Um processo seletivo tradicional costuma ter, pelo menos, duas etapas: uma com a área de Recursos Humanos da empresa; e outra diretamente com o gestor da posição. Mas isso varia bastante de uma companhia para outra. Alguns processos, dependendo do nível estratégico da posição ou da estrutura da empresa, entre outros fatores, podem ter mais de dez etapas.
Uma pergunta muito recorrente dos candidatos é: “Como se preparar para cada uma dessas etapas?”. Em geral, a dúvida gira em torno da necessidade ou não de se preparar de uma forma diferente para cada etapa.
Minha resposta é que cada etapa exige um tipo de preparação específica. Por isso compartilho algumas recomendações que podem te ajudar nessa preparação.
Não vá para a entrevista sem saber dados da empresa
De uma forma geral, seja para a conversa com o RH, com o gestor ou qualquer outro profissional da empresa, se dedique a um estudo macro da organização, do setor econômico no qual ela está inserida, dos produtos, do posicionamento da companhia no mercado e de sua visão, missão e valores. Busque informações sobre os principais líderes e a concorrência.
É o RH quem avalia o seu perfil comportamental com mais profundidade
A área de Recursos Humanos costuma ter uma ampla visão dos objetivos da empresa com relação aos perfis de profissionais que a organização precisa ter para alcançar seus objetivos de negócio e consolidar a cultura interna, inclusive com relação à diversidade e inovação. Por isso, na entrevista com o RH costuma-se validar a aderência do perfil comportamental do candidato com a cultura e os objetivos da empresa, o gestor e a equipe. Então, nessa fase, espere uma entrevista por competência.
Bons recrutadores estarão atentos a mentiras e inconsistências dos candidatos
Na entrevista com o RH, recomendo ser o mais verdadeiro possível. Não perca a oportunidade de demonstrar o seu grau de autoconhecimento, seus pontos fortes e de melhoria e o que te motiva a lutar pela vaga. Nesse bate-papo, salvo quando for explicitamente solicitado, não há necessidade em explorar com muitos detalhes o dia a dia das suas experiências profissionais anteriores. Em geral, o RH está mais interessado em fazer uma leitura de quem você é como pessoa e profissional e de que forma pode agregar valor ao negócio.
É o gestor da vaga que abordará prioritariamente o seu perfil técnico
Na etapa com o gestor da vaga, espere por uma entrevista mais técnica e focada nas necessidades da vaga. É ele quem vai tentar entender, por exemplo, se você já está pronto para fazer o que precisa ser feito, se é alguém com potencial, mas que precisa ser treinado ou se tem pouca ou nenhuma experiência na função. Quanto mais sênior for a posição, mais ela será vista pela organização como um investimento da companhia. Por isso é sempre importante encontrar formas de demonstrar que a sua contratação vale a pena.
Nessa fase, o gestor procurará sentir se há conexão entre ele e o candidato para ter uma noção de qual e como seria a longevidade da parceria. Costumo comparar essa relação como a de um casamento: as partes precisam se gostar para firmar o compromisso. E aqui, obviamente, quanto mais o candidato for espontâneo e verdadeiro maior serão as chances de ajudar o gestor a entender se essa afinidade realmente existe.
Seu comportamento será avaliado nas declarações mais simples
Não tente ser quem você não é. Evite ser artificial na entrevista com um discurso pré-moldado pois isso não traz segurança para quem está contratando. Lembre-se, também, de evitar falar mal de outras pessoas, ainda que sejam antigos empregadores ou pares de trabalho que não foram muito legais com você. Em geral, as pessoas tendem a evitar trabalhar com quem é negativo. Por fim, demonstre sua disposição para entrar e contribuir com o time, com motivação e positividade.
O comportamento é mais importante do que certificados e qualificações
Cada vez mais os aspectos comportamentais são mais valorizados em um processo seletivo, na comparação com as habilidades técnicas. É comum vermos, no início das entrevistas, o gestor fazer um ranking dos candidatos tendo como base o conhecimento e as experiências e, no final do processo, após a avaliação do comportamento, ver as posições totalmente invertidas. No geral, as empresas estão mais dispostas a ensinar um colaborador sobre um método, processo ou ferramenta do que convencê-lo, por exemplo, a ser uma pessoa mais colaborativa ou parceira do negócio.
Não estranhe se seu futuro par de trabalho participar das entrevistas
Dependendo da vaga, é comum que algum futuro colega de equipe participe de alguma etapa do processo seletivo. A ideia é que essa pessoa também tenha a oportunidade de validar o seu perfil. Essas etapas, em geral, são mais curtas, com entrevistas que duram, no máximo, 30 minutos. É possível que, nessa fase, você seja questionado um pouco mais sobre a sua experiência e seus posicionamentos diante de algumas situações. Você também terá mais acesso aos desafios da vaga e da área para a qual está concorrendo.
Tenha perguntas para quem está te entrevistando
Durante cada fase do processo, ouça as perguntas com atenção e procure responder de uma forma clara e objetiva, porém de uma forma completa. No final de cada etapa, quando tiver a oportunidade, faça perguntas sobre os pontos que não ficaram claros para você ou que acredita que poderiam ter sido abordados. Isso, além de te ajudar a esclarecer dúvidas e de tomar as melhores decisões, ainda vai transmitir ao recrutador seu interesse pela vaga. Lembre-se de que um processo seletivo é uma via dupla, a empresa está avaliando o candidato e o candidato deve também avaliar a companhia para decidir se a vaga faz sentido.
Antes de ir para cada bate-papo com o recrutador, procure estudar sobre o que dizer na entrevista de emprego. Procure entender, também, como se preparar para um teste comportamental no processo seletivo, algo muito praticado por um grande número de empresas.
No mais, acredito que o sucesso para um bom processo seletivo é o preparo do candidato e do entrevistador, aliado à transparência e a disposição das duas partes para que haja o perfeito alinhamento entre o profissional e a vaga em aberto. Afinal, cada passo na carreira e na história de uma organização é sempre uma estratégia muito valiosa, não é mesmo?
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