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Edwiges Parra

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Psicóloga e professora de educação executiva da FGV, especialista em saúde mental corporativa e dependências tecnológicas
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Nomofobia no trabalho: como equilibrar saúde mental e uso do celular

Confira 5 dicas para tornar o ambiente organizacional menos nocivo com o uso de tecnologias

Por Edwiges Parra
Atualizado em 11 Maio 2022, 14h47 - Publicado em 11 Maio 2022, 06h16
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    uso de tecnologias no ambiente de trabalho era uma crescente e se intensificou nos últimos anos, com a pandemia e a necessidade de isolamento social. Com mais pessoas em casa, empresas adaptaram suas demandas e optaram pelo trabalho remoto, precisando utilizar ferramentas ágeis e eficientes para manter a comunicação com seus colaboradores e continuar entregando qualidade em serviços e produtos.

    Com a internet disponível em cada aparelho de telefonia e computador, o uso de aplicativos de mensagens instantâneas, assim como redes sociais e e-mails, está ao alcance de quase todos e mais presente no dia a dia, facilitando o acesso e disseminação de informações, assim como a resolução de problemas. Mas, o que tenho observado no consultório é que mesmo com tantos benefícios, desvantagens andam ao lado das tecnologias também, como o desenvolvimento da sensação de que é preciso estar sempre disponível, e, no ambiente organizacional, responder chamados instantaneamente, evoluindo até para um padrão workaholic.

    O que precisamos entender é que a necessidade de estar sempre conectado e até mesmo dependente do celular pode ter sido incentivada pela pandemia, que elevou taxas de desemprego. O aparelho se tornou alternativa para geração ou complemento de renda e até para manutenção dos empregos já existentes, fazendo com que as pessoas demonstrem proatividade e disponibilidade integral às corporações.

    Um levantamento do Instituto Locomotiva, realizado em 2021, revelou que 32,4 milhões de brasileiros utilizam algum tipo de aplicativo para trabalhar. Para 16%, essa é a única fonte de renda e para outros 15% é metade do orçamento. Sendo assim, podemos identificar que o celular também é responsável pela estabilidade financeira de muitos trabalhadores, mas também está além, proporcionando às pessoas acesso ao mundo, aos amigos e familiares em um período que nos exigiu estar sozinhos. O quanto o uso dessa tecnologia se tornou abusivo, não só no âmbito clínico, social, mental, cognitivo, comportamental e nas relações do trabalho é motivo de alerta e atenção.

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    De acordo com o Observatório Febraban, 87% da população brasileira afirma que não viveria sem internet. Esse fenômeno, apesar de pouco estudado, tem nome: nomofobia. O termo surgiu na Inglaterra e é a síntese da expressão no-mobile (sem celular) e da palavra fobos (medo/fobia em grego), ou seja, o medo de ficar longe ou impossibilitado de se comunicar por meios virtuais, celular, computador ou internet.

    Antes de falarmos sobre a nomofobia, vale ressaltar as diferenças entre ansiedade, fobia e medo. Quando falamos sobre ansiedade, compreendemos que é uma ação fisiológica do corpo que se prepara para fugir ou lutar diante de uma situação, podendo provocar tremores, angústia, taquicardia e outras reações. O medo está relacionado à interpretação de uma situação perigosa, podendo ser acompanhado de ansiedade ou não. Já a fobia é um medo desproporcional, muitas vezes considerado irracional e que pode atrapalhar o cotidiano, prejudicando a qualidade de vida.

    Quando há uso desproporcional das tecnologias, principalmente no ambiente organizacional que incorpora em suas atividades cotidianas a utilização do celular, os impactos podem afetar a saúde mental, desencadeando compulsão, vício, Burnout, pânico, ansiedade, entre outros. A maior rapidez na comunicação e a facilidade de solucionar problemas é indiscutível, porém, em contrapartida, a internet pode gerar a necessidade responsiva de dar conta de todas as demandas e e-mails, ter velocidade nas respostas, afetando também a produtividade e rotina do colaborador, que se sente “preso” ao celular, o que vem sendo notado em diferentes profissões e gerações.

    A nomofobia pode estar associada também aos aspectos econômicos do mundo do trabalho, como a digitalização dos negócios e as mudanças no estilo das pessoas, que optam por fazer tudo pelo celular. No ambiente organizacional, alguns possíveis sintomas de comportamento do colaborador devem levantar sinais de atenção para líderes e gestores, entre eles:

    Comentários sobre insônia, dificuldade de foco, concentração, impacto na produtividade, ganho de peso e isolamento social também podem gerar alerta, desde que se tornem um padrão ou algo recorrente, por duas semanas ou mais.

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    Visando proporcionar melhoria na saúde mental e o uso adequado das tecnologias, é importante que empresas pensem em maneiras de melhorar o relacionamento de seus colaboradores com a utilização de celulares e computadores. Muitas delas são fáceis e podem ser inseridas em processos já existentes.

    5 dicas melhorar o relacionamento entre colaborador e tecnologia:

    1. Estudar a necessidade de limitar horas de acesso, principalmente em aplicativos de mensagens instantâneas, redes sociais e internet. As empresas podem criar relatórios de controle para averiguar se há excessos.
    2. Políticas com diretrizes claras sobre o uso adequado e saudável da tecnologia.
    3. Campanhas de endomarkenting sobre saúde mental, que envolvam vídeos com instruções sobre esse tema.
    4. Rodas de conversa para falar sobre dependências tecnológicas, investindo em psicoeducação.
    5. Inclusão dessa pauta em reuniões das lideranças com suas equipes.

    A ideia é trazer equilíbrio entre trabalho e saúde mental, tornando o ambiente organizacional menos nocivo ao uso excessivo de exposição a telas de celulares, computadores e tabletes. Tornando-se um espaço de promoção a saúde e bem-estar físico e mental.

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