mental das pessoas são: sobrecarga de trabalho, pressão por resultados e metas, sentir que precisa estar disponível o tempo todo e a falta de reconhecimento.

Outro recorte interessante é que, apesar de a maioria das pessoas se sentir segura para falar sobre o tema de saúde mental, 14% dos respondentes ainda têm receio de se expressar com sinceridade nesse tipo de levantamento. Por isso é tão importante capacitar as lideranças sobre o tema de saúde mental. É fundamental que esses gestores saibam como abordar e incentivar o tema autocuidado, de forma gentil e humanizada, ajudando a criar um ambiente psicologicamente seguro, com abertura para que todos se sintam à vontade para falar sobre as próprias emoções e questões de saúde mental.

Outro ponto que chamou muito a minha atenção na pesquisa foi o dado que mostra que 71% dos colaboradores afirmam que suas empresas se preocupam mais com doenças de cunho físico do que mental. Uma outra parcela dos entrevistados, 63%, declararam não terem recebido o apoio da liderança quando diagnosticadas por algum transtorno de saúde mental.

A regra da máscara de oxigênio

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Mediei um webinar, que acabou gerando um eBook sobre o tema de saúde mental e felicidade no trabalho, junto com a Inês Hungerbühler, PhD e líder do corpo clínico do Wellz, e a Daniela Plesnik, diretora de Talent & Culture e Chief Happiness Officer da Deloitte. No bate-papo, a Inês Hungerbühler destacou uma prática importante e muitas vezes esquecida: “Em primeiro lugar, principalmente como líderes, precisamos colocar a máscara de oxigênio em nós mesmos. Porque, se nós não estamos bem, não conseguimos cuidar dos outros, de um time ou de uma empresa”. Ou seja, precisamos preparar nossa liderança para atingirmos os níveis de confiança e segurança psicológica em que, se houver situações de saúde mental, os colaboradores sintam que podem se manifestar.

Para isso acontecer, cabe ao RH a gestão cada vez mais estratégica do capital humano, a começar pela valorização de benefícios relacionados ao bem-estar, como parcerias com programas de saúde, folgas remuneradas, modelos de trabalho flexíveis e a revisão da cultura e do clima da empresa. A Dani Plasnik, mencionou no webinar que a Deloitte incorporou um cardápio de benefícios flexíveis, no qual o colaborador pode escolher aderir à gama de benefícios conforme sua realidade e necessidade, incluindo opções de benefícios focados em saúde mental e a iniciativa foi muito bem vista pelos colaboradores.

É mais do que necessário incorporar mudanças e fazer delas parte da rotina do escritório e das equipes de gestão. Com o cuidado genuíno das empresas com suas pessoas teremos ganhos claros de melhora de quadros de saúde mental e felicidade no trabalho.

É possível calcular o ROI da saúde mental, uma equação muito bem detalhada em um material da Vitalk. Nesse conteúdo, é possível observar que o Brasil é o segundo país do mundo com perdas ligadas à depressão no trabalho e que isso representa R$ 344 bilhões anuais. O impacto da saúde mental dos colaboradores na produtividade das empresas é estimado em perdas anuais de mais de 2,5 trilhões de dólares. Segundo a OMS, em quadros de depressão, 94% dos pacientes sofrem com problemas na atenção, na memória, na tomada de decisões e na capacidade de planejamento, impactando diretamente a produtividade.

E o setembro amarelo é sobre isso. E na sua empresa, qual é a maturidade das discussões sobre saúde metal?

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