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Pergunta de entrevista de emprego: como se sair bem em raciocínios lógicos

Candidatos se assustam com perguntas como "quantas bolas de tênis se movem agora?". A avaliação é mais sobre o raciocínio do que sobre a resposta numérica

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ RH
Atualizado em 12 abr 2021, 10h35 - Publicado em 9 abr 2021, 08h00

De tempos em tempos, alguém me aciona pedindo ajuda para entender alguma pergunta fora do comum que ouviu em um processo seletivo. Em geral, em casos como esse, o recrutador ou gestor não vai avaliar a sua resposta pela perspectiva de certo ou errado. Ele quer entender a sua capacidade de raciocinar para chegar a uma conclusão lógica do tema. É possível, também, que ele avalie o quão desconfortável você fica diante de um desafio inesperado.

Em processos seletivos de início de carreira, como nos programas de estágio ou trainee, muitas vezes, pela grande quantidade de candidatos à vaga, as empresas aplicam testes online ou presenciais de raciocínio lógico tradicionais. São aqueles testes de figuras que exigem interpretação do seu formato, de matemática ou de resolução de problemas. Algumas empresas grandes gostam de utilizar a nota do GMAT (Graduate Management Admission Test) para essa avaliação ou de algum outro método parecido.

Faça simulados

Quem nunca fez essa prova, vale a pena pesquisar para ter uma ideia do que se trata e, inclusive, fazer testes simulados, se for o caso. Bancos e consultorias grandes costumam aplicar o GMAT no processo seletivo. Há, ainda, a possibilidade de fazer simulados de testes de raciocínio lógico em diferentes sites. Acredito que pode ser um bom investimento de tempo fazer esses simulados gratuitos para melhorar a habilidade.

A complexidade do processo acompanha a senioridade do cargo

Testes como esses, porém, não são aplicados em todos os níveis hierárquicos. Quanto mais sênior for o cargo, menores são as chances de realização dessa avaliação. Em contrapartida, quanto mais próximo do topo da pirâmide você estiver, mais detalhadas e densas serão as rodadas de entrevista. E é nesses processos para vagas mais estratégicas que surgem as maiores dúvidas quanto ao que responder aos questionamentos, já que muitas respostas não são exatas e a leitura do aspecto comportamental do candidato também impactarão bastante no processo decisório.

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Um exemplo de pergunta intrigante e de resposta surpreendente

Em um processo seletivo que acompanhei, um gestor fez a seguinte pergunta aos candidatos: ”Quantas bolas de tênis existem em movimento nesse exato momento?”. Teve candidato que achou a pergunta tão inesperada e até fora de contexto que, simplesmente, declinou da vaga e decidiu não seguir no processo seletivo.

A melhor resposta, segundo o gestor, foi de um candidato que usou o seguinte raciocínio: “Eu não sei a resposta. Mas posso tentar montar uma linha de raciocínio mesmo que os números sejam estimados e não precisos?”. Diante da permissão, ele prosseguiu: “Eu não sei quantas pessoas existem no planeta nesse momento, então vou adotar o número sete bilhões. Desse total, vou considerar que apenas 1% das pessoas do mundo jogam tênis, ou seja, 70 milhões de pessoas. Também vou considerar que as pessoas estão distribuídas de forma igual no planeta: nesse momento, metade do planeta está no período da noite e na outra metade é dia. Então, eu diria que só metade desse número de pessoas poderia estar jogando tênis nesse momento, ou seja, 35 milhões.”

O candidato não parou por aí: “Mas como é um dia de semana e muitas pessoas estão trabalhando, estudando ou em outros afazeres, vou estimar que um percentual pequeno dessas pessoas está jogando tênis nesse momento: apenas 1% dessa população, ou seja, 350 mil pessoas. Vou considerar que para, de fato, ser um jogo de tênis é preciso ter uma dupla, ou seja, duas pessoas para cada bolinha que possa estar em movimento. Então teríamos por volta de 175 mil bolinhas em movimento no mundo nesse momento.”

Agora, vocês devem estar se perguntando: “Por que o gestor fez uma pergunta dessas em um processo seletivo?”. Eu mesma fiz essa pergunta a ele e ouvi a seguinte resposta: “A vaga é para um gestor de engenharia de desenvolvimentos de novos produtos. Nessa área, frequentemente surgem centenas de problemas ao longo dos desenvolvimentos dos projetos. Nem sempre existe uma solução imediata para esses desafios. Eu preciso ter à frente da equipe um gestor capaz de, ao menos, estimular o time a raciocinar. Por isso, preciso de alguém que demonstre não se intimidar diante de algo desconhecido ou inesperado, além de demonstrar calma para tentar achar caminhos para as resoluções dos problemas”.

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É claro que existiriam outras formas desse gestor mensurar essas características que procurava no candidato. Mas ele optou por fazer uma pergunta que tirasse os profissionais da zona de conforto e ficou feliz com a resposta que recebeu. Tanto é que o dono do raciocínio sobre as bolinhas de tênis foi contratado. Já faz algum tempo que essa história aconteceu e o candidato escolhido está na empresa até hoje, já tendo passado por duas promoções.

No lugar de “chutar” uma resposta, apresente uma estimativa

É difícil julgar o método que um gestor utiliza para escolher um profissional. Às vezes, a ideia sobre o que perguntar surge na cabeça de quem entrevista de uma hora para outra. Então, se você se vir nessa situação, em vez de entrar em pânico ou ser reativo, respire e tente criar uma linha de raciocínio para estimar uma resposta. Aliás, a palavra “estimar”, que vem de estimativa, é algo que eu aprendi durante o curso de engenharia. Estimar é diferente de chutar. É dar o seu palpite com base em um raciocínio lógico.

Considerando essa mesma linha de raciocínio, existirão inúmeras possibilidades de perguntas que, em um primeiro momento, poderão parecer meio sem sentido. Mas, no final, podem revelar a forma de um candidato agir sob pressão, lidando com algo inesperado, fora da sua zona de conforto.

Resolução de problemas reais também tem feito parte dos processos

Uma outra forma bastante típica e usual em processos seletivos são perguntas sobre estratégias da empresa. Durante o processo seletivo, o gestor da vaga expõe um problema real da companhia, que pode ser atual ou passado. Então, ele pede para o candidato dizer o que ele faria naquela situação ou como ele resolveria aquele desafio.

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Muitas vezes, o gestor não tem uma resposta do que é o certo. Ele está, naquele momento, realmente com o problema em mãos e quer entender a forma de pensar de alguém que ele considera contratar. Em alguns casos, esse momento da conversa pode ser decisivo para a contratação. É uma oportunidade de entender se a pessoa se arrisca ou é mais prudente, se a visão do profissional resolve o problema no curto, médio ou longo prazo.

Estudos de caso são frequentes

Uma situação que tem sido corriqueira também são as aplicações de estudos de casos. São situações em que os candidatos recebem o problema previamente, com algum contexto explicativo. Então, a eles é dado alguns dias para enviar o estudo de caso preenchido. Na sequência, agenda-se uma reunião com o gestor ou mais de um tomador de decisão da empresa para que o candidato apresente o material final.

Essas são situações bastante comuns em processos seletivos de algumas empresas para cargos de gerência e diretoria. Aqui, algumas coisas que serão avaliadas estão relacionadas ao preparo do candidato, conhecimento do conteúdo apresentado, postura durante a reunião, estrutura dos slides, desenvoltura na apresentação e reação diante das perguntas. É importante lembrar que, raramente, temos um único candidato. Geralmente, os processos reúnem, pelo menos, dois profissionais nessa etapa. Então, é fácil para os gestores compararem o grau de preparo dos profissionais.

Recomendação às empresas

Já ouvi alguns candidatos reclamarem que acharam que o investimento de tempo no processo seletivo não compensou, já que não foram selecionados. Alguns alegam que a empresa queria apenas se beneficiar de uma “consultoria gratuita” do candidato ao aplicar essa etapa. Por isso as empresas precisam ter bastante cuidado e bom senso se forem aplicar um estudo de caso para não ser algo muito desgastante.

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É importante que seja um projeto rápido de ser apresentado. Os formatos mais eficientes e usuais são aqueles em que o candidato é convidado a resolver uma ou duas perguntas sobre determinado contexto e que a apresentação seja algo breve, entre 15 e 20 minutos, no máximo. Após essa apresentação, os gestores podem explicar mais sobre o cargo, o que esperam do profissional e quais são os desafios do dia a dia. E, no final da conversa, dar oportunidade para que o candidato esclareça dúvidas.

Estudos de caso são sempre uma vitrine para o profissional

Já vi processos seletivos que os candidatos foram tão bem nos estudos de caso, que a empresa criou outras vagas para absorver todos os profissionais que se destacaram nessa etapa. Mesmo para os que ficam em segundo lugar nesse tipo de processo, existe sempre a possibilidade de ser lembrado pelos gestores para uma nova oportunidade.

Para finalizar, a principal dica que eu posso dar a você que está prestes a participar de um processo seletivo com etapa de raciocínio lógico ou perguntas estratégicas é: não entre em pânico. O foco e a concentração são fundamentais nessa etapa.

Siga seu instinto de tentar chegar a uma resposta mesmo sem ter a menor ideia de qual seria a resolução certa. Demonstrar tranquilidade e abertura para pensar em algo inusitado irá te ajudar.

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Nessas horas uma pitada de criatividade sem a preocupação de ser perfeito ou mal interpretado pode ajudar a ganhar a vaga.

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(VOCÊ RH/Divulgação)

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