4 insights da maior feira de inovação do mundo
Focado em criatividade, inovação, música e entretenimento, evento em Austin, no Texas, inspira boas práticas de gestão de pessoas
Por que todo profissional de RH deveria ir para o South by Southwest — Parte 1
Como citei em um dos meus últimos artigos, estive em Austin (Texas/EUA) em março, no evento South by Southwest. Apesar de já ter abordado o tema, com o passar do tempo pude contextualizar alguns pontos que acho muito relevantes trazer para essa coluna em um novo recorte. A primeira coisa é que todo profissional de gestão de pessoas deveria, em algum momento da vida, ir ao SXSW. Não se ouve falar especificamente de RH por lá, mas a bagagem que esses profissionais conseguem adquirir em um festival dessa magnitude é algo imensurável.
Falar a língua do ano que vem
Estamos falando de um evento que é sobre o amanhã. Muito focado em criatividade, inovação, música e entretenimento. Mas, muito mais do que isso, é um evento que se propõe a falar do futuro. E esse é um desafio de todos os C-Levels: tentar antecipar o futuro. No fundo, a alta liderança faz apostas e, ao final do dia, conhece quais estão certas ou erradas. São apostas que traçam os caminhos do crescimento, os grandes desafios que a organização vai enfrentar e as possíveis soluções. É quase como se antecipar ao diálogo do que ainda vai existir, para ter mais propriedade a respeito do assunto. Aqui vão quatro insights da maior feira de inovação e criatividade do mundo:
1. Ecossistemas e plataformas
Em muitos, senão em todos os eventos, empresas vêm falando constantemente sobre ecossistemas e plataformas. O desafio é: como fazer a cultura das organizações acontecerem dentro de ecossistemas e plataformas? Que tipos de agentes estão neles? Então, um aprendizado muito interessante que trouxe do SXSW é que não podemos ter a resposta exata de como construir um ecossistema. É justamente o contrário. Temos que usar os insights dessa construção para implementar cada ecossistema de acordo com cada empresa.
Então surgem inspirações brilhantes que vêm a partir de lugares muito inusitados, como a biologia. A natureza dá exemplos muito claros de como as coisas se conectam, de como acontecem as formações de ecossistemas e plataformas de forma orgânica. Logo, é impossível desenvolver um trabalho que não seja feito com muitas cabeças, com visões diferentes, pois estamos vivendo em um mundo cada vez mais plural. Ao falar de ecossistema e pluralidade, estamos falando em deixar de sermos protagonistas para sermos agentes de um todo.
2. Great minds don’t think alike
Frases clichês vão se ressignificando conforme o tempo passa. Então, lá atrás, quando se falava “Great minds think alike”, talvez soasse uma coisa boa. Hoje é o contrário: great minds DON’T think alike! Pois o que descobrimos é que precisamos colocar toda a organização num processo de honestidade e humildade intelectual para trazer à mesa os agentes necessários para solucionar problemas.
E isso está muito ligado às plataformas, pois elas muitas vezes já possuem as respostas de quem você deve trazer à mesa, de maneira clara, dentro de seu próprio ecossistema e cadeia de valor. Mas também é preciso se conectar com quem vai ajudar a construir essa cadeia de valor do futuro e quem pode trazer visões completamente distintas daquilo que pensamos.
Os melhores painéis a que eu assisti — alguns chegaram a se tornar completamente tensos — traziam pessoas muito diferentes falando sobre o mesmo tema. Isso é algo extremamente enriquecedor. Afinal, não existe verdade absoluta, mas pontos de vista que alimentam um debate e resultam em um apanhado de informações. E você pode usar somente aquelas que façam sentido.
3. Vidas longas, empregos curtos?
Durante o SXSW, o ambiente corporativo foi muito comparado ao casamento. Afinal, em muitos casos, senão na maioria, passamos muito mais tempo com nossos colegas de trabalho do que com nossa família. Em um estudo recente, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, sugerem que a expectativa de vida dos seres humanos pode alcançar os 130 anos, em casos raros, até o final deste século.
Muito do questionamento gira em torno de “como ficar casado durante esse tempo todo com uma mesma pessoa?” E essa é a mesma realidade que as empresas enfrentam. Como encarar relações de trabalho tão longevas? E isso em um cenário em que cada vez mais as empresas têm sentido dificuldade em atrair e reter novos talentos, além de também perderem os seus. Nos Estados Unidos houve uma debandada de emprego que chancela essa nova realidade.
4. Dados, dados e mais dados
Em alguns painéis dos quais participei, ouvi falar muito sobre dados e como é imenso o volume que os funcionários estão dispostos a passar às organizações. Essas informações não servem apenas para conhecimento operacional da empresa, mas, principalmente, para conhecimento emocional (como estou me relacionando) e aspiracional (como a minha empresa ajuda a inspirar outras empresas e pessoas). Algo completamente rico para a gestão de pessoas.
Hoje em dia podemos trazer diversas formas de inteligência de dados para as empresas, que podem ser coletados diariamente, inclusive a partir de iniciativas que os próprios colaboradores trazem, para que tenham informação suficiente que possam se tornar gatilhos para as mudanças que as empresas precisam e que os próprios funcionários almejam. E então, a partir de um pensamento coletivo da liderança, torna-se possível entender se essas mudanças fazem ou não sentido para aquilo que a organização quer ser e para a direção que quer seguir.
Para não tornar esta uma leitura muito extensa, por hora encerro a primeira parte do artigo e no próximo darei continuidade aos pontos que me fazem acreditar que todo profissional de gestão de pessoas precisa ir em algum momento ao South by Southwest. Até lá!
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