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Sócia da ScienceConsulting e professora do Insper nas disciplinas de Estratégia de Negócios, Pessoas e Liderança.
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Reflexões para vencer os paradoxos de 2022

Tendo em vista a crescente complexidade do mundo do trabalho, os generalistas levarão vantagem frente aos especialistas

Por Luciana Lima, colunista de Você RH
30 dez 2021, 13h47
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ão resta dúvidas sobre o quanto o ano de 2021 foi desafiador para todos nós. E quanto a 2022, em que medida será mais “administrável”? Pensando em diferentes cenários, por mais positivo que o próximo ano possa ser, ainda sim é razoável supor que ele nos exigirá algum esforço considerável.

Nesse sentido, fico me questionando sobre como podemos gerenciar melhor tal esforço de forma a estarmos mais alinhados aos nossos propósitos, mas também permanecermos alertas às demandas dos demais envolvidos nos desafios de 2022.

Apesar de sabermos que receitas prontas não fazem o menor sentido em um mundo tão complexo, deve existir algo que possa nos ajudar a enfrentar o próximo ano! Com isso em mente, comecei a “vasculhar” o que chamo carinhosamente de meu “pântano particular de sabedoria”. Ou seja, livros, artigos, sites, enfim, fontes – confiáveis – de conhecimento e dicas para soluções.

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Iniciei a busca a partir de uma constatação do ano de 2021: tem sido muito mais útil, significativo e eficiente praticar mais o “e” do que o “ou” na busca por soluções de problemas que, à primeira vista, parecem insolúveis. Aliás, os últimos anos parecem ter essa característica, os problemas parecem cada vez mais impossíveis de serem resolvidos. É como se nenhum problema fosse mais trivial ou esperado. E, talvez, esse seja o motivo pelo qual o “e” surta mais efeito do que o “ou”.

É certo que o “e”, diante do atendimento de ambas as partes envolvidas no problema, direciona para a soma, enquanto o “ou” para a exclusão de uma delas. E aqui cabe uma reflexão. Diante de uma situação a ser resolvida, a opção pelo “ou” parece nos proporcionar uma certa sensação de controle e tranquilidade, afinal, atendeu-se a uma das partes e a outra, lamentavelmente, terá que lidar com a negativa, e o assunto findou.

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Já quando se opta por “e”, a incerteza sentida pode ser bem maior, uma vez que ambos os lados envolvidos na situação terão seus interesses atendidos de forma limitada, ficando, parcialmente, satisfeitos e insatisfeitos, tornando a nossa vida bem mais inconstante. A despeito disso, essa decisão tende a promover resultados mais duradouros, dado que o contexto organizacional se constitui por diversas verdades que coexistem e, mesmo que contraditórias, também são inter-relacionadas.

Em termos práticos, é como a gestão dos conflitos geracionais. Quem tem melhor performance, o profissional cinquentão ou o júnior de vinte e poucos anos? Quem tem que ensinar o que para quem? Basta assistir ao filme Senhor Estagiário que você obterá a resposta: ambos são altamente competentes, dentro de suas próprias verdades, e um pode aprender com o outro. Não se trata de um “ou” outro, mas, sim, de um “e” outro! Paradoxos somente conseguem ser geridos dentro dessa perspectiva, por isso são tão desafiadores!

Dentre os desafios citados pela Forbes para 2022, chamo sua atenção para os seguintes paradoxos: resiliência operacional e sustentabilidade, robôs inteligentes e humanos, contratos de trabalho de curto e longo prazo, competição e cooperação.

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Além disso, o relatório Business Futures da Accenture descreve os sinais de mudanças mais importantes para os negócios e concretizam minhas preocupações. Afinal, como manter o propósito sustentado do negócio e migrar as decisões para as “pontas”, por exemplo? Como articular o paradoxo da gestão do mundo virtual e do real?

Minha sugestão reside no fortalecimento do pensamento generalista em contraposição do especialista no desenho das soluções. A especialidade tem o seu valor e sempre o terá, mas esse mundo de fazer convergir o que aparentemente diverge demanda uma visão ampla dos fatos alocados em diferentes domínios, para que se consiga conectar pontos, perspectivas e gerar vantagem disso.

A busca em meu “pântano particular de sabedoria” resultou no livro de David Epstein, Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas. Neste, ele discute o valor, as contribuições e os impactos da abordagem generalista nas mais diversas circunstâncias. Assim, compartilho com você alguns pontos relevantes para suas reflexões de ano novo:

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Tendo em vista a crescente complexidade do mundo do trabalho, as futuras soluções não serão oriundas, exclusivamente e prioritariamente, da “regra das 10 mil horas de experiência”, justamente porque esta reforça sua visão de especialista e trará o lado nem tão bom disso, ou seja, a visão de túnel, ou, se preferir uma terminologia mais técnica, o “entrincheiramento cognitivo”[1]. Este pode representar uma grande cilada para a resolução de problemas paradoxais.

Em essência, o que será necessário é o pensamento de amplitude e interdisciplinar, tendo em vista que os paradoxos costumam possuir forças e fraquezas opostas, o que torna o contexto bastante imprevisível e inconstante. Logo, as soluções demandarão grande capacidade de abstração.

A abstração faz parte do processo cognitivo, do nosso pensar. De forma simples, significa o quanto você consegue lidar com elementos de domínios diferentes, identificando similaridades e agrupando-os em novas classificações que suportarão as resoluções. Para isso, você precisará de uma considerável flexibilidade cognitiva, o oposto da especialização e do entrincheiramento. E, nesse momento, você deve estar me perguntando por onde começar a melhorar sua capacidade de abstração.

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Minha resposta para você é: comece pelo começo (sim, é isso que leu!), ou seja, por você, identificando as limitações que as suas verdades absolutas lhe impõem. Parte de abstrair depende da liberdade para pensar, sem julgamento, na busca por alternativas que conectam os elementos que aparentemente não fazem sentido algum, mas que, abstraindo, juntos, te ajudarão a superar os desafios de 2022.

Fica aqui, então, minha contribuição a você para o ano que se iniciará!


[1] Dane, E. (2010). Reconsidering the trade-off between expertise and flexibility: a cognitive entrenchment perspective. AMR 35, 579–603. doi: 10.5465/amr.35.4.zok579

 

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